terça-feira, 15 de setembro de 2009

Violência contra crianças assusta na África do Sul


*Artigo na língua original, extraído do Portal Net Madeira

A África do Sul confronta-se presentemente com um problema social que já assume contornos de tragédia nacional, afectando todos os estratos da população: o abuso sexual de crianças. Em cada três minutos, uma criança é violada e anualmente mais de 50 mil crianças são atacadas das formas mais diversas.
Às autoridades apenas são participados 21.900 casos de violação sexual de crianças e destes só nove por cento são levados aos tribunais e o abusador é punido. Mas estima-se que mais de 170 mil casos não são participados à polícia, de acordo com Mariana Kriel, da organização Solidarity Helping Hand. Uma das razões para o ocultar deste fenómeno poderá ser o receio da vítima e da respectiva família em expor-se à desonra do acto.
Este tipo de crime específico regista um crescimento constante, motivo suficiente para preocupação. O discurso político, sobretudo na era Mbeki, contribuiu para o agravamento deste problema, uma vez que as unidades de protecção a menores começaram a ser desmanteladas em 2002 e os seus investigadores colocados em esquadras de polícia normais. As estatísticas revelam que em 2008 foram participados às autoridades 1.410 casos de crianças assassinadas, um aumento de 22,4% em relação ao ano anterior, e que 45% dos crimes de estupro são praticados em crianças.
O país aguarda, impacientemente, pela reactivação das unidades de investigação especializadas que foram desmanteladas em 2002. A sua substituição por unidades de Violência Familiar, Protecção a Crianças e Ofensas Sexuais foi considerada por especialistas como uma má opção. Esta decisão provocou uma reacção por parte dos grupos de advogados dos direitos das crianças, que denunciaram a redução dos esforços da polícia no combate aos crimes contra menores. Fikile Mbalula, vice-ministro da polícia, disse recentemente que o novo executivo de Jacob Zuma está a considerar a reintrodução das unidades especializadas de Protecção Infantil.

Acreditam que violar cura a SIDA

Para o agravamento da violência contra menores na África do Sul terá contribuído bastante a influência nefasta de gangues de traficantes de droga, assim como factores inerentes à pornografia e ao tráfico infantil. Por outro lado, tornou-se quase pandémica a ideia irrealista de que a prática de sexo com uma criança virgem cura a SIDA. Segundo crenças populares, quanto mais jovem for a virgem, maior a potência da cura, o que amplia a situação trágica que se regista na África do Sul.
O abuso de crianças do sexo masculino é cometido na maioria dos casos por homens de meia idade, que inclusivamente têm o desplante de anunciar lugares para encontros. Infelizmente, nenhuma comunidade está imune a esta tragédia social, nem como vítimas nem como criminosos, e a população lusodescendente não constitui excepção. O madeirense João Canha foi condenado a pena de prisão pela violação de sete menores e Dina Rodrigues (foto acima), luso-descendente com raízes na Madeira, foi condenada a prisão perpétua por ter encomendado a morte da bebé Jordan. Ambos estão a cumprir as respectivas penas na prisão.

Fonte: Diário de Notícias

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