sábado, 19 de novembro de 2011

Blitz antiálcool para menores aplica primeira multa em SP


Bar na Rua Augusta foi multado em R$ 2,6 mil
Geladeira para clientes mantinha bebida alcoólica junto a refrigerantes.


A blitz contra a venda de bebida alcoólica a menores e a presença de menores bebendo aplicou a primeira multa a um estabelecimento comercial em São Paulo à 1h30 deste sábado (19).

Um bar da Rua Augusta, região central da capital, foi autuado pela Vigilância Sanitária do Estado por misturar em uma geladeira que fica à disposição dos clientes garrafas e latas de bebidas alcoólicas com refrigerantes, sucos e águas. Segundo a nova lei, é obrigatório manter os produtos alcoólicos em locais separados dos não alcoólicos.

A dona do estabelecimento, Risalva Silva Cruz, disse que não tinha conhecimento total das novas regras. "Eu soube que a bebida alcoólica pode estar na geladeira com o refrigerante, mas que nenhum cliente poderia abrir a geladeira, e sim a gente ir até a geladeira e tirar a bebida", disse. O valor da multa aplicada, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, é de R$ 2,6 mil.

Um balanço sobre a blitz ao longo da madrugada em todo o estado deve ser divulgado até o final da tarde deste sábado.

O governador Geraldo Alckmin esteve na região da Rua Augusta momentos antes do início das fiscalizações. Para ele, a adesão dos comercianter será rápida e o foco é prevenir um problema de saúde pública no estado. "Eu acho que rapidamente os comerciantes vão ficar atentos. O objetivo da lei representa menos acidentes, menos perdas de vidas, e isso vai expor menos os jovem a outras drogas, ao risco de dependência química", afirmou.

O jovem João Francisco Furtado Martins, de 25 anos, foi abordado pelos agentes dentro de um dos bares e disse que aprova a iniciativa. "Não me incomoda mostrar o RG. Se é preciso fazer isso para coibir o que é errado, então não tem problema. É importante a fiscalização, porque lei só é lei quando a fiscalização existe".

Comerciantes alertas
O estabelecimento que descumprir a lei e for autuado duas vezes tem que fechar as portas por 15 dias. Na terceira vez, a punição é maior: não pode funcionar por 30 dias. Na quarta, o local será fechado e o dono perderá a licença. As multas vão de R$ 1.745 a R$ 87.250.

Para José Edmilson da Silva, funcionário do primeiro estabelecimento vistoriado, também será preciso ficar mais atento aos clientes. "Existem menores que só de você olhar parece que já é maior, então nós pedimos mais frequentemente o RG. Algumas pessoas já chegam aqui com bebida, e essa pessoa pode ser menor. Então a gente também tem que se adaptar a isso".

A nova lei também já causou mudança no comportamento de alguns comércios. Preocupado com o bem-estar dos clientes, o dono de uma pizzaria treinou seus funcionários para agirem corretamente durante uma eventual abordagem para solicitar a identidade.

"Eu pedi para que os garçons passassem os casos para o gerente ou para mim, para que não haja uma abordagem equivocada e para o cliente não ficar chateado por pedir o documento", disse Fernando Leite de Mendonça.

Agentes fiscalizadores
A lei já existia e era proibido vender bebida para um menor de idade. A diferença é que ela ficou mais rigorosa. Por exemplo: se um menor comprar ou consumir bebida alcoólica em um estabelecimento, mesmo que ela tenha sido comprada por um adulto, o proprietário do lugar será responsabilizado.

Cerca de 200 fiscais participaram das blitzes na região metropolitana de São Paulo. Outros 300 agentes também vistoriaram estabelecimentos em todo o Estado. O objetivo do governo é treinar mais 4 mil fiscais durante o ano que vem.

Até sexta-feira (18), o trabalho era de orientação. Os agentes explicaram o que podia e o que não podia no comércio de bebidas alcoólicas. Entre os estabelecimentos estão os bares, restaurantes, postos de gasolina, padarias e supermercado.

Denúncias
Quem souber de algum lugar que venda ou permita o consumo de bebida alcoólica por menores pode ligar no: 0800 771 3541. Em breve, o Governo irá disponibilizar o link para a denúncia online. Veja outras informações sobre a nova lei.


G1

ILUSÕES DO AMANHÃ poema de alexandre lemos (aluno da APAE)


’Por que eu vivo procurando um motivo de viver, se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você .
Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar, me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr. Eu vou me achar pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito? Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão, juntando pedaços de mim que caíam ao chão, juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito, e crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador…
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.’

PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos – APAE) Este poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade,de excepcional. Excepcional é a sua sensibilidade!
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15 e peço que divulguem para prestigiá-lo. Se uma pessoa assim acredita tanto, porque as que se dizem normais não acreditam?

PALAVRAS, TODAS PALAVRAS

Brasil vai fabricar equipamento que detecta HIV com apenas uma gota de sangue


Rubéola, sífilis, toxoplasmose e hepatite B também poderão ser diagnosticadas com o novo aparelho

O Brasil vai produzir e utilizar na rede pública um aparelho para teste rápido de HIV, rubéola, sífilis, toxoplasmose e hepatite B em gestantes com apenas uma gota de sangue. O acordo para fabricação do equipamento foi assinado ontem entre o Instituto Carlos Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Paraná, e a empresa de equipamentos médicos e hospitalares Lifemed.

Criado pela Universidade Federal do Paraná, o kit, que inclui o aparelho e os materiais necessários aos exames, pode diagnosticar as doenças em até 30 minutos. Atualmente, o resultado dos exames leva semanas para ficar pronto. Por ser portátil, o equipamento pode ser levado a áreas de difícil acesso, à periferia das grandes cidades e à zona rural.

O kit nacional chegará ao Sistema Único de Saúde (SUS) somente em 2014. Com ele, o Ministério da Saúde espera, entre outros objetivos, reduzir a taxa de prevalência das doenças entre grávidas a partir do diagnóstico rápido e precoce no pré-natal, uma das metas do Programa Rede Cegonha, lançado este ano pela presidenta Dilma Rousseff. A cada ano são registrados, por exemplo, 19 mil casos de sífilis congênita no país.

— Esse equipamento, com o tempo, pode incorporar o diagnóstico de outras doenças infecciosas e podemos ampliar (o uso) não somente para o pré-natal, mas para toda a rede básica — disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o aparelho tem potencial para diagnosticar cem tipos diferentes de doenças. Cada kit pode ser usado por até cem pacientes.

O ministério irá gastar cerca de R$ 950 milhões com a compra gradual das unidades no período de cinco anos. A economia para os cofres públicos é estimada em R$ 177 milhões de reais com a redução de importações e outros custos. Em 2014, serão comprados 2 milhões de kits. Em 2019, o montante será elevado para 10 milhões de unidades. De acordo com Padilha, em cinco anos, os kits nacionais serão suficientes para abastecer a rede pública em todo o país. Cada kit vai custar R$ 30,40 no primeiro lote de compras, em 2014. Com o aumento das encomendas, o preço de cada equipamento deve cair para R$ 21,50 em 2019, segundo estimativa do próprio governo.

bem-estar

Ex-ator de Malhação é preso acusado de agredir ex-esposa


Rio - O ator Charles Paraventi, de 42 anos, foi preso na noite desta sexta-feira acusado de agredir a ex-esposa, a promotora de eventos Maiara Carla Leite, 26. Ex-integrante do elenco de Malhação, ele foi encaminhado para a 5ª DP (Mem de Sá) e autuado na Lei Maria da Penha, por lesão corporal e injúria.

Charles e a ex-esposa moram juntos em um apartamento do ator em Ipanema, mas, já estariam separados.
Nesta sexta-feira, durante uma discussão, ele agrediu física e verbalmente a mulher. Segundo Naiara, o ator estaria sob efeito de drogas. Ainda de acordo com a promotora, eles namoram há quatro anos e a briga teria ocorrido por causa de dinheiro. O ator tem um filha de oito anos.

A fiança foi estipulada em R$ 8 mil, mas como o ator não tinha o dinheiro, continuará preso. Naiara tinha apenas R$ 600 e saiu chorando da delegacia ao saber do valor estipulado. Segundo o delegado, o valor é fixado levando em conta o tipo de lesão causada na vítima e a condição financeira, o nível de periculosidade e a vida pregressa do agressor. Este último teve peso maior na determinação da fiança.

Na delegacia foi feito exame de corpo de delito e o delegado de plantão já tem em mãos laudo prévio de lesão corporal.

Em 2006, Paraventi foi preso na Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, onde estaria comprando drogas. De acordo com o relato dos policias que prenderam o ator, Paraventi ofereceu a eles R$ 20 mil e o carro que usava para ir à favela, uma Parati, para não ser preso.

Atualmente, Chales é protagonista do elenco da peça "Os capangas", que está em cartaz no Norte Shopping, no Cachambi, Zona Norte do Rio. Ele não compareceu a apresentação desta sesta-feira. Ainda de acordo com Naiara, desde 2006, quando foi preso, ele não conseguia emprego, fazendo pontas em programas e dando aulas particulares de inglês.

Charles Paraventi autou no filme Chamas da Vingança, em 2004, protagonizado por Denzel Washington. No Brasil, ele atuou em A Ostra e o Vento (1997) e Cidade de Deus (2002), e nos infantis Tainá, Uma Aventura na Amazônia (2001) e Didi Quer Ser Criança (2004).

Reportagem de Ricardo Albuquerque e Marcello Victor

O DIA ONLINE

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Nova York: casa na árvore para driblar crise econômica


NOVA YORK – “Eu acho que todo mundo tem esse lugar especial na cabeça – uma nostalgia primitiva- por uma casa na árvore”, disse a designer Alexandra Meyn, bem confortável em seu refúgio construído no quintal de seu apartamento térreo no Brooklyn. “Os olhos das pessoas brilham quando você conta que tem uma casa na árvore”.

Presa a uma sólida amoreira, a morada de Meyn remete a infância. O interior é coberto por uma colagem de páginas de revistas de moda; um cabo de eletricidade vem direto do quarto e alimenta as lâmpadas instaladas em um fio e um toca-discos. Há ainda morcegos cor-de-rosa na parede, e janelas penduradas como brincos. Quando terminou a casa, há quase dois meses, Meyn convidou os amigos para uma festa a fantasia.

- É divertido subir aqui com as pessoas e conversar, conversar e conversar -, diz.

Mas a construção também reflete realidades adultas, como o desejo de Meyn por um abrigo em torno do bairro onde vive. E o motivo que a levou a empregar energia criativa em uma estrutura tão quixotesca foi apenas um: desde que se formou em design de interiores no Instituto Pratt, em maio deste ano, Meyn não conseguiu encontrar um estágio ou trabalho.

- Decidi criar o meu próprio -, diz Meyen, 33, que parece determinada a permanecer otimista mesmo enquanto envia currículos para o espaço.

Orçamento de US$ 400

Ao construir a casa na árvore, a moradora do Brooklyn pensou que poderia aprender algumas habilidades práticas do design, o que, de fato, aconteceu. Trabalhando com um orçamento de US$ 400, ela aprendeu a encontrar materiais mais baratos. Portas e janelas foram achadas no lixo; tábuas para o piso, tinta e outros itens foram comprados na Build It Green (Construção Verde), uma organização sem fins lucrativos localizada no Queens que comercializa material de construção bem abaixo do preço.

Meyn também aprendeu a equilibrar um projeto ambicioso com a realidade, o que resultou em uma casa na árvore de 5 m de altura, instalada em uma robusta plataforma elevada em vez de suspensa do tronco da árvore, como ela inicialmente planejou.

- A casa parece um pouco com um bloco. Mas como é minha primeira, preferi colocar a segurança em primeiro lugar - explica.

Houve outras lições a respeito de assuntos mais complicados, como lidar com imposições para obter permissão da prefeitura para construir (fazer a casa na árvore pequena o suficiente para que se qualifique como um espaço de recreação) e como assegurar sua privacidade quando dorme na casa nas noites de verão.

Quanto a escalar uma equipe de trabalho, Meyn descobriu outra verdade:

- É difícil para as pessoas recusarem quando você diz que está construindo uma casa na árvore.

Meyn teve a ideia de construir a casa na árvore há cerca de um ano e meio. Com a ajuda de websites e da leitura de um livro, em outubro de 2010 já tinha a estrutura e a cobertura prontas. Entre junho e setembro de 2011, ela terminou os detalhes: a colagem aplicada nas paredes, o nicho que guarda um pequeno altar, o conserto da dobradiça da porta-balcão, que agora abre para fora, e não para dentro.

A estrutura, um misto de madeira e metal, não esconde sua rusticidade; as superfícies são ora lustrosas, ora ásperas; há elementos refinados e boêmios. É um estilo que reflete a personalidade de Meyn, que é de Nova Orleans.

-Existe uma estética rústica e original em Nova Orleans, com um tempero que só é possível nos climas quentes - diz Jason Holmes, amigo e carpinteiro que colaborou na construção.

A casa da árvore de Meyn também provou ser robusta ao resistir ao tornado que atingiu Nova York, em dezembro do ano passado. Mais recentemente, a proprietária aplicou sistemas impermeabilizantes para poder usar o espaço de 3,7 m³ como estúdio de pintura.

-É uma questão de orgulho. Uma coisa é ter uma casa na árvore; outra é ter um espaço protegido dos elementos - diz ela.

Por hora, Meyn continua a procurar um trabalho que lhe permita planejar projetos maiores. Mas, enquanto espera, ela diz:

_Ter a casa na árvore ajuda muito.

O Globo

Teste de glicemia com lágrimas em vez de sangue



Novo aparelho vai medir os níveis de glicose dos diabéticos com método indolor

Uma, duas e até dez picadas por dia. Para medir o nível de glicemia no sangue, os diabéticos tinham apenas uma opção: furar a ponta do dedo ou outras partes do corpo para tirar um pouco de sangue. Para amenizar tamanho sofrimento, engenheiros e médicos americanos, da Universidade de Michigan, estão estudando um novo modelo indolor de teste de glicemia que use lágrimas em vez de sangue. Para fazer a medição, segundo os cientistas, será preciso apenas encostar o sensor do aparelho no olho por cinco segundos e conferir o resultado.

O estudo, realizado por enquanto em coelhos, mostra que os níveis de glicose que aparecem no sangue são semelhantes aos das lágrimas. O desafio dos pesquisadores é criar uma máquina com um sensor que funcione com pouca quantidade de fluídos, além de outras complicações como um sistema que não machuque o olho e a evaporação do líquido. Ainda que os resultados do estudo tenham sido animadores, os cientistas precisam testar se os níveis de glicose do sangue e das lágrimas também são equivalentes em humanos.

O diabetes tipo 1, que ocorre em geral na infância e na adolescência, é uma doença autoimune de fundo genético, mas também modulada por fatores ambientais, como viroses e poluentes. Segundo Cristina, existem teorias que sugerem que o desmame precoce (e a inclusão dos leites industrializados na dieta dos bebês) também pode estar relacionado com o desencadeamento do diabetes tipo 1. Os principais sintomas são quando a criança urina muito, sente sede além do normal e emagrece rapidamente, cerca de 5 a 10 quilos. Além disso, ela pode se queixar de fraqueza e até mesmo perder o controle do xixi durante a noite.

A doença não tem cura. O controle é feito por meio de reposição de insulina, hormônio que os pacientes param de produzir. O tratamento atual é complexo, doloroso e exige disciplina. São aplicadas injeções subcutâneas, geralmente de 2 a 4 doses ao dia, com seringas ou canetas aplicadoras, e é preciso fazer o controle da glicemia (açúcar no sangue), através de punção de ponta de dedo, também várias vezes ao dia. Agora resta torcer para que os pesquisadores norte-americanos consigam aplicar o novo procedimento em humanos também e tragam novas esperanças para os diabéticos.

Crescer

"Tchau, drogado, volta amanhã"


Até a presidente Dilma parece insatisfeita com o atendimento pífio que o Brasil dá aos dependentes de álcool e drogas. Por que insistir no fracasso?

Afirmar isso ou aquilo sobre o comportamento e a personalidade da presidente Dilma é arriscado. Até os iniciados no mundo da política (o que não é, absolutamente, o meu caso) sofrem para detectar quais são os traços autênticos de Dilma. Dizem que ela é austera. Dizem que tem pavio curto. Dizem que não economiza nas broncas.
Uma amostra das descomposturas que a presidente estaria passando nos ministros e nos colaboradores foi relatada pela jornalista Vera Magalhães na interessante reportagem publicada no domingo (13/11) pelo jornal Folha de S. Paulo. O que mais chamou minha atenção foi o seguinte trecho:

“A presidente comandava uma reunião com representantes de vários ministérios para discutir o lançamento de uma política de saúde para pessoas com deficiências. Quando um funcionário do Ministério da Saúde sugeriu uma sigla para identificar a nova política, Dilma cortou:
-- O quê? Você está me sugerindo mais uma sigla? Você sabe quantas siglas tem no Ministério da Saúde? – e se pôs a enumerar várias delas. Ao citar os CAPs-AD (Centros de Atenção Psicossocial Antidrogas), voltou-se para um ministro ao seu lado:
-- Você sabia que os CAPs-AD fecham às 18h? Você chega para o drogado e fala: “Drogado, são 18h. Tchau, drogado, volta amanhã!”

Finalmente alguém no governo federal parece ter percebido o absurdo que é a estrutura de atendimento aos dependentes de álcool e drogas no Brasil. Eles e suas famílias não são os únicos afetados. Toda a sociedade sofre. A política de saúde mental do Ministério da Saúde tem sérios problemas. O principal é estar baseada muito mais em ideologia e preconceito do que em medicina.

Se quem percebeu que o serviço está mal feito foi justamente quem manda na casa, a notícia é ótima. Pode ser um sinal de que as coisas finalmente podem começar a mudar. Para melhor.

Quem tem na família um dependente químico (de drogas ou álcool) ou um doente com depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo e outros problemas psiquiátricos sabe que essa estrutura de atendimento baseada nos CAPS não dá conta do problema. Por mais bem intencionados que os defensores desse modelo sejam.

A história é antiga. No final dos anos 80 ganhou força no Brasil um movimento chamado de luta antimanicomial ou de reforma psiquiátrica. Pregava a extinção dos manicômios, nos quais os pacientes eram abandonados, maltratados e submetidos a situações degradantes.
Ninguém pretende que esses horríveis depósitos de gente renasçam no Brasil. Mas é preciso reconhecer que dependentes de álcool e drogas e doentes psiquiátricos em estado grave podem precisar de internação. Os doentes (independentemente de sua condição social) merecem uma internação em hospital adequado, com atendimento psiquiátrico eficaz e a dignidade que todo sofredor merece.

As famílias dos pacientes enfrentam hoje uma enorme dificuldade para internar quem precisa. O poeta Ferreira Gullar, que teve dois filhos esquizofrênicos, denunciou a situação numa reportagem que foi capa de ÉPOCA.

Desde 1989, cerca de 70% dos leitos psiquiátricos do país foram fechados. O Ministério da Saúde investiu nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Nesses locais, o paciente recebe medicação e acompanhamento semanal. A ideia é atendê-lo sem retirá-lo do convívio da família e da comunidade. Quando a situação do paciente complica, no entanto, os familiares não conseguem vaga num leito psiquiátrico em hospitais comuns.

Vários municípios discutem a internação compulsória de dependentes de crack, uma polêmica muito bem retratada pelos colegas Mariana Sanches, Matheus Paggi e Eduardo Zanelato nesta outra reportagem de capa. A pergunta que não quer calar é “internar onde?”

Em meio a uma verdadeira epidemia de crack, o Brasil dispõe de apenas 268 centros de atendimento de casos de álcool e drogas (CAPS-Ad). Eles funcionam apenas até as 18 horas. Só de segunda a sexta-feira.

O país inteiro tem apenas três (!!!) centros 24 horas, segundo o Ministério da Saúde. Um em Petrópolis (RJ) e dois em São Bernardo do Campo (SP). Pelo sistema de atendimento vigente no Brasil é preciso surtar em horário comercial. Não sei se a bronca de Dilma foi dirigida à pessoa certa, mas foi merecida.

O mais estranho nessa história toda é que o Ministério da Saúde parece não estar interessado em ouvir os psiquiatras. Procurei vários deles, a maioria especialista no tratamento de dependentes de álcool e drogas, para saber como receberam o comentário da presidente.

“A Dilma é muito inteligente. Se o problema chega até a presidente, ela consegue dar resolução”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. “O problema é que ela está muito mal assessorada na área de saúde mental. Nos colocamos à disposição do Ministério da Saúde para ajudar a repensar o sistema e não fomos ouvidos”, diz.

CAPS são úteis, mas não podem ser o único recurso disponível. Sozinhos, esses centros não têm competência para prestar assistência adequada aos doentes. Fechar leitos psiquiátricos e abrir mais CAPS não resolve o problema. Sem nenhum demérito às equipes multiprofissionais que trabalham neles, esses centros deveriam ser recursos complementares. Por que o governo insiste no erro?

“Por um infantil viés ideológico, quem defende o modelo atual acredita que as dependências químicas são uma construção social e os dependentes são vítimas da injustiça social”, diz Marco Antonio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatra.

Na prática, a atual orientação da política de saúde mental brasileira sataniza a psiquiatria. Parte do pressuposto de que todos os psiquiatras estão mancomunados com a indústria farmacêutica e nega os avanços que essa área da medicina trouxe para a compreensão e tratamento de tantos males e aflições.

É claro que existem maus profissionais na psiquiatra -- como em qualquer outra área do conhecimento e do mercado de trabalho. É claro que a indústria tem interesses comerciais e seduz os médicos, a imprensa e o público. É claro que há exagero no diagnóstico e na medicação de “doenças” que, muitas vezes, são apenas a expressão de comportamentos fora do padrão esperado pela sociedade. Tudo isso existe e é grave.

O problema é o radicalismo. Negar os benefícios que a psiquiatria trouxe nas últimas décadas é tão grave quanto medicar e internar quem não precisa.

Diante da crise aberta pela dependência de drogas, o governo e a sociedade precisam ouvir os psiquiatras – mesmo que seja para discordar deles.

“Às vezes fico pensando que em breve as internações em UTIs, os choques para ressuscitação e as radioterapias também serão vistos como ações arbitrárias e violentas dos médicos – esses lacaios do biopoder a serviço da opressão e da exploração da humanidade”, diz Bessa.

O professor Ronaldo Laranjeira, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acha que a presidente precisa se informar melhor. “Se ela soubesse da missa a metade, ficaria ainda mais preocupada”, diz. “Até hoje o Ministério da Saúde não tem uma política assistencial em relação ao tratamento do crack. Nem mesmo para o alcoolismo existe um mínimo de padronização do que se deveria fazer”.
Segundo Laranjeira, os CAPS-Ad são caros e ineficientes. Cada centro custa, em média, R$ 200 mil. “Nunca conheci um CAPS que faça mais de mil atendimentos por mês. Portanto, cada consulta custa ao redor de R$ 200. A adesão ao tratamento é muito baixa e a eficácia do tratamento é absurda”, afirma.

Não se tem notícia de que algum dia o Ministério da Saúde tenha realizado uma avaliação de custo-benefício nesses locais. “Se fizesse, 90% deles teriam de ser fechados”.

Há quem acredite que na gestão Dilma a política vigente sobre drogas finalmente começa a ser questionada. Essa é a opinião de Analice Gigliotti, vice-presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro. “O comentário da presidente é absolutamente pertinente. Um dependente de drogas não escolhe a hora de querer se tratar. Não escolhe a hora de precisar de tratamento. Se pudesse escolher, não seria um dependente de drogas”.
Em vez de promover a abstinência de drogas, o objetivo dos CAPS-Ad é reduzir o consumo. É a ideia da redução de danos. “Isso é inadequado porque são muito poucos os dependentes que conseguem reduzir o uso. Eles voltam a usar drogas na mesma quantidade que usavam antes. Basta ver o que acontece com os fumantes que tentam reduzir a quantidade de cigarros. Não funciona”, diz Analice.

Durante três dias, tentei entrevistar um representante do Ministério da Saúde. Ninguém me atendeu. O governo sabe que a coisa vai mal. É bom saber que a presidenta também tomou consciência disso. Talvez esse seja o momento de reformar o que precisa ser reformado. Estou convencida de que não é a psiquiatria.

Época

Panfletos ameaçam usuários de maconha no campus da USP


Material foi divulgado por estudantes pelas mídias sociais.
Além das ameaças, panfleto, assinado pelo CCC, ironiza morte de Herzog.


Panfletos com ameaças a usuários de maconha estariam sendo distribuídos na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo, por um grupo ultraconservador. Alguns estudantes da USP postaram fotos dos panfletos nas mídias sociais, como o Facebook. Nele, há uma foto de um grupo de carecas, alusivo aos skinheads ou Carecas do ABC, tribos conhecidas pelo uso da violência e por serem de ultradireita.

No entanto, a suposta assinatura do documento é do CCC, sigla que significa Centro de Caça aos Comunistas, que surgiu na década de 1960 na Universidade Mackenzie. Em 3 de outubro de 1968, integrantes do CCC entraram em confronto com estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, em episódio que resultou na morte do estudante secundarista José Carlos Guimarães, então com 20 anos, com um tiro na cabeça.

Outros três universitários foram baleados e dezenas ficaram feridos. O episódio entrou para a história como a Batalha da Maria Antônia, em referência à rua, na região central, que serviu de palco para a briga. Os estudantes que iniciaram o movimento contra a presença da Polícia Militar, no início de outubro, após três alunos terem sido flagrados com maconha no campus, foram, justamente, os da FFLCH.

No panfleto, o grupo defende o convênio da USP com a Polícia Militar, assinado no começo de setembro. “Atenção drogado! Se o convênio USP-PM acabar, nós que iremos patrulhar a Cidade Universitária”, diz. Outra frase afirma: “Maconheiro: aqui você não terá paz!”. Em outro panfleto, distribuído conjuntamente, há uma foto do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto pelos agentes da Ditadura Militar nos porões do DOI-CODI, em outubro de 1975, aos 38 anos.

Abaixo da foto, se lê: “Suicídio é triste, né?” Ao lado da frase, há uma máscara sorridente. A versão oficial apresentada na época pelos representantes do regime foi a de que o jornalista de origem iugoslava teria se suicidado, utilizando o próprio cinto, como aparece na foto. No entanto, testemunhos de presos na mesma época relataram que ele foi assassinado sob tortura.

Integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP também ficaram sabendo dos panfletos com as ameaças pela internet. O fato, inclusive, foi comentado na assembleia geral realizada na noite de quinta-feira (17) no prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. “Não vimos nenhum (panfleto) no campus até o momento, mas se houver algum partiu de um grupo extremamente minoritário na USP”, disse Renan Teodoro, diretor do DCE, que classificou o material de “mau gosto” e “quase infantil”.

No entanto, ressaltou que é uma manifestação preocupante. “Evidentemente que preocupa esse tipo de intolerância, até mesmo na cidade. Temos o exemplo dos meninos da Paulista que foram agredidos com lâmpadas fluorescentes”, disse.

A assessoria de imprensa da USP informou que a reitoria não iria comentar o assunto.

G1

Pistoleiros matam líder indígena, diz Cimi

O cacique Nísio Gomes (no centro da foto acima) foi executado com tiros de calibre 12

A Polícia Federal e uma comitiva com integrantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e conselho Aty Guassu (Grande Assembleia Guarani) estão no acampamento Tekoha Guaiviry, entre os municípios de Amambai e Ponta Porã (MS), onde uma comunidade Kaiowá Guarani foi atacada por um grupo com cerca de 40 pistoleiros - munidos com armas de groso calibre - na manhã desta sexta-feira (18).

O massacre ceifou a vida do cacique Nísio Gomes, 59 anos, executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros – prática vista em outros massacres cometidos contra os Kaiowá Guarani no MS. As informações são preliminares e transmitidas por integrantes da comunidade. Não se sabe se além de Nísio outros indígenas foram mortos.

Os relatos dão conta de que os pistoleiros sequestraram mais dois jovens e uma criança; por outro lado, apontam também para o assassinato de uma mulher e uma criança.

“Estavam todos de máscaras, com jaquetas escuras. Chegaram ao acampamento e pediram para todos irem para o chão. Portavam armas calibre 12”, disse um indígena da comunidade que presenciou o ataque e terá sua identidade preservada por motivos de segurança.

Conforme relato do indígena, o cacique foi executado com tiros na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas. “Chegaram para matar nosso cacique”, afirmou. O filho de Nísio tentou impedir o assassinato do pai, segundo o indígena, e se atirou sobre um dos pistoleiros. Bateram no rapaz, mas ele não desistiu. Só o pararam com um tiro de borracha no peito. Na frente do filho, executaram o pai. Cerca de dez indígenas permaneceram no acampamento.

O restante fugiu para o mato e só se sabe de um rapaz ferido pelos tiros de borracha – disparados contra quem resistiu e contra quem estava atirado ao chão por ordem dos pistoleiros. Este não é o primeiro ataque sofrido pela comunidade, composta por cerca de 60 Kaiowá Guarani.

Decisão é de permanecer

Desde o dia 1º deste mês os indígenas ocupam um pedaço de terra entre as fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá. A ação dos pistoleiros foi respaldada por cerca de uma dezena de caminhonetes – marcas Hilux e S-10 nas cores preta, vermelha e verde. Na caçamba de uma delas o corpo do cacique Nísio foi levado, bem como os outros sequestrados, estejam mortos ou vivos.

“O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou o indígena. Ele disse ainda que a comunidade deseja enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a vida inteira.

“Ele está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros na cabeça e por todo o corpo”, lamentou. A comunidade vivia na beira de uma rodovia estadual antes da ocupação do pedaço de terra no tekoha Kaiowá. O acampamento atacado fica na estrada entre os municípios de Amambai e Ponta Porã, perto da fronteira entre Brasil e Paraguai.

Conforme recente publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre a violência praticada contra os povos indígenas do MS nos últimos oito anos, no estado está concentrada a maior quantidade de acampamentos indígenas do País, 31 - há dois anos, em 2009, eram 22.

São mais de 1200 famílias vivendo em condições degradantes à beira de rodovias ou sitiadas em fazendas. Expostas a violências diversas, as comunidades veem suas crianças sofrerem com a desnutrição – os casos somam 4 mil nos últimos oito anos - e longe do território tradicional.

Atualmente, 98% da população originária do estado vivem efetivamente em menos de 75 mil hectares, ou seja, 0,2% do território estadual. Em dados comparativos, cerca de 70 mil cabeças de gado, das mais de 22,3 milhões que o estado possui, ocupam área equivalente as que estão efetivamente na posse dos indígenas hoje.

Sobre o território Com relatório em fase de conclusão pela Fundação Nacional do Índio (Funai), a área ocupada pela comunidade está em processo de identificação desde 2008. Por conta disso, o ataque tem como principal causa o conflito pela posse do território. A região do ataque fica a meia hora da fronteira com o Paraguai. Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público Federal (MPF), referente ao processo de demarcação da Terra Indígena, está em execução.

Fonte: Conselho Indigenista Missionário

Correio do Estado

Grupos folclóricos comemoram mês da Consciência Negra em Recife (PE)


Várias pessoas participaram de caminhada saindo do parque 13 de Maio nesta sexta

Grupos folclóricos e populares participaram de uma caminhada em celebração ao mês da Consciência Negra, saindo do parque 13 de Maio, no centro de Recife (PE), nesta sexta-feira (18).

Até o Dia da Consciência Negra, comemorado no próximo domingo (20), muitos eventos ainda devem acontecer na cidade

R7

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O PODER SOBRENATURAL DO CRACK


Há algum tempo atrás um cidadão aparentando ter pouco mais de trinta anos, vagava pelas ruas centrais de Aracaju, como de costume, pois noutra vez eu já tinha observado os seus passos nas mesmas cercanias. Mostrava estar triste e deprimido como nunca, talvez como sempre.



O dia de sábado era como outro qualquer na sua vida e na vida da cidade, pois o vento que soprava quente era o mesmo, o sol abrasante e causticante a tudo esquentar era o mesmo, as pessoas indiferentes, passando de um lado para o outro das ruas e nas calçadas, afastando-se do citado cidadão em misto de medo e asco eram as mesmas, a agencia bancaria a qual ele entrara era também a mesma.



Entretanto, aquele carrancudo cidadão, barbudo, cabeludo, sujo, maltrapilho, esquelético, parecendo seriamente doente me lembrava de alguém, alguém conhecido, alguém que um dia já mantivera algum tipo de contato verbal comigo, mas, por mais que eu tentasse me lembrar de quem seria aquela misteriosa pessoa não conseguia.



Demasiadamente curioso, dessa vez olhei mais demoradamente para aquele estranho e intrigante cidadão enquanto ele tirava dinheiro no cash do banco no mesmo instante em que as outras pessoas que ali estavam presentes trataram de fugir do recinto pensando ser ele um assaltante, um bandido ou delinquente qualquer, talvez um maluco andarilho.



Ele não demostrou surpresa pelo fato das pessoas assim agirem, parecia acostumado com isso, com essa humilhação, sabia que a sua aparência era assustadora apesar de saber que não era um marginal, parecia não estar ali naquele momento, noutro mundo, não ligar para o que acontecia a sua volta, parecia nada temer, talvez se a Terra explodisse para ele seria normal.



Temia somente um novo ataque de bronquite que se avolumava no seu pulmão devido a tosse grossa e pesada que insistia na sua garganta a fazer tremer a sua longa e imunda barba que carregava em igual modo com o seu cabelo escarafunchado e embuchado tal qual uma casa de cupim . As suas perspectivas eram as piores possíveis.



Certamente mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que eu sem disfarçar tanto olhava para ele querendo me lembrar de onde o conhecia, até que o guarda do banco chegou de um possível cafezinho e me falou: - Tá vendo o que o crack faz? ... Ele era um Advogado!...


Foi aí que tudo emergiu, veio à tona; foi ai que tudo me chegou à mente; foi ai que o mistério foi revelado; foi ai que pude decifrar todos seus segredos; foi ai que vi o quanto o destino das pessoas pode ser cruel para uns e bondoso para outros; foi aí que eu vi aquele cidadão, antes promissor Advogado conversando comigo em algumas oportunidades nos corredores do Tribunal de Justiça e em determinada Delegacia que trabalhei, assuntos relacionados a Processos criminais ou Inquéritos policiais; foi aí que me lembrei de uma reportagem que um jornal sergipano fez sobre uma mãe em desespero querendo libertar o seu querido filho, estudioso, carinhoso, alegre e feliz com a vida, então Advogado preso nas garras do crack;

foi ai que soube que os familiares desse cidadão tentavam interna-lo em clinica apropriada, mas ele se recusava tal tratamento por conta do poder avassalador e sobrenatural do crack que o arrastava cada vez mais para o fundo do poço; foi ai que lembrei que aquele Advogado entrou no imundo mundo do crack por conta de ter se envolvido com um traficante após conseguir sua liberdade na Justiça;

foi ai que lembrei da citada matéria jornalística dizendo que aquele Advogado se desfez do seu escritório, do seu carro, dos seus bens, vendendo ou trocando tudo pelo crack ou para pagar dívidas com traficantes; foi ai que eu senti que aquele cidadão abandonou a sua casa e passou a morar no submundo da sociedade de Aracaju, nas ruas, no mercado central, nas marquises dos prédios ou em pensões baratas junto à prostituição rasteira, com seus iguais, pelo crack e para o crack;

foi ai que eu imaginei que aquele cidadão então sobrevivia de algum dinheiro que ainda restava da venda dos seus bens, ou quem sabe, de depósitos efetuados por familiares na sua conta bancaria; foi ai que eu vi que um cidadão bem vestido, alinhado, com terno, paletó e gravata impecáveis pode se transformar num mendigo, num zumbi, num morto-vivo; foi ai que eu vi que a vida daquele cidadão era somente o crack.


Certamente sentindo-se arrasado, desesperado, impotente para resolver o seu próprio infortúnio, o seu calvário, lançando um olhar no passado esse cidadão, antes feliz Advogado, viu o rumo errado que tomou, mas não teve forças para voltar atrás, não queria se curar, não admitia tratamento porque o crack era mais forte do que a sua vontade, o crack era mais forte do que ele.



O seu presente era só o crack, o crack como o senhor do seu viver, o crack como seu dominador, o crack como destruidor da sua família, o crack como aniquilador da sua vida. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas.


O crack é o grande mal do século, o mal dos males, a pior de todas as drogas, que se não for um mal que todos nós estejamos esclarecidos, irá nos afetar em qualquer momento de nossa vida ou na vida de quem mais amamos, como de fato aconteceu com esse cidadão e sua família, um jovem que estudou nos melhores colégios, que teve boas amizades, que se formou em Direito, que se tornou um Advogado, que tinha um bom escritório, que pretendia ser juiz por isso adormecia em cima de livros de tanto estudar, que tinha um bom futuro pela frente, mas que por ironia do destino, pelo poder sobrenatural dessa droga, tudo trocou pelo crack.

Rodeado e instado pelos sentimentos humanitários de enternecimento, compaixão, piedade até porque sempre fui dos maiores combatentes do crack, tanto na área repressiva quanto preventiva, com prisão de grandes traficantes na minha careira policial e inúmeros artigos de minha autoria pertinentes ao tema publicados em centenas de sites do Brasil, Portugal, Angola e Moçambique, logo pensei em falar com ele, oferecer algum tipo de ajuda moral, espiritual, mas seu olhar sisudo e com possibilidade de algum tipo de agressão me afastaram, me reprimiram até porque ele também não me reconheceu.

Entretanto, todas as vezes que caminho pela citada área de Aracaju, procuro em vão e insistentemente com os meus curiosos olhos pelo triste cidadão entre os inchadinhos de cachaça ou barbudinhos zumbis do crack em muitos espalhados pela redondeza. Se o cidadão aceitou fazer tratamento, se fez ou faz tratamento em clinica de recuperação não sei, só sei que o poder de imensa e infinita bondade do nosso Criador pode sobrepor e derrotar o poder sobrenatural do crack como assim já fez com muitos. Assim, um dia espero ver aquele alegre Advogado de volta aos corredores do Tribunal de Justiça ou em Delegacias defendendo os seus clientes, menos os traficantes.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe) –

archimedes-marques@bol.com.br

MP quer que acusado de crime na Oscar Freire seja julgado por latrocínio


Promotora entrou com recurso contra decisão em que réu será acusado por homicídio

O Ministério Público de São Paulo entrou com um recurso para que seja revista a decisão da Justiça que modificou de latrocínio (roubo seguido de morte) para homicídio o tipo do crime pelo qual Lucas Cintra Rosseti, suspeito de matar duas pessoas em um apartamento na rua Oscar Freire em agosto, responderá. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do MP.

A promotora Cecília Freitas Ribeiro entrou com o pedido na semana passada. Ela estava substituindo a promotora do caso, Adriana Helena Ferreira Alves Mattos Vallada, que fez a denúncia pelo latrocínio, e estava de férias até esta quarta-feira (16).

O MP não deu detalhes dos motivos que fizeram a órgão recorrer da decisão judicial. O MP havia denunciado Rosseti por latrocínio, mas a juíza Isaura Cristina Barreira, da 30ª Vara Criminal da Capital, entendeu, em decisão do último dia 4, que o modo pelo qual ele é suspeito de ter atingido as vítimas está mais associado à intenção de matar do que de roubar.

A modificação do tipo de crime atende a um pedido da defesa, que queria ainda a liberdade de Lucas. A juíza não decidiu sobre esse último ponto, deixando-o para a Vara do Júri da Comarca da Capital, para onde o caso foi encaminhado.
A pena para crimes de latrocínio é a partir de 20 anos, já o homicídio é de a partir de 12 anos.

Lucas Cintra Rosseti foi preso em Sertãozinho, no interior de São Paulo, na manhã de 29 de agosto, suspeito de matar o analista de sistemas Eugenio Bozola e o modelo Murilo Rezende. No momento da prisão, ele confessou ter matado Bozola, mas negou o assassinato de Rezende.

De acordo com o delegado Mauro Dias, as imagens do circuito interno de TV de uma pizzaria foram decisivas para identificar o jovem de 21 anos, como o principal suspeito do assassinato.

O suspeito aparece nas imagens, gravadas no dia do crime, utilizando um tênis preto, que foi encontrado sujo de sangue no apartamento onde os corpos das vítimas foram encontrados. De acordo com o delegado, Rosseti, que já havia tido um relacionamento amoroso com Bozola, brigou com ele por não poder mais ficar hospedado no apartamento. Rosseti é natural de Igarapava, mesma cidade de Bozola.

R7

Brancos têm duas vezes mais acesso a planos de saúde no Brasil que negros


A população branca tem duas vezes mais acesso a planos de saúde em comparação aos negros, no Brasil.

Os dados são do Instituto Data Popular e vêm de uma pesquisa feita em parceria com o Fundo Baobá.

Segundo a pesquisa, 15,2% dos negros têm plano de saúde, contra 31,3%, dos brancos.

Para Athayde Motta, diretor do fundo, que levanta recursos para projetos voltados à população negra, "o acesso aos serviço é em geral pior para os negros, que vivem em locais mais distantes, onde o tratamento não é de qualidade".

"Se você ganha um pouquinho mais, a primeira coisa que faz é ter um plano de saúde privado e pagar escola particular para o filho. O sistema público de saúde e educação no Brasil ainda é muito ruim".

O dado sobre acesso a plano de saúde reflete a desigualdade racial no país, onde, segundo dados do Censo 2010 divulgados em maio passado, o número de pobres pardos ou pretos é 2,7 vezes o número de pobres brancos.

Dados da pesquisa do Instituto Data Popular indicam ainda que os negros continuam sendo minoria nos estratos mais ricos.

A classe A, por exemplo, é formada por 82,3% de brancos e 17,7% de negros. Já na classe E, os negros são 76,3% do total e os brancos 23,7%.

A classe C é a camada social onde há menos desigualdade entre brancos (56,9%) e negros (43,1%).

Médico particular
A cabeleireira Dulcinéia Luz, de 32 anos, nunca teve um plano de saúde.

Para o marido, a filha e os cinco irmãos, todos residentes em Araçoiaba da Serra, a 120 km de São Paulo, o SUS é a primeira opção quando precisam de atendimento médico.

"Penso em ter um plano de saúde no futuro, você nunca sabe quando pode precisar. Mas acho também que o SUS poderia melhorar. Se o SUS fosse bom, eu nem pensaria em ter um plano de saúde", diz.

Assim como outros milhões de integrantes da classe C, Dulcinéia viu a vida melhorar nos últimos anos. Sua filha hoje tem um computador, luxo impensável há alguns anos, assim como o acesso a um médico particular.
Sem plano de saúde, e descontente com os serviços do SUS, ela recorre a consultórios particulares se "a necessidade for grande".

"Quando acho que dá para ser atendida no SUS, vou ao SUS. Se for mais grave, eu pago", diz.

A pesquisa mostra que quando precisam de tratamento médico apenas 10,9% dos negros e 27,3% dos brancos recorrem a um médico particular.

Ambulatório

A primeira opção, para a maioria dos negros (64,5% deles), é o ambulatório de empresas e sindicatos. O índice entre os brancos que recorrem a ambulatórios é de 49,2%.

Esse é o caso de Marcelo Antonio de Jesus, 36 anos, residente na Penha, zona leste de São Paulo.

Jesus teve, por cinco anos, plano de saúde pago pela empresa para a qual trabalhava.

"Hoje os planos de saúde mais baratos têm pouca qualidade, o atendimento é demorado. Já os planos bons são muito caros", explica.

Educador de uma ONG, Jesus conta que gostaria de voltar a ter acesso a um plano privado, "com atendimento mais rápido".

Leia mais: Negro sofre 'discriminação institucionalizada' no serviço de saúde, diz diretor de ONG

BBC Brasil

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Analfabetismo em AL é quase três vezes maior do que no Zimbábue


Taxa entre a população com 15 anos ou mais caiu apenas 5,2 % em sete anos, ficando em 24,3%

A taxa de analfabetismo entre a população com 15 anos ou mais diminuiu quatro pontos percentuais entre 2000 e 2010, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas apesar da redução nacional, de 13,6% para 9,6%, Alagoas ainda figura como o estado campeão em analfabetos, com 24,3% da população – em 2004, o número era de 29,5%. Com isso, supera nações como o Zimbábue, país africano cujo Produto Interno Bruto (PIB) per capita alcança apenas 5% do brasileiro e onde a taxa chega a ser quase três vezes menor, de 8,14%.

Em 10 anos, o Estado conseguiu reduzir a taxa em pouco mais de 9%, já que, em 2000, era de 31,8%. Contudo, a taxa também é maior que a nacional, em 13%, número bem inferior ao registrado em São Brás - município do Agreste alagoano com quase sete mil habitantes - onde 34,7% da população com mais de 10 anos é analfabeta.

Segundo a pesquisa, o Nordeste está entre as regiões que mais apresentaram redução (de 26,2% para 19,1%). A média mundial, segundo as estatísticas, foi de 16,32%, com a menor taxa encontrada em Cuba, de 0,17%, e a maior no Chade (39%), outro país africano.

Já no que diz respeito à renda, manteve-se uma tendência histórica nas capitais, com as regiões Sul e Sudeste detendo o melhor rendimento domiciliar per capita. Florianópolis-SC registrou o maior valor (R$ 1.573), com metade da população recebendo até R$ 900. Maceió, por sua vez, aparece entre as seis capitais cujo rendimento alcançava apenas 40% do observado na capital catarinense.

Sobre o índice de analfabetismo, a produção da Rádio Gazetaweb entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde, que informou se manifestar sobre a pesquisa ainda nesta quarta-feira.

Mais números
E ainda no tocante à alfabetização, o IBGE revela que entre as crianças brasileiras de 10 a 14 anos, 3,9% ainda não sabiam ler e escrever em 2010, o que representa cerca de 671 mil crianças. Em 2000, o número deste contingente era de 1,2 milhão de crianças, ou 7,3% do total.

A pesquisa apurou ainda que as crianças que vivem em famílias pobres demoram mais para serem alfabetizadas. Considerando as crianças de 10 ou mais anos, o analfabetismo atinge 17,5% das que vivem em famílias com renda per capita de até um quarto do salário mínimo, 12,2% nas que vivem com renda de um quarto até meio salário, 10% nas de meio a um salário, e 3,5% nas de um a dois salários.

Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de dois a três salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais. Já na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução em relação a 2000, quando era de 5%.

Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% da população nesta faixa de idade em 2010.

Censo
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.500 municípios brasileiros. Ao todo, foram entrevistados representantes de 67,5 milhões de domicílios, no período de 1º de agosto a 31 de outubro – outras 899 mil residências foram consideradas fechadas.

Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de pessoas, foram revelados em abril deste ano. Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou dados considerados consolidados.

Gazetaweb

Analfabetismo cai, mas 671 mil crianças de 10 a 14 anos não sabem ler

O Brasil tem 9,6% de analfabetos entre sua população com 15 anos de idade ou mais, o que representa uma queda de 4 pontos percentuais do analfabetismo num período de dez anos, informou nesta quarta-feira o IBGE a partir de dados do Censo 2010.

Uma das quedas mais significativas do analfabetismo foi notada entre as pessoas de 15 a 19 anos: passou de 5% em 2000 para 2,2% em 2010.

Apesar da redução, os números de pessoas analfabetas seguem altos. Cerca de 671 mil crianças entre 10 e 14 anos não sabem ler e escrever (3,9% do total); na zona rural brasileira, 23,2% da população ainda não é alfabetizada. Entre as pessoas com 65 anos ou mais, a taxa de analfabetos chega a 29,4%.

Numa comparação entre Estados, o menor índice de analfabetismo foi observado no Distrito Federal (3,5%), e o maior, em Alagoas (24,3%).

O Censo também mostra uma persistente desigualdade de renda no país. Nas áreas rurais, o rendimento médio das pessoas era menos da metade em comparação com moradores urbanos; e as mulheres têm rendimento mensal médio cerca de 30% menor do que o dos homens.

O índice de Gini, que mede o grau de concentração de renda, ficou em 0,526 - sendo zero um cenário de igualdade perfeita de rendimentos e 1 um cenário de total desigualdade.

BBC Brasil

Polícia investiga caso de desaparecimento de bebê


Uma denúncia anônima levou a polícia até uma casa no bairro do Prado, no Recife, onde estava a mulher que levou um recém-nascido do Hospital Barão de Lucena. A GPCA investiga o caso.

G1

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pais querem transferir de escola aluna que iria se encontrar com pedófilo



Familía está descontente com o a postura da direção do colégio

Os pais da aluna de 12 anos que foi orientada pela professora a marcar encontro com um pedófilo pela internet como trabalho escolar, em São Carlos, no interior de São Paulo, querem transferir a filha para outra escola. De acordo com o padrasto da menina, que pediu para não ser identificado, existe o temor de que a estudante fique marcada por ter levado o caso ao conhecimento dos pais.

A família também está descontente com o encaminhamento dado pela direção da Escola Estadual Professora Maria Ramos, na qual a menina cursa a 6ª série. Segundo o padrasto, a diretora teria manifestado preocupação com a imagem do estabelecimento e com a repercussão do caso.

Foi preciso a intervenção da Secretaria Estadual da Educação para que a professora fosse suspensa - por causa do feriado prolongado, o afastamento só deve ser publicado nesta quarta-feira (16) no Diário Oficial.

O padrasto já contatou a Diretoria Regional de Ensino pedindo que a enteada seja matriculada em outra escola. A família procurou uma advogada para acompanhar o caso.

A diretora regional de Ensino, Débora Gonzales Costa Blanco, disse que todas as providências administrativas foram tomadas tão logo o caso chegou ao seu conhecimento. Caso a família deseje a transferência, a diretoria colocará uma vaga à disposição da aluna em outra escola na região de sua residência.

De acordo com os pais, a professora de português teria orientado a menina a marcar encontro com um pedófilo no centro da cidade para que ela o fotografasse. O caso chegou ao conhecimento da família porque a docente deixou um recado no caderno da aluna, orientando sobre como devia agir durante o contato com o pedófilo via internet.

Conforme a orientação, ela deveria usar um nome fictício, citar a idade real e imprimir a conversa online. A professora também pedia a colaboração dos pais para vigiar as conversas pelo computador. O objetivo, segundo ela, seria mostrar aos alunos os riscos da internet.

Em nota, a Secretaria da Educação informou que só voltará a se manifestar após a conclusão da sindicância aberta para apurar o caso.

R7

Traição no Brasil é a que mais cresce no mundo


Um levantamento recente feito pela rede social americana Ohhtel.com (espécie de Facebook da traição) mostra que o Brasil é o país em que a infidelidade mais cresce no mundo. Com pouco mais de 100 dias de funcionamento no País, o site da infidelidade discreta – que opera nos Estados Unidos, na Argentina, no Canadá e no Chile – já conta mais de 315 mil usuários.

Leia mais: "A monogamia já era", diz a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, que prevê que, no futuro, o mundo será bissexual

Isso significa que, por mês, cerca de 80 mil brasileiros se cadastram no site de relacionamento em busca de relações extraconjugais. Nos Estados Unidos, onde a rede social já soma 1,2 milhão de usuários, a adesão mensal não passa de 50 mil pessoas. Na Argentina e no Canadá as médias mensais de adesão são, respectivamente, de 13 mil e 5 mil. Ou seja, o Brasil segue em disparada.

Karen Meohas, gerente de marketing Ohhtel.com no País explica o motivo de um número tão expressivo: “A oportunidade de buscar relações fora do casamento com a segurança de que sua esposa ou marido não vão descobrir é um fator preponderante para essa evolução”. E no Brasil, a maioria dos usuários admitem amar seus companheiros e não querer o divórcio, por isso, o especial sucesso do serviço.

Marie Claire

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Diabetes mata uma pessoa a cada dez segundos


11 milhões de pessoas sofrem com a doença no Brasil

Estima-se que haja, pelo menos, 300 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 11 milhões de portadores, segundo dados do Ministério da Saúde e de sociedades médicas.

No Dia Mundial do Diabetes, lembrado nesta segunda-feira (14), o foco da campanha global, pelo terceiro ano seguido, é orientar a população para prevenir a doença, que mata uma pessoa a cada dez segundos no mundo - conforme estatística da Federação Internacional de Diabetes, ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde).

O desconhecimento sobre o que é a doença, os sintomas e o tratamento têm sido obstáculos para conter essa epidemia global. A própria federação internacional estima que metade das pessoas não sabe que tem diabetes.

Apesar de muitos brasileiros ter um parente ou amigo com a doença, parte deles não sabe como evitá-la, diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Walter Minicucci.

– Muitos têm contato, mas não conseguem ajudar a pessoa próxima [com a doença]. E ficam incapazes de prevenir nelas mesmas.

O diabetes tipo 2, que atinge mais pessoas, ocorre quando há aumento da taxa de açúcar (glicose) no sangue. Os sinais mais comuns são a sede excessiva, a perda de peso, a fome exagerada, a vontade de urinar muitas vezes, a difícil cicatrização de feridas, a visão embaçada, o cansaço e infecções frequentes. Alguns dos fatores de risco são a obesidade, o sedentarismo e o histórico familiar com casos da doença.

A prática de exercícios físicos e a alimentação equilibrada ajudam a evitar o diabetes tipo 2, que não tem cura.

Quando o diabetes não é tratado, aumenta o risco de o paciente ter um ataque cardíaco, ficar cego ou sofrer amputação de uma perna.

R7

Pretos e pardos são maioria em 56,8% dos municípios brasileiros


O número faz parte de mapeamento feito pela UFRJ com base no Censo 2010

RIO - O número de municípios onde os domicílios tinham maioria de pretos e pardos aumentou 7,6 pontos percentuais, entre 2000 e 2010, ao passar de 49,2% para 56,8%. A constatação faz parte do Mapa da População Preta & Parda no Brasil segundo os Indicadores do Censo de 2010, divulgado nesta segunda-feira.Em 1.021 cidades (18,3% do total), pretos e pardos eram mais de 75% da população. O estudo foi elaborado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O percentual de pessoas que se declararam pretas passou de 6,2% para 7,6% em uma década. O aumento foi maior entre as que se declararam pardas, de 38,5% para 43,1% no mesmo período. Em 2010, aproximadamente 91 milhões de pessoas se classificaram como brancas, 15 milhões como pretas, 82 milhões como pardas, 2 milhões como amarelas e 817 mil como indígenas.

O coordenador da pesquisa, Marcelo Paixão, acredita que os indicadores com base no Censo 2010 foram influenciados pelo processo de valorização da presença afrodescendente na sociedade brasileira e pela adoção das políticas afirmativas.

- Esses dados demonstram não só uma mudança demográfica, mas também política, social e cultural, porque expressa uma nova forma de visibilidade da população negra brasileira ao estimular que as pessoas assumam sua cor de pele de uma maneira mais aberta.

O censo, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada dez anos, introduziu, em 2010, a pergunta sobre cor ou raça para todos os domicílios e não mais por amostra, como era feito anteriormente.

Segundo Marcelo Paixão, a comparação dessa informação com dados futuros do IBGE, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do ano que vem e o Censo de 2020, será muito útil para traçar um perfil mais fiel da população.

- O interessante para 2020 é verificar se esse percentual da população preta e parda no Brasil vai continuar aumentando. Porque é claro que tem também uma população que não é negra. O ideal é que as bases de dados expressem melhor o perfil da população brasileira, que corresponda à realidade - disse o economista.

De acordo com o levantamento de 2010, São Paulo é a cidade com maior número de pretos e pardos em todo o país, com cerca de 4,2 milhões, seguido do Rio de Janeiro (cerca de 3 milhões) e Salvador (cerca de 2,7 milhões).

Se forem considerados apenas negros, Salvador lidera o ranking com 743,7 mil, seguida de São Paulo (736 mil) e do Rio (724 mil).

No Norte e no Nordeste, respectivamente, 97,1% e 96,1% dos municípios eram formados por maioria preta e parda. No Centro-Oeste, esse percentual chegava a 75,5%, no Sudeste, a 37,1% e, no Sul, a apenas 2,3%. Cunhataí, em Santa Catarina, é a única cidade brasileira sem a presença de pessoas que se declararam pretas

O Globo

domingo, 13 de novembro de 2011

Na Etiópia, autistas sofrem por desconhecimento da condição e superstição


Em 1995, a etíope Zemi Yunus não sabia o que era autismo, mas tinha consciência de que seu filho Jojo, então com quatro anos, era "diferente das outras crianças da idade dele".

Foi então que seu marido assistiu a um programa de televisão sobre a condição. Na época, a família vivia nos Estados Unidos.

De repente, o casal se deu conta de que era possível que Jojo fosse autista. Certamente, os sintomas descritos pareciam indicar isso.

Pouco tempo antes de retornar à Etiópia, Zemi começou a pesquisar o assunto com mais profundidade.

Zemi disse que, assim como muitos pais de crianças autistas, ela se preocupava com a demora do filho em começar a falar.

'Mimado'
Vários médicos haviam dito a ela que não se preocupasse porque, frequentemente, meninos começam a falar um pouco mais tarde.

No entanto, quanto mais pesquisava, mais Zemi reconhecia que o atraso na fala do filho, assim como suas ações repetitivas e dificuldades de comportamento eram claramente manifestações de autismo.

Infelizmente, o diagnóstico da condição, particularmente em países em desenvolvimento, é raro.

Ao retornar à capital da Etiópia, Addis Abeba, Zemi consultou psicólogos, médicos e outros profissionais durante vários anos. Nunca obteve uma confirmação de suas suspeitas.

Dona de seu próprio negócio, a mãe de Jojo teve dificuldade em encontrar uma escola para o filho. Muitos professores diziam que Jojo era "mimado". Ele foi expulso de cinco escolas consecutivamente.

Uma instituição pediu pagamento triplo para aceitar Jojo.

Problema Comum

A essa altura, Zemi já tinha pesquisado amplamente o tema e sabia que a ocorrência de autismo na região era bastante alta.

Na Etiópia, ninguém falava publicamente sobre o assunto, mas ela insistiu. Começou a procurar por outros pais afetados pelo problema.

Zemi ficou chocada com o que encontrou. Famílias com crianças autistas as mantinham em casa, com frequência em quartos escuros.

Ela encontrou o caso de uma menina cujas mãos ficavam amarradas atrás das costas, provavelmente para impedir que ela agredisse a si própria. (Esse não é um comportamento raro entre crianças autistas, especialmente quando estão estressadas.)

Suas experiências a levaram a querer falar publicamente sobre o autismo.



Em 2002, usando seu bem-sucedido negócio para promover suas atividades beneficentes, Zemi inaugurou o Joy Centre for Children with Autism em Addis Abeba.

A escola começou a funcionar com quatro alunos - entre eles, seu filho - e três funcionários. Hoje, 75 crianças estão matriculadas na escola e a equipe conta com mais de 30 funcionários.

Como a escola não tem fins lucrativos, os pais pagam o que podem. A instituição recebe auxílio da ONU e de outros doadores.

A criação do centro levou o governo da Etiópia a iniciar um programa para crianças com necessidades especiais.

'Possuídos pelo demônio'
Isso não quer dizer que os etíopes mudaram sua atitude em relação aos que sofrem de autismo.

Muitas pessoas ainda pensam que as crianças afetadas pela condição são possuídas pelo demônio em virtude de pecados cometidos por seus pais. Isso explica por que, frequentemente, crianças autistas são escondidas pelas famílias.

Também há muita ignorância sobre o assunto no setor médico.

Elias Tegene, um psicólogo que se especializa em autismo, descreve a condição como um novo "tema" que só se tornou conhecido na última década.

Apesar da falta de dados oficiais no país, ele acredita que a incidência da condição está crescendo rapidamente.

O problema é acentuado pelo fato de que muitos médicos na Etiópia nunca ouviram falar da condição.

Os que identificam a condição tratam os pacientes como casos psiquiátricos (embora o problema seja, na verdade, neurológico) ou simplesmente dizem aos pais que precisam educar melhor seus filhos.

Com base em suas observações, Tegene disse acreditar que o autismo é mais comum em crianças da chamada "geração boom", ou seja, etíopes que viajaram para o exterior para trabalhar e estudar.

O menino de nove anos Addis é uma dessas crianças. Ele nasceu em Maryland, nos Estados Unidos, de pais etíopes. Seu diagnóstico foi feito quando ele tinha apenas dois anos.

O diagnóstico rápido se deveu ao fato de que Addis nasceu prematuro, com 27 semanas, e já estava sendo monitorado por uma equipe médica.

Vida Ativa
O pai de Addis, Abiy, disse que demorou para que ele e a esposa aceitassem o diagnóstico inicial.

"Todo mundo tinha uma teoria sobre por que isso tinha acontecido", disse Abiy.

Segundo ele, há uma percepção de que o autismo é mais comum entre comunidades de migrantes vindos do Chifre da África - na região nordeste do continente.

"Alguém nos disse que as crianças que tinham sido diagnosticadas em casa (na Etiópia) eram aquelas que tinham nascido no exterior , nos Estados Unidos ou na Europa".

Foi a esposa de Abiy, Azeb - uma professora primária hoje se especializando em crianças com necessidades especiais - quem primeiro sugeriu que talvez Addis fosse autista.

O marido, no entanto, resistiu à ideia de procurar tratamento por não querer aceitar a realidade. O diagnóstico resultou em um período de muita reflexão para Abiy.

Hoje, Addis vive uma vida ativa, cheia de atividades. Ele tem um senso de direção particularmente desenvolvido.

"Meu filho é uma criança ótima. Se nasceu com autismo, que seja. Mas ele é o melhor filho (do mundo)", diz Abiy.

"Ele se comporta bem e nunca nos atrapalhou de maneira alguma".

Embora não haja pesquisas para confirmar a visão do psicólogo Elias, de que o autismo está aumentando entre os etíopes, e especialmente entre os que vivem no exterior, há evidências em relação a crianças da Somália vivendo no exterior.

Em 2009, o jornal New York Times publicou uma reportagem dizendo que autoridades do Departamento de Saúde de Minnesota, nos Estados Unidos, tinham chegado a um acordo em relação a um fato impressionante: havia índices mais altos de autismo em crianças somális vivendo no Estado.

Embora enfatizando que a amostra era bastante pequena, as autoridades citadas no artigo disseram que as crianças somális tinham entre duas a sete vezes mais probabilidade de sofrer da condição do que pessoas de outras etnias.

Dados da Suécia e de outros pontos dos Estados Unidos parecem reforçar essa teoria.

Pesquisas
Abdirahman D. Mohammed - um médico somáli que trabalha no Axis Medical Centre, em Minneapolis - trata um grande número de pacientes de várias origens e disse não ter dúvidas de que o autismo ocorre em índices anormalmente altos em crianças de origem somali.

"Infelizmente, é um problema imenso para a nossa comunidade. Pode causar muita perturbação e ansiedade para as famílias", disse o médico.

Além disso, algumas pessoas associam o autismo a programas de imunização infantil - embora esse vínculo nunca tenha sido provado.

Como resultado, algumas crianças somális nos Estados Unidos não estão sendo vacinadas contra doenças perigosas.

E se de fato existe uma maior concentração de casos de autismo entre crianças da comunidade somali, qual seria a explicação para isso? Mohammed não sabe a resposta.

"Será que isso é ambiental, genético, ambos? Não sabemos. É um grande mistério".

Felizmente, o US Centre for Disease Control and Prevention acaba de aprovar financiamento para pesquisas sobre o assunto. Talvez sejam necessários mais estudos na Etiópia e entre comunidades de etíopes vivendo no exterior.

E de volta a Addis Abeba, os anos se passaram e hoje o filho de Zemi, Jojo, é um jovem de 20 anos.

A mãe o descreve como "um jovem bonito, com muitas vitórias". Recentemente, ele começou a dizer algumas palavras.

"Ele está prestes a falar. Estou tão animada com isso! As coisas estão caminhando".

Histórias como a de Jojo e a de Addis enchem de esperança famílias afetadas pelo autismo no mundo inteiro.

Compreenda:

Autismo
Uma deficiência do desenvolvimento neurológico que se manifesta por meio de dificuldades de interação social e de comunicação, falta de imaginação e de brincadeiras criativas.

Com frequência, as crianças não parecem afetadas pelo problema quando bebês. Alcançam todas as metas de desenvolvimento esperadas, incluindo as primeiras manifestações da fala, mas não apresentam comportamento social normal entre um e três anos de idade.

Outras características típicas são má coordenação, falta de contato olho no olho e ausência de expressões faciais. Crianças com autismo podem ter dificuldade de falar normalmente e 75% delas também apresentam dificuldades de aprendizado.

Crianças autistas frequentemente possuem talentos extraordinários, como, por exemplo, são exímias desenhistas, matemáticas, musicistas ou são dotadas de memória fotográfica. Não existe cura ou tratamento para o autismo.

BBC Brasil

Traficante morava em mansão cercada por barracos

Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, é um dos cinco traficantes presos na última quarta-feira, quando tentavam escapar da Rocinha escoltados por três policiais civis e dois policiais militares

O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) descobriu na manhã deste domingo, 13, a casa de Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, um dos cinco traficantes presos na última quarta-feira, quando tentavam escapar da Rocinha escoltados por três policiais civis e dois policiais militares. A mansão de três andares está repleta de equipamentos novos e caros. Fica cercada por barracos e casas humildes na cercanias da Rua 2, no alto da comunidade.

Ex-chefe do tráfico de drogas do Complexo de São Carlos, no centro do Rio, Peixe tinha piscina, equipamentos de musculação, churrasqueira, um aquário com mais de dez peixes, cozinha completa (com eletrodomésticos em inox) e equipamentos de TV e vídeo de última geração. No quarto há uma banheira de hidromassagem, ar-codicionado e muita bebida alcoólica.



Estadão

Campanha alerta para os riscos de doenças cardiovasculares



Lembrado desde 2007, Dia Nacional de Prevenção de Arritmias Cardíacas e Morte Súbita vem mobilizando centenas de cardiologistas de todo o país

Neste sábado, ocorreu o Dia Nacional de Prevenção de Arritmias Cardíacas e Morte Súbita, organizado pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). Realizada desde 2007, a campanha tem como um dos pilares a conscientização da população a respeito das arritmias cardíacas e da morte súbita, mobilizando centenas de cardiologistas de todo o país. A Sobrac também quer esclarecer órgãos públicos e privados sobre a importância da presença do desfibrilador externo automático (DEA) em locais de grande circulação de pessoas.

— Apesar do grande número de vítimas, a morte súbita necessita ser melhor divulgada no Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou recentemente que as doenças cardiovasculares matam mais que quaisquer outras, incluindo o câncer — ressalta o eletrofisiologista Eduardo Bartholomay, coordenador da campanha no Rio Grande do Sul em 2011.

Com a Campanha Coração na Batida Certa, a entidade quer alertar a população a respeito dos riscos das arritmias cardíacas e da morte súbita, que, juntas, vitimam mais de 300 mil pessoas todos os anos. A morte súbita é considerada um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, acometendo, na maioria das vezes, pessoas na faixa etária produtiva, bem como atletas — jovens e saudáveis.

A atenção da Sobrac também está voltada para os programas de treinamento para socorristas e o uso correto do DEA, tornando relevante a discussão do equipamento em locais como vias públicas, aeroportos e estádios de futebol.

— Estes equipamentos desempenham função vital. O Brasil terá destaque mundial nos dois eventos esportivos de maior repercussão internacional: a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016), em que a grande concentração de público torna o DEA ainda mais relevante — ressalta o presidente da Sobrac Guilherme Fenelon.

Trata-se de uma questão que merece atenção permanente. O tratamento preventivo das arritmias permite evitar o grande número de casos de óbitos, segundo o médico Enrique Pachón, do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo.

— Um método muito utilizado para o tratamento definitivo das arritmias é a ablação por radiofrequência termocontrolada por computador, sem necessidade de cirurgia. Esse foi o maior avanço no tratamento nos últimos tempos — ressalta.

Saiba mais
As doenças cardiovasculares são responsáveis pela maior causa de mortalidade em todo mundo. Na distribuição global das causas de morte, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), elas apresentam a maior incidência, sobrepondo neoplasias (câncer de pulmão e mama), traumas por acidentes de trânsito e até Aids. Juntas, as arritmias cardíacas e a morte súbita vitimam mais de 300 mil pessoas todos os anos.

As arritmias podem surgir em indivíduos aparentemente normais mas, quando benignas e com tratamento adequado, são passíveis de controle ou até cura. Dentre as arritmias malignas, a fibrilação ventricular é a mais grave porque leva ao óbito cerebral em poucos minutos. É o principal mecanismo de morte súbita cardíaca, que atinge mais o sexo masculino, aumentando com a idade (pico entre 45 e 75 anos) e, em 80% dos casos, tem relação com a doença arterial coronariana.

A parada cardíaca tem sucesso de recuperação quando realizadas manobras de ressuscitação cardiopulmonares imediatas. A ajuda do desfibrilador automático externo (DEA) depende diretamente do tempo transcorrido entre o pedido de socorro e a desfibrilação, sendo que as chances diminuem cerca de 10% a cada minuto de atraso.

Bem-estar

PM informa que Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu já foram ocupados


O chefe da Polícia Militar afirmou que não houve nenhum incidente e nenhum tiro disparado. Ainda não há informações de presos e de material apreendido. Segundo o chefe da PM, um balanço será feito posteriormente.

G1

Pintor é suspeito por morte de irmãs em Mogi das Cruzes, diz polícia


Jovens foram encontradas mortas pelo pai na sexta-feira (11) à noite.
Homem que trabalhava na casa confessou o crime, segundo a polícia.


A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que um pintor é o principal suspeito pela morte de duas irmãs em um bairro nobre de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Os corpos foram encontrados pelo pai delas dentro de casa por volta das 19h de sexta-feira (11). A justiça decretou a prisão do pintor por 30 dias. Ele era um velho conhecido da família.

Uma das vítimas tinha 21 anos e era estagiária do fórum da cidade. Ela foi a primeira a ser morta. A outra tinha apenas 16 anos. Ela foi morta ao descer à cozinha para pegar leite. De acordo com a polícia, elas foram esfaqueadas na garganta. Peritos encontraram sinais de estupro em pelo menos uma delas.

O pintor que trabalhava na casa disse inicialmente que lutou com os três criminosos que invadiram a residência. Ele estava ferido. Ele contou a polícia que se cortou para forjar o ataque. Os pais contaram à polícia que as moças vinham recebendo ameaças de morte por telefone.

G1

Engenheiro substitui dor por ação contra a impunidade no trânsito



Após perder o filho, Fernando Diniz se tornou um ativista contra os acidentes

RIO - Naquele fim de noite, em março de 2003, o engenheiro Fernando Diniz estava inquieto. A mulher já tinha ido se deitar, e o filho, Fabrício, de 20 anos, estava demorando para chegar em casa. Não era para ele demorar tanto. O rapaz tinha saído com amigos para brincar de jogos eletrônicos no shopping Downtown e prometera retornar cedo. Já havia até telefonado dizendo que estava voltando. E o shopping era tão perto do apartamento da família, ali nas imediações da Praça do Ó, na Barra da Tijuca. Diniz foi para a varanda tentar ver o filho chegando de carro. Mas nada. Tomou, então, a decisão que resultaria na pior notícia que já recebeu na vida: tentou localizar Fabrício pelo telefone celular. Foi assim que descobriu o verdadeiro significado do que ele chama de "uma noite tenebrosa". Fabrício nunca chegou em casa.

Na semana retrasada, oito anos depois, o mesmo engenheiro se via às voltas com a burocracia da prefeitura para conseguir um espaço onde possa erguer um monumento às vítimas do trânsito. Ele queria que tudo estivesse pronto até o dia 21 de novembro, quando, como acontece em todo o terceiro domingo de novembro, por determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS), marca-se a passagem do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.

Não vai dar tempo. Mas nem por isso Diniz vai deixar o domingo passar em branco. Hoje, o engenheiro é o criador e presidente da organização não governamental Trânsito Amigo. Alguma coisa ele há de fazer para que vítimas, como Fabrício, não sejam esquecidas no dia dedicado a elas. Tem sido assim desde aquela "noite tenebrosa".

— Fiquei perdido na primeira semana — relata agora Diniz. — Mas, na ocasião, fui entrevistado por uma repórter do GLOBO, Maria Elisa Alves. Quando li a reportagem, vi uma frase minha que soava como clichê: "Vou transformar meu luto em luta". Mas acreditei naquilo. Resolvi lidar com a ausência do meu filho de uma forma produtiva. Fui de encontro ao trânsito que tinha ceifado a vida dele. Trabalho em prol de um trânsito mais justo e mais humano.

Três semanas depois da morte de Fabrício, Diniz estava com uma turma de amigos do filho, todos vestindo camisetas com a foto do rapaz estampada na frente, divulgando a campanha Amigo da Vez nos bares do Downtown. Era uma ação de impacto. Os integrantes do grupo pediam que o dono do bar tocasse uma fita com hits do momento produzida por eles. No meio da fita, a música era interrompida pelo som de um acidente de automóvel. Um locutor, então, anunciava: "Este acidente ainda não ocorreu." Para evitá-lo, a turma pedia aos frequentadores que escolhessem um amigo que não tinha bebido para dirigir o carro que os levaria de volta para casa. E que assim procedessem sempre: a cada saída, elegendo um "amigo da vez".

Desde então, ele sabe que deve agir em vez de esperar uma ação do governo para diminuir o número de acidentes no trânsito.

— O mundo inteiro começa a tomar providências a respeito. Nós estamos na contramão do processo. Depois do novo Código de Trânsito Brasileiro, de 1998, passou-se a usar cinto de segurança nos bancos da frente. Os motoristas sabiam que, se não o fizessem, seriam multados. Mas, hoje, caso houvesse um número suficiente de fiscais de trânsito, como seria feita a fiscalização se os carros andam com insulfilm (película aplicada nos vidros que escurece o interior dos automóveis)? O Brasil possui 60 milhões de veículos. Até 2020, a frota de motocicletas vai superar a de automóveis. Como fiscalizar isso tudo? A frota aumenta 10% ao ano, e o número de fiscais não aumenta. Eu subo a serra no fim de semana para minha casa em Secretário e vejo os postos da Polícia Rodoviária abandonados. Não há uma ação do governo contra o trânsito irresponsável. O governo fez as pessoas comprarem carros, mas não ensina como utilizá-los. Hoje, todo mundo tem carro. Mas é uma geração que não viu seus pais dirigirem. Não teve em casa a educação para o trânsito.

Não era para Fabrício sair naquela noite. Na manhã seguinte, bem cedo, ele deveria estar pronto e em jejum de 12 horas para fazer um exame de sangue. Ele prometeu ao pai que não iria beber, nem comer nada. E cumpriu o prometido. Só queria passar um tempo com alguns amigos e a namorada. Não queria nem dirigir. Foi por isso que, depois de procurar pela internet a companhia dos colegas de sempre, acabou aceitando a carona de um rapaz que nem era tão amigo assim. Ele só estava na turma há uns dois meses.

De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o total de veículos no Brasil mais que dobrou em dez anos e atingiu a marca de 64.817.974 em dezembro do ano passado, o que significa um aumento de 119% no período. Foram mais de 35 milhões de carros que chegaram às ruas em dez anos.

Aos 64 anos, Fernando Diniz divide seu tempo entre o trabalho na Petrobras e a dedicação à ONG. Em nome dela, ele faz palestras e participa de seminários, sempre contando sua experiência pessoal e emitindo sua opinião sobre como a legislação deveria agir com responsáveis por acidentes de trânsito. E não deixou que o que restou de sua família (ele ainda tem uma filha, Fernanda, hoje com 26 anos) interrompesse a vida após a morte de Fabrício. Em seu cartão de visitas, pode-se ler a máxima "Prosseguir é preciso".

— Nós, vítimas, não podemos ficar detidos em casa entre quatro paredes. Através da dor, você cresce. Eu e minha mulher percebemos que precisávamos trazer outras vítimas de trânsito para junto de nós. Elas também deviam estar sofrendo. Criei a Trânsito Amigo em memória de Fabrício, mas ela pertence à sociedade.
 
— Comecei só com a vertente da solidariedade. Se as vítimas são católicas, eu chamo para rezarmos o terço juntos (Diniz tem sempre um terço no bolso direito da calça). Mas isso é pouco. Eu preciso de mais.

O "mais" de Fernando Diniz é mudar a legislação. Ele apoia a Lei Seca, mas torce pela criação de uma delegacia especializada em crimes de trânsito. Pensa nisso desde aquela "noite tenebrosa", quando, enquanto velava o corpo do filho no asfalto da Avenida das Américas, foi procurado por um funcionário de funerária que queria que ele escolhesse uma corbeille para o enterro, e por um advogado que tentava fazer com que ele abrisse mão do Dpvat (o seguro de danos pessoais, pago por todos os proprietários de veículos do país e ao qual todos os brasileiros têm direito).

— Eu me senti um marginalizado na delegacia, quando fui registrar a ocorrência do acidente. Eu e a mãe de duas jovens que morreram com meu filho. É preciso que as delegacias tenham uma assistente social para atender as vítimas de trânsito que sofrem a dor da perda. É preciso divulgar o direito que a sociedade tem ao DPVAT. Se a vítima contratar um advogado, o seguro demora, pelo menos, 60 dias para ser pago. Esse pagamento tem que ser feito de forma mais ágil.

De acordo com o testemunho de uma sobrevivente do desastre que vitimou Fabrício, o motorista do carro fez o caminho do shopping à Praça do Ó em alta velocidade e "cortando" os veículos que estavam à sua frente. Freava, "cortava", acelerava, freava... À certa altura, perdeu a direção. O carro capotou e bateu num poste. A velocidade era tanta que o poste tombou. O motorista e o carona, que usavam cintos de segurança, sobreviveram. No banco de trás, ninguém usava cinto. Uma garota foi lançada para longe do carro. Fabrício e a namorada ficaram presos nas ferragens.

A Trânsito Amigo busca fazer ações propositivas junto a parlamentares para cobrar leis mais severas que minimizem os efeitos do trânsito, principalmente, que acabem com a impunidade.

— Participou de "pega", bebeu ou estava em alta velocidade, isso não é acidente — analisa Diniz. — É ocorrência.

A ONG luta para que os causadores de acidentes com vítimas no trânsito não sejam acusados de homicídio culposo (aquele em que não houve intenção de matar), mas de homicídio doloso.

Diniz é contra também a sentença de pena alternativa que faz com que o culpado se responsabilize apenas por pagamentos de cestas básicas.

— Com essas penas, os juízes estão comparando a vida de nossos filhos com grãos de arroz e feijão.

A ideia agora é que seja aprovado o Projeto de Lei 798/07, que já tramita na Câmara dos Deputados e que "estabelece que as penas alternativas aplicadas a quem praticou crime de trânsito sejam cumpridas em ambientes relacionados ao resgate, atendimento ou recuperação de vítimas."

Fernando Diniz propõe que o culpado seja privado de bebida e diversão. Por isso, a pena seria cumprida nas noites de sexta-feira, sábado e domingo. O pagamento de cestas básicas seria substituído, num primeiro momento, pelo acompanhamento de equipe de Corpo de Bombeiros no atendimento a vítimas de trânsito.

— Alguém do contra pode dizer que eles não estão preparados para ver acidentes. Pois eu também não estava!

Num segundo momento, eles dariam plantão nos hospitais da rede pública para ver o estado em que as vítimas chegam. E, num terceiro, iriam prestar serviços em hospitais e clínicas de recuperação.

— Isso é mais educativo e corretivo do que uma cesta básica — diz Diniz.

Quando Fernando Diniz telefonou para o filho, foi atendido por uma voz estranha. "Desculpe-me, é engano", falou. "Não. Quem está falando?", quis saber o dono da voz, um policial, como se soube mais tarde. "Eu estava ligando para o Fabrício. Sou pai dele." O policial retrucou: "Houve um acidente. O senhor precisa vir aqui", e deu a localização. "Mas como está meu filho?" O policial apenas repetiu: "O senhor precisa vir aqui". O engenheiro insistiu: "Mas ele está vivo?" O policial desligou o telefone, e teve início a "noite tenebrosa" de Fernando Diniz.

O Globo
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