sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ELOÁ, LINDEMBERG E A JUSTIÇA PARA INGLÊS VER.


Mais uma vez, como numa grande partida de futebol, o populacho delirou ao saber da condenação de Lindemberg Alves – o assassino de Eloá Pimentel – a mais de noventa e oito anos de cadeia. Infelizmente, o que o parecem desconhecer é o fato de que, no país onde o crime compensa, ser condenado a noventa e oito anos de cadeia é apenas mais uma farsa.

Como se já não bastasse a aberração legal, disfarçada de preocupação com os direitos humanos, que restringe o cumprimento de pena a meros trinta anos de reclusão; fazendo com que o criminoso brasileiro goze da possibilidade de matar milhões e jamais pagar com uma sentença pífia por seus crimes. Ainda se colocam as famílias das vítimas verdadeiramente a ver navios e, em alguns casos, a reviver o drama e o trauma da morte de seu ente querido ou conviver com o risco da ameaça psicológica constante da libertação de seu algoz em pouquíssimo tempo.

Mesmo que cumpra os trinta anos de cadeia; Lindemberg sairá jovem e forte da cadeia. Apto a assassinar mais algumas Eloás incautas, que ousarem decidir que não o querem mais por perto. Afinal, com apenas vinte e cinco anos, Lindemberg sairá da cadeia com meros cinquenta e dois anos (afinal já cumpriu uns três anos). Estará, pois, na flor da idade.

Sua frieza e sua inacreditável aparência robusta deixam bem claros para todos a impressão de que o assassino tem boa comida e certa tranquilidade na cadeia onde cumpre sua pena. Pois, quando em liberdade, seu físico era franzino e até parecia padecer de má alimentação. Tudo isso é claro, gozando de um gordo auxílio reclusão de mais de R$ 800,00 mensais (garantidos no governo Lula), além do que faturar no presídio se exercer algum trabalho durante sua pena. Nem vou mencionar os gastos para mantê-lo gordinho na cadeia. Isso, já sabemos, custa mais do que o governo gasta com um aluno ou com um trabalhador no “seguro” do INSS.

De certo mesmo, para definir seu grau de psicopatia, resta a sua fria declaração ao ser preso: “Estou feliz. Ela está morta e eu estou vivo”. Esse é o retrato do jovem que será engordado e sustentado a pão-de-ló num sistema penitenciário criado sob medida para homens como ele.

Todas essas reflexões, caro leitor, são apenas baseadas no provável cumprimento dos trinta anos de cadeia aos quais foi condenado. Mas, como bem sabemos, Lindemberg é primário e – no Brasil – isso concede a qualquer cidadão uma licença automática para matar. Não faltarão advogados interessados em defender os direitos humanos do pobre menino injustiçado e esmagado pela mídia, acenando com os inúmeros benefícios que o aguardam durante esses anos de reclusão faltantes. Lindemberg jamais cumprirá sequer a metade desses trinta anos de cadeia e não me surpreenderia se, daqui a dez anos (ou menos), ele estiver de volta às ruas perseguindo as famílias de suas novas vítimas.

O nobre leitor causídico, com vasta experiência no direito, refuta?

Ora! Para vocês cito o exemplo vivo do que são capazes nossas leis unidas a um bom advogado: Os assassinos da jovem atriz Daniela Perez foram condenados a dezenove anos e seis meses de prisão – também por homicídio triplamente qualificado – não amargaram seis anos de cadeia. Além disso, pouco depois de libertados, reconquistaram o status de “primariedade” renovando sua licença para matar; obrigando a mãe de sua vítima a realizar uma cruzada em prol de uma mudança na legislação.

Querem outro absurdo? Salvatore Cacciola. Fugiu e ficou anos na Itália curtindo a grana que roubou aqui. Foi capturado por acaso, num esquecimento fatal de sua parte, e poucos meses depois de encarcerado no presídio em Bangu, ganhou “progressão de regime”; ficando livre para fugir de novo quando quiser.

Em que outro lugar do planeta um réu que já se evadiu, tem vastos recursos para tal e é de difícil extradição ganharia novamente liberdade condicional ou qualquer benefício penal?

Devemos, uma vez por todas, acabar com essa falácia de que cadeia deve recuperar alguém e remodelar o caráter do preso. Cadeia é para punir e afastar facínoras e psicopatas perigosos do convívio com a sociedade.

Quem pode, em sã consciência alegar que um Fernandinho Beira-Mar, um Elias Maluco, um FB, um Champinha – perigosíssimo psicopata que estaria livre se não fosse uma manobra legal de um grupo de advogados e das famílias de suas vítimas – e tantos outros criminosos contumazes ou elementos que cometeram crimes violentos vão se recuperar e viver licitamente em sociedade?

Nem se ficassem internados em uma prisão Suíça meus caros. Em nosso meio há um número de indivíduos predestinados geneticamente a serem marginais da lei. A ciência comprova o fato de haver cerca de três a seis por cento de psicopatas na população mundial.

Se hoje somamos seis bilhões de pessoas no planeta, esses são números consideráveis. Portanto, são indivíduos irrecuperáveis e altamente perniciosos para a sociedade. Devendo ser eliminados ou internados em instituições penais por toda a vida ou até não serem mais capazes de oferecer qualquer risco a terceiros.

Compreender que a “justiça para inglês ver” e essas falsas sentenças judiciais, na verdade, premiam os criminosos transformando as famílias das vítimas e a sociedade em novos alvos para a sanha assassina desses criminosos. A isso de soma a péssima performance das polícias judiciárias (que não elucidam – ou mesmo investigam – noventa e cinco por cento dos crimes) são a fonte interminável de impunidade, mortandade e alimentam o ciclo eterno de violência que experimentamos em nosso país.

Infelizmente, para mudar isso só com uma enorme pressão popular. Pois, os próprios legisladores, elaboram leis frágeis e criam benefícios penais dos mais diversos, justamente com medo de um dia virem a experimentar o longo braço da lei.

Felizmente, para eles, hoje o braço da lei aqui no Brasil não é longo e muito menos forte.

Acabar com a impunidade e fazer o delinquente ter a certeza de que será apanhado e punido rápida e severamente é a única forma de diminuir a violência e levar nossa sociedade a um patamar de maior tranquilidade e mais liberdade para quem realmente a merece.

E você, o que pensa disso?

Arthurius Maximus

Visão Panorâmica

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Lindemberg é condenado a 98 anos e 10 meses pela morte de Eloá em Santo André


Lindemberg Alves, de 25 anos, foi condenado a pena máxima pelo assassinato da ex-namorada Eloá Pimentel, em Santo André, ABC paulista. Após quatro dias de julgamento, a juíza Milena Dias deu a sentença na tarde desta quinta-feira, 16. O crime ocorreu em 2008.
Ele foi condenado por 12 crimes, incluindo homicídio doloso de Eloá, dupla tentativa de homicídio contra Nayara Rodrigues e o sargento da PM Atos Valeriano (ambos baleados), cárcere privado e disparo de arma de fogo. Ao todo, Milena o condenou a 98 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, mais pagamento de 1.320 dias/multa. No entanto, pela legislação penal brasileira, o tempo máximo de prisão é 30 anos.


O júri era formado por sete pessoas – seis homens e uma mulher – que ouviram os depoimentos de 13 testemunhas e do réu durante a semana de julgamento. Depois dos debates da promotoria e defesa, os jurados se reuniram para responder um formulário com cerca de 50 questões sobre o caso.
Lindemberg falou pela primeira vez sobre os dias de cárcere no apartamento da ex-namorada em juízo. O acusado foi a última pessoa a ser ouvida. Durante o depoimento, logo após pedir perdão à família de Eloá, ele assumiu que atirou contra a garota. A mãe da vítima, Ana Cristina Pimentel, não acompanhou o dia de oitivas do acusado.

Segundo o depoimento dele, o assassinato não foi intencional. “Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido”. O jovem disse que ficou surpreso com a chegada da polícia nos arredores do prédio e se apavorou.
Durante o julgamento, a advogada de Lindemberg, Ana Lucia Assad, tentou apontar corresponsáveis pelo crime, como mídia pela cobertura e a polícia pela ação de invasão ao apartamento, além de amenizar a imagem do acusado. Ela também deixou claro, no último dia, durante os debates, que não esperava que Lindemberg fosse absolvido. “Ele errou e deve pagar por isso”, afirmou.
Ana Lucia, porém, tentou convencer os jurados de que Lindemberg deveria ter as acusações amenizadas. Segundo a defesa do réu, as acusações teriam de ser homicídio culposo (quando não há intenção) pela morte de Eloá; dupla lesão corporal culposa pelos disparos que atingiram Nayara Rodrigues e um PM; e ser absolvido da acusação de cárcere privado contra os amigos de Eloá.

Veja como foi o julgamento:
3º dia – Lindemberg fala pela 1ª vez, admite ter atirado em Eloá
2º dia – Policial volta a dizer que tiro motivou invasão ao apartamento

Relembre o crime
Há três anos, Lindemberg foi responsável pelo mais longo caso de cárcere privado do Estado de São Paulo, acompanhado em tempo real por todo o País. Às 13h30 do dia 13 de outubro de 2008, o auxiliar de produção invadiu um pequeno apartamento em um conjunto habitacional de Santo André, onde quatro adolescentes estudavam.
Inconformado com o fim do namoro com Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, Lindemberg, então com 22, fez reféns a jovem, a melhor amiga dela, Nayara Rodrigues da Silva, e dois rapazes. Às 20h, o pai de um dos meninos, estranhando a demora do filho, bateu à porta do apartamento em que Eloá morava e ouviu Nayara dizer para ele se afastar.

A polícia foi acionada e faz cerco ao local. No mesmo dia, os dois garotos foram liberados, mas as amigas ficaram sob a mira do revólver de Lindemberg. Do lado de fora, jornalistas, policiais e populares acompanhavam o sequestro.
No final da noite do dia seguinte, Nayara foi libertada pelo sequestrador. A garota, em uma decisão criticada, voltaria na manhã do dia 15 ao cárcere, depois de já ter prestado depoimento à polícia, para negociar. Nayara só sairia de novo do local, ferida, no dia 17, com Eloá e Lindemberg.
Às 18h08 daquela sexta-feira, policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), em ação polêmica, invadiram o apartamento. Tiros foram disparados. Eloá e Nayara foram atingidas: Eloá, na virilha e na cabeça, e a amiga, no rosto. Lindemberg, sem ferimentos, foi detido e levado para o 6º DP. A ex-namorada morreria no dia seguinte, às 23h30.

Blogs Estadão

Saiba como proteger crianças de ataques de cães



Policiais do canil do Batalhão de Operações Especiais orientam como agir para evitar ataques e como se defender de cães ferozes

Zero Hora

Lindemberg é condenado a 98 anos de prisão pela morte de Eloá Pimentel


São Paulo, 16 fev (EFE).- Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel na cidade de Santo André, no ABC Paulista, em outubro de 2008, foi condenado nesta quinta-feira a 98 anos e dez meses de prisão, segundo veredito da juíza Milena Dias. rsd/rsd
"Copyright Efe - Todos os direitos de reprodução e representação são reservados para a Agência Efe."

EFE

R7

Veja as perguntas feitas ao júri do caso Eloá


Os sete jurados que compõem o conselho de sentença que vai definir o destino de Lindemberg Alves Fernandes, 25, já terminaram de votar os quesitos que tratam da acusação contra Lindemberg. Agora, a juíza Milena Dias vai calcular a pena e redigir a sentença, segundo a assessoria de imprensa do TJ-SP

Lindemberg é julgado por 12 crimes: homicídio (contra Eloá), duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues e o sargento Atos Valeriano), cinco ocorrências de cárcere privado (contra Eloá, Vitor Lopes, Iago Oliveira e duas vezes contra Nayara) e quatro disparos de arma de fogo.

No Tribunal do Júri, a votação é feita na forma de perguntas e respostas. O juiz manda distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo sete delas a palavra "sim" e sete a palavra "não".

Em seguida, faz perguntas para que os jurados decidam se houve cada um dos crimes a que o réu responde, e se ele é o autor ou teve participação neles. Após cada pergunta, um oficial de justiça recolhe, em urnas separadas, as cédulas dos votos válidos e as não utilizadas.

Na apuração, acompanhada também pela acusação e defesa, mais de três respostas negativas significam a absolvição do acusado. Caso haja mais de três repostas afirmativas, segue-se para a próxima pergunta: "O jurado absolve o acusado?".

Novamente, uma maioria de votos "sim" representa a absolvição dos acusados, já uma maioria de "não" leva a mais perguntas sobre fatos que podem levar a um aumento ou diminuição da pena.

Após a decisão dos jurados sobre cada crime, o juiz redige a sentença. É ela que determina a absolvição do réu --e sua soltura caso esteja preso apenas por aquela acusação-- ou o tamanho da pena e em qual regime vai cumpri-la.

Caso seja condenado por todos os crimes, a pena de Lindemberg pode ficar entre 50 e 100 anos de prisão, segundo a Promotoria.

Pela legislação brasileira, porém, um condenado pode passar no máximo 30 anos encarcerado. Mesmo assim, o tamanho da pena é importante para os cálculos feitos em pedidos de progressão para os regimes semiaberto (em que o preso apenas dorme na prisão) ou aberto.

VEJA AS PERGUNTAS RESPONDIDAS PELOS JURADOS


1ª série - em relação à vítima Eloá


A vítima sofreu disparo de arma de fogo que causou sua morte?

Foi o réu Lindemberg que efetuou os disparos?

Lindemberg agiu por imprudência?

O jurado absolve o réu?

O réu agiu por motivo torpe (vingança)?

O crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima?

2ª série - em relação a Nayara

A vítima sofreu disparo de arma de fogo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

Foi tentativa de homicídio?

O jurado absolve o réu?

O disparo foi por motivo torpe (vingança)?

O crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima?

3ª série - em relação ao sargento Atos

A vítima sofreu disparo de arma de fogo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

Foi tentativa de homicídio?

O jurado absolve o réu?

O crime foi executado para assegurar a prática de outros crimes?

4ª série - em relação ao cárcere privado de Eloá

A vítima foi privada de sua liberdade, ficando em cárcere privado?

Lindemberg foi o responsável?

O jurado absolve o acusado?

A vítima era menor de idade?

5ª série - em relação ao 1º cárcere privado de Nayara

A vítima foi privada de sua liberdade, ficando em cárcere privado?

Lindemberg foi o responsável?

O jurado absolve o acusado?

A vítima era menor de idade?

6ª série - em relação ao 2º cárcere privado de Nayara

A vítima foi privada de sua liberdade, ficando em cárcere privado?

Lindemberg foi o responsável?

O jurado absolve o acusado?

A vítima era menor de idade?

7ª série - em relação ao cárcere privado de Victor

A vítima foi privada de sua liberdade, ficando em cárcere privado?

Lindemberg foi o responsável?

O jurado absolve o acusado?

A vítima era menor de idade?

8ª série - em relação ao cárcere privado de Iago

A vítima foi privada de sua liberdade, ficando em cárcere privado?

Lindemberg foi o responsável?

O jurado absolve o acusado?

A vítima era menor de idade?

9ª série - em relação ao disparo de arma de fogo do dia 13.out.2008

Houve esse disparo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

O jurado absolve o acusado?

10ª série - em relação ao disparo de arma de fogo do dia 14.out.2008

Houve esse disparo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

O jurado absolve o acusado?

11ª série - em relação ao disparo de arma de fogo do dia 14.out.2008

Houve esse disparo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

O jurado absolve o acusado?

12ª série - em relação ao disparo de arma de fogo do dia 17.out.2008

Houve esse disparo?

O disparo foi efetuado pelo réu?

O jurado absolve o acusado?

Vídeo mostra agressão de técnica de enfermagem a menino de 8 anos


Família registrou ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia de Viamão.
Menino sofre de doença rara e ganhou na Justiça direito de ter assistência.


Uma câmera escondida instalada por pais de um menino de oito anos flagrou a agressão de uma técnica de enfermagem na última terça-feira (14), em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. João Pedro sofre de uma doença genética rara e conquistou na Justiça o direito de receber assistência médica em casa. Nas imagens, enviadas pelo pai da criança ao VC no G1, a mulher aparece puxando o menino pelos cabelos. Em seguida, o joga na cama e puxa pelas pernas.

A mãe, Uliana Prates, chega ao quarto ao final da filmagem. "Foi instintivo. Senti uma coisa ruim e fui até o quarto. Fiquei muito revoltada depois de ver as imagens. Eu não percebi o que tinha ocorrido naquele momento", conta. A família instalou as câmeras no quarto do menino após notar hematomas frequentes e suspeitar da técnica em enfermagem, funcionária da empresa Essencial Care, contratada pelo estado para dar suporte a João Pedro.

“Ele nasceu com essa doença que os médicos chamam de translocação cromossômica e passou por muito tempo em um hospital. Desde que saiu, necessita de cuidados especiais e por isso uma empresa especializada em atendimento domiciliar foi contratada”, relata a mãe. A doença prejudica o desenvolvimento neurológico e motor do menino.

Na quarta-feira (15), os pais registraram ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia de Viamão. O delegado responsável pelo caso, Cleiton Freitas, disse que instaurou inquérito e que as intimações judiciais estão sendo preparadas. Contatada pelo G1, a Essencial Care divulgou nota afirmando que já foi intimada, mas que só se pronunciará após tomar conhecimento dos fatos do processo, quando "serão tomandas as medidas pertinentes".

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) diz que recebeu por e-mail uma denúncia da mãe em dezembro, questionando as condições de trabalho dos profissionais da empresa. "A mãe não cita a agressão. A denúncia é prioridade de averiguação do Coren. Vamos apurar o caso", disse a coordenadora administrativa de fiscalização do Coren, Roberta Almeida.

G1

Menina de 12 anos é estuprada em ônibus no Jardim Botânico


Homem armado pediu que ela fosse para os fundos do veículo

RIO - Uma menina, de 12 anos, foi vítima de estupro dentro de um ônibus da linha 162 (Glória/Leblon), da Viação São Silvestre, na tarde de quarta-feira. Segundo relatos da menina, na 15ª DP (Gávea), ela estava sentada no coletivo quando um homem armado pediu que ela fosse para parte traseira do veículo com ele. O estuprador mandou que ela tirasse a calça e consumou o ato. No momento do estupro, o ônibus passava pela Rua Jardim Botânico. Além da vítima, outras duas passageiras estavam no coletivo. Elas não viram quando a garota foi estuprada. Logo depois de cometer o crime, o homem ainda tentou passar a mão na perna de uma outra mulher, que gritou. De acordo com o delegado Fábio Barucke, da 15ª DP, o motorista parou o coletivo, e o homem saiu correndo. Ele fugiu em um outro ônibus pelo Jardim Botânico, sentido São Conrado.

Além do motorista, uma cobradora e as duas passageiras já prestaram depoimento. A menina foi encaminhada para o hospital onde tomou o coquetel anti-Aids. Ela também passou por exames de corpo delito. A polícia quer tentar localizar o estuprador pelas imagens gravadas dentro do ônibus. Ele é mulato, tem cerca de 1,60 metro, tem uma cicatriz no braço direito e vestia blusa vermelha e calça, além de usar o cabelo raspado.

Conforme uma das passageiras, o estuprador pegou o coletivo por volta das 12h30m, quando ele passou na esquina da Rua Conde de Bernadote, no Leblon. A menina, que mora na Zona Sul, usava a roupa de colégio no momento do estupro.

O delegado pediu para que as pessoas que tenham informações sobre esse homem entrem em contato com a 15ª DP por meio do telefone 2332-2905 ou pelo Disque-Denúncia 2253-1177.

O Globo


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sem empregos e educação, milhões ficam à margem de crescimento brasileiro


Ao chegar de carro por uma estrada de terra arenosa, uma placa dá as boas-vindas a Assunção do Piauí, "a capital do feijão". Mas as letras desbotadas, quase apagadas, deixam claro que a principal atividade econômica local já viu melhores dias.

Na pequena cidade, a 270 km de Teresina, as colheitas fracas estão fazendo muitos desistirem de plantar feijão.

"Aqui é assim, a gente só trabalha no escuro. Num ano dá e no outro não dá", diz a dona de casa Francisca Pereira Moreno, mãe de cinco filhos.

Depois de conversar com alguns moradores de Assunção, perguntar onde cada um trabalha parece perder sentido. Os principais empregos da cidade são na prefeitura local, mas para adultos como Francisca, que não sabe ler nem escrever, a única opção está na roça ou nos serviços domésticos. Sem alternativas, a maioria sobrevive do Bolsa Família.

"Tem que ter o Bolsa Família. Porque a renda aqui do feijão não está dando dinheiro. Dá R$ 60, R$ 70", diz Francisca.

A cidade é um dos retratos de um Brasil que ficou praticamente à margem do crescimento econômico nacional registrado nos últimos anos e que tem colocado o país próximo de economias consideradas de primeiro mundo como a Grã-Bretanha.

Apesar do recuo constante da pobreza desde o início do Plano Real, em 1994, e da emergência da classe C, na última década, o país ainda tem focos de pobreza extrema que se caracterizam por baixo rendimento domiciliar, acesso limitado a serviços como saúde e educação e poucas perspectivas de trabalho para os moradores locais.

Oportunidades insuficientes

“Com o crescimento e a geração de empregos, uma parte da população saiu da pobreza extrema. (Mas) as oportunidades não foram suficientes para todos – sobraram os com menos condições de aproveitar, como os que não tinham vínculos com o mercado de trabalho ou acesso à Previdência e à assistência social”, explicou Rafael Osório, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

Segundo o Censo 2010, em média 8,5% da população brasileira ainda vive com renda per capita mensal de até R$ 70. Isso equivale a cerca de 16,2 milhões de pessoas – praticamente a população do estado do Rio de Janeiro.

Com 7,5 mil habitantes, Assunção do Piauí, visitada pela BBC Brasil em janeiro, teve em 2010 o 10º pior rendimento per capita domiciliar do país – uma média de R$ 137 reais, contra R$ 1.180 de São Paulo.

A taxa de analfabetismo é de quase 40% entre pessoas com 15 anos ou mais. A cidade tem quase 1.500 famílias beneficiárias do Bolsa Família.

"Muitos ficam na fila de espera (do programa) porque Assunção já extrapolou a cota que o Ministério do Desenvolvimento estipula para cada cidade", diz a assistente social Ana Alaídes Soares Câmara, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social da cidade.

‘O terço mais difícil’

Desde o Plano Real, a pobreza caiu 67% no Brasil, algo inédito na série estatística, disse à BBC Brasil o pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV. “Falta o último terço, que é o mais difícil da jornada.”

Para Neri, é possível que o número de extremamente pobres seja até menor do que o estimado pelo Censo, se for levada em conta a renda obtida em transações não monetárias, como trocas e agricultura familiar.

“Pelo Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, também do IBGE), essas pessoas seriam 5,5% da população”, disse o pesquisador da FGV.

A incerteza a respeito do tamanho dessa população revela, na verdade, uma boa notícia: como o grupo de extremamente pobres está cada vez menor, eles ficam pouco representados na amostra geral dos brasileiros, explicou Rafael Osório, do Ipea.

“As pessoas extremamente pobres são mais difíceis de se investigar. Algumas sequer são achadas, não interagem com o Estado, não têm documentos, e o acesso a elas é complicado”, disse.

Além disso, a pobreza extrema não é apenas uma questão de renda: diz respeito também à falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, moradia e educação de qualidade, e ao isolamento em relação ao mercado de trabalho.

Faltam atividades econômicas


Mas, um relatório do Ipea tenta traçar um perfil desse Brasil que demora a crescer: em 2009, 41,8% das famílias extremamente pobres eram formadas por casais com uma a três crianças; 29% eram agricultores e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego).

Dados do Censo 2010 indicam que muitos desses bolsões extremamente pobres se concentram em cidades de porte mediano, de entre 10 mil e 50 mil habitantes.

“São cidades onde faltam atividades econômicas”, explicou Osório. “Muitas têm poucos atrativos para empresas e dependem cada vez mais de políticas sociais, e algumas têm um vácuo generacional (sua população economicamente ativa migra em busca de empregos).”

Mas o pesquisador ressalva que não se trata de uma população fixa e estagnada: “Uma parcela tem rendimento incerto e transita entre uma camada de renda e outra. É o caso, por exemplo, de um guardador de carro – se ele ficar doente, perde a renda (e passa a figurar entre os extremamente pobres)”.

Estratégias

Como, então, combater essa pobreza extrema?

A presidente Dilma Rousseff lançou como uma das prioridades de seu governo o programa Brasil Sem Miséria, que tem a ambiciosa meta de erradicar a pobreza extrema até 2014 e que foca as pessoas com renda per capita mensal de até R$ 70.

Iniciado em junho do ano passado, o plano contém ações que complementam o Bolsa Família, com programas para fomentar o emprego, a capacitação profissional e atividades econômicas locais, bem como o aumento da oferta de serviços públicos como saúde, educação e saneamento.

Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil elogiam o foco estabelecido pelo programa, mas o projeto tem óbvias dificuldades em levar serviços, renda e oportunidades para as pessoas mais excluídas.

“É preciso localizar (as populações empobrecidas), levar serviços públicos, com agentes sociais. É algo mais caro, mais artesanal”, afirmou Neri, da FGV.

Para Osório, uma alternativa seria aumentar os valores pagos pelo Bolsa Família. “A maior parte dos extremamente pobres já faz parte do programa. Se aumentarem os valores, daremos um baque na pobreza.”

Mas os pesquisadores concordam que o grande estímulo para a saída da pobreza é a geração de empregos – e o desafio do Brasil é conseguir gerar vagas em áreas mais pobres justamente num momento de desaceleração econômica.

"Gerar empregos depende, em última instância, da economia", disse Osório. "E o cenário é adverso, apesar de ser o melhor caminho. Isso pode não ocorrer com a mesma intensidade do que nos anos de crescimento."

BBC Brasil

Público em frente a fórum no ABC quer condenação de Lindemberg


A movimentação de curiosos foi grande durante os dois primeiros dias de julgamento de Lindemberg Alves, no Fórum de Santo André, no ABC. E, para este terceiro dia, a expectativa deve ser ainda MAIOR. Nesta quarta-feira (15), é provável que se encerre o júri que vai definir se o acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel é realmente culpado pelo crime.

Algumas pessoas querem a pena máxima, enquanto outros querem apenas que ele continue preso. Mas o desejo pela condenação de Lindemberg é unânime. Aos gritos, os populares pedem Justiça

R7

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Advogada de Lindemberg diz que juíza precisa voltar a estudar


Para promotora, houve desacato e a defensora pode responder por isso

A advogada de Lindemberg Alves, Ana Lúcia Assad disse nesta terça-feira (14) em meio ao depoimento da perita criminal Dairse Aparecida Pereira Lopes que a juíza Milena Dias "precisa voltar a estudar". A declaração foi feita logo após a defensora pedir para fazer mais uma pergunta à testemunha com base no "princípio real da verdade". A juíza então declarou que esse princípio não existia e a advogada retrucou.

- Então você precisa voltar a estudar.

Na sequência, a promotora do caso, Daniela Hashimoto, manifestou-se e disse que entendia a resposta como um desacato e que Ana Lúcia poderia responder pelo seu ato. A juíza, no entanto, não deu prosseguimento ao assunto e permitiu que a defesa de Lindemberg voltasse a questionar a perita.

Ana Lúcia questionou Dairse sobre o pedido de correção do número da arma constante nos laudos da perícia e a ela respondeu que é normal esse tipo de correção, uma vez que quando os casos são registrados, muitas vezes são feitos de forma rápida e pode haver algum engano na hora de registrar o número do revólver.

O depoimento durou cerca de 30 minutos. Na sequência, quem começou a prestar depoimento foi o perito Helio Rodrigues Ramaciotti.

Antes da perita, foram ouvidos dois jornalistas que cobriram o caso Rodrigo Hidalgo e Márcio Campos. Durante a fala deles, a advogada tentou culpar a imprensa pelo desfecho do caso, mas foi impedida pela juíza.

Audiência

Após a pausa para almoço, o julgamento foi retomado, por volta das 14h, no Fórum de Santo André, no ABC paulista.

A sessão foi interrompida pouco antes das 13h, após o final do depoimento do irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas. Antes do depoimento do adolescente, houve confusão na sala de audiência. Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, foi dispensada de depor. A dispensa foi solicitada pela própria advogada de defesa do réu, Ana Lucia Assad, que havia pedido o depoimento na segunda-feira (13).

Após o anúncio da dispensa, houve bate-boca entre acusação e defesa. A acusação teria ficado revoltada com a decisão de Ana Lucia e disse que não dispensaria a testemunha. A defensora de Lindemberg, então, teria ficado com raiva e chegou a afirmar que, caso a testemunha não fosse dispensada, ela deixaria o julgamento. Nesse momento, Ana Lucia foi vaiada pela plateia que assiste ao júri.

Depois do tumulto, a acusação decidiu aceitar a dispensa da mãe de Eloá. A advogada de Lindemberg solicitou então à juíza do caso, Milena Dias, que pedisse à plateia para ficar em silêncio durante todo o julgamento. Por volta das 11h50, o irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas, começou a ser ouvido.

Primeiro dia de júri

Na segunda-feira (13), quatro pessoas listadas pela acusação foram ouvidas, desde a adolescente Nayara Rodrigues, que passou grande parte do sequestro ao lado da amiga Eloá, até o sargento Atos Valeriano, que conduziu o início das negociações com Lindemberg. Além deles, prestaram depoimento dois jovens que também estavam no apartamento quando o réu invadiu o local armado.

Durante seu depoimento na segunda, Nayara afirmou que Lindemberg sempre teve intenção de matar Eloá. O depoimento começou por volta das 15h e terminou duas horas depois.

- Ele falou que iria matá-la e sair andando, se Eloá estivesse sozinha no apartamento.

Segundo Nayara, na época do crime, Lindemberg chegou a contar ao pai de Eloá de sua intenção de matar a adolescente então com 15 anos.

- Ele falou para o pai [da Eloá] que se ela não fosse dele não seria de ninguém [...] A intenção dele era matá-la, não tinha muito que negociar. Ele era irredutível.

Já o policial Atos Valeriano contou que Lindemberg atirou contra ele “para provar que não era bonzinho”. De acordo com o PM, essa foi a resposta que obteve do réu quando o questionou sobre o disparo. A partir de então, o policial passou a se esconder atrás de uma parede durante toda a negociação no período do cárcere em 2008. Solicitado por Lindemberg para que mostrasse o rosto, o sargento foi alvo de um novo disparo. Valeriano lembrou que essa segunda bala atingiu a parede cerca de 30 cm acima de sua cabeça e que, na ocasião, pôde sentir areia caindo sobre seu cabelo.

Ainda de acordo com Valeriano, Lindemberg alterava dois estados de humor. Em alguns momentos, ele o ofendia e xingava. Em outras horas, conversava. Entretanto, segundo o policial, sua intenção quanto ao desfecho do sequestro foi sempre a mesma.

- Desde o primeiro momento, ele disse que iria matar os quatro reféns e se matar. Após as duas primeiras vítimas serem liberadas, dizia que iria matar as duas [restantes, Eloá e Nayara] e se matar.

Iago de Oliveira, colega de Eloá que também prestou depoimento na segunda, confirmou que o réu ameaçou de morte todos que estavam no apartamento em Santo André na tarde de 13 de outubro de 2008.

- Teve uma hora que ele disse que ninguém sairia vivo de lá. Ele apontava a arma para todos nós. Outra hora ele dizia que mataria Eloá e depois se mataria.

Após o término do primeiro dia de julgamento, Lindemberg foi levado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde passou a noite.

R7

Dia dos Namorados encontra espaço em meio ao radicalismo no Irã


Influência do capitalismo ocidental faz aumentar vendas de flores, cartões, chocolates e bichinhos de pelúcia em Teerã

O Irã até pode rejeitar as influências ocidentais, mas o Dia dos Namorados tem se tornado um fenômeno crescente graças ao espírito romântico que domina a juventude das classes abastadas da república islâmica. Ainda que a religião dominante e os políticos linha-dura tenham começado uma campanha contra o que chamam de importações culturais "decadentes", o dia cristão dedicado aos namorados consegue sobreviver às críticas.

Parte do motivo pode ser o grande número de jovens no país: 60% da população de 75 milhões de pessoas têm menos de 30 anos, e um em cada três iranianos tem entre 15 e 30 anos. Com grande parte desses jovens ainda solteiros, e com bares, boates e festas mistas banidas do país por leis rígidas, o Dia dos Namorados acaba sendo uma comemoração amorosa tolerada — uma vez que o lado comercial é bastante apreciado pelos comerciantes iranianos.

Muitos comerciantes em Teerã disseram à AFP que a demanda por buquês de rosas, cartões amorosos com a palavra em inglês "love", chocolate, perfume e até bichinhos de pelúcia foi grande este ano, impulsionada por uma tendência crescente dos últimos anos.

O dono de um restaurante italiano, que pediu para não ser identificado, afirmou que neste dia o estabelecimento foi reservado em sua maioria por casais. Elmira, uma arquiteta de 24 anos que se recusou a dar o sobrenome, disse que a maioria dos casais que participa do ritual romântico é jovem e de classe média e alta.

— O comum todo ano é que haja uma troca de presentes e depois saímos para jantar — contou. — O Dia dos Namorados costumava ser legal para mim, mas agora procuro algo mais profundo. Tradições bobas não importam se não há sentimentos envolvidos — completou.

Há indícios, entretanto, de que a paciência das autoridades para com a celebração esteja diminuindo. No ano passado, oficiais proibiram a produção e venda de itens do Dia dos Namorados. Conservadores insistem que não há espaço para tais declarações pouco modestas na devota cultura islâmica. Eles ficam alarmados com o rápido declínio no número de casamentos nos últimos anos, culpando a superficial tendência ocidental. Iranianos ufanistas preferem comemorar seu amor no Mehregan, uma festa pré-islâmica e pouco conhecida, realizada em outubro e que homenageia Mitra, a deusa persa do amor.

Pelo menos por enquanto, jovens casais iranianos ainda podem comemorar do Dia dos Namorados bem ocidental. Saba, uma estudante de artes gráficas de 18 anos da cidade de Mashhad, disse que, para ela, esse dia não é uma questão de adotar o calendário cristão, e sim porque "adora receber presentes e chocolate". Ela, porém, acrescentou que acha mais seguro ir a uma festa particular a ir a um restaurante ou outro lugar público que possa atrair atenções indesejadas da moralista polícia iraniana, que força a adoção de códigos comportamentais e de vestuário baseados no islamismo.

— Ainda que não estejamos fazendo nada não-islâmico nos restaurantes ou cafés, não há muitos lugares seguros para sair no Dia dos Namorados — comentou.

Mesmo a opção de ficar em casa não é muito segura. Festas são regularmente invadidas pela polícia e jovens iranianos dançando ou consumindo álcool são presos. Meysam, um dono de loja de artigos domésticos, explica que planejava sair com sua namorada, mas por razões que não têm relação com o Dia dos Namorados.

— Eu adoro me divertir, mas também preciso fazer isso para desviar minha mente do fato de que os negócios estão terríveis hoje em dia — afirmou.

Ele disse que não saber o que futuro guardava para seu pequeno negócio devido à crescente desvalorização da moeda iraniana, o rial, e às restrições à importação de bens dos Emirados Árabes e da China. Recentes sanções econômicas adotadas pelos Estados Unidos contra o sistema financeiro do Irã levantaram grandes obstáculos para o modo como empresas iranianas conduziam seus negócios, e geraram grande impacto na importação de bens para o país.

AFP

Zero Hora

Entidades resgatam cães presos em casa em Santa Felicidade


17 animais foram abandonados em imóvel alugado

Em ação conjunta da Rede de Proteção Animal de Curitiba, Associação Amigo Animal e Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), 17 cães deixados em péssimas condições em uma casa alugada no bairro Sta. Felicidade no município de Curitiba foram resgatados na última sexta-feira.

A responsável pelo abandono dos animais havia alugado a casa para mantê-los, mas não deixou ninguém para alimentá-los diariamente ou limpar o local. Sete cães eram mantidos trancados dentro da casa e 10 estavam soltos no quintal, todos com sinais visíveis de desnutrição.

Através de denúncias de vizinhos ao 156 a Rede de Proteção notificou a responsável pelos animais que demonstrou boa vontade em melhorar a condição dos animais, mas com justificativas de problemas de saúde na família não tomou as providências necessárias.

“Devido a situação crítica em que os animais estavam sendo mantidos, nós da SPAC e Associação Amigo Animal nos propusemos a ajudar a Rede de Proteção no resgate dos animais. A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) foi acionada devido a gravidade da situação e falha da responsável em autorizar a imobiliária a abrir a casa para retirada dos animais, sendo que se encontrava fora da cidade. Por telefone a DPMA a convocou para prestar esclarecimentos. Informamos também que caso não permitisse a entrada solicitaríamos a DPMA uma ordem de busca e apreensão e a demora no resgate tornaria a situação pior para os animais e para ela. Como não havia nenhum animal gravemente doente ou ferido ainda não podíamos invadir o local sem uma ordem judicial. Havia suspeita que um dos cães estaria ferido dentro da casa por tentar pular a janela, mas este conseguiu escapar e se encontrava no quintal mancando por uma das patas. A casa estava lotada de fezes”, conta a presidente da Sociedade Protetora, Soraya Simon.

Na sexta-feira a responsável encaminhou autorização para que a imobiliária abrisse o imóvel para retirada dos animais. Funcionários do Centro de Zoonoses e Vetores (CCZV) com muita dificuldade conseguiram pegar todos os animais.

Foram transportados pelo veículo da Prefeitura de Curitiba. 12 cães ficaram hospedados na chácara da SPAC em Colombo. Cinco destes cães ficariam sob a responsabilidade da Associação Amigo Animal.

Devido a condição caótica em que o imóvel se encontrava, a imobiliária cancelou o contrato com a responsável pelos animais. Ela responderá processo criminal por maus tratos através da DPMA e será multada pela Rede de Proteção Animal de Curitiba.

Jornale

Defesa de réu ameaça deixar júri e dispensa depoimento da mãe de Eloá


A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel em outubro de 2008, pediu na manhã desta terça-feira (14) que a mãe da vítima não fosse ouvida durante o julgamento do caso que acontece no Fórum de Santo André, no ABC. Nesta segunda (13), a própria advogada havia arrolado a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e o irmão caçula, Everton Douglas, de 17 anos, como testemunhas. Ana Lúcia ameaçou abandonar o júri caso Ana Cristina fosse ouvida.

Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima, de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel em outubro de 2008, pediu na manhã desta terça-feira (14) que a mãe da vítima não fosse ouvida durante o julgamento do caso que acontece no Fórum de Santo André, no ABC. Nesta segunda (13), a própria advogada havia arrolado a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e o irmão caçula, Everton Douglas, de 17 anos, como testemunhas. Ana Lúcia ameaçou abandonar o júri caso Ana Cristina fosse ouvida.

Logo ao entrar na sala do Tribunal do Júri, a mãe de Eloá encarou o réu, que não desviou o olhar. Em seguida, a advogada de Lindemberg foi até a juíza Milena Dias, informando que não queria que os dois familiares de Eloá fossem ouvidos como testemunhas de defesa. O plenário vaiou a advogada e a juíza pediu silêncio.

"Não concordo que essa testemunha seja ouvida. Eu quero dispensa-la”, disse Ana Lúcia sem apresentar motivo. A juíza ponderou que seria necessária a concordância da acusação. A promotora do caso, Daniela Hashimoto, discordou. Em seguida, a advogada de Lindemberg ameaçou "Eu vou abandonar o júri. Eu vou embora”, disse elevando o tom de voz.

A acusação acabou aceitando a dispensa de Ana Cristina. O Ministério Público, entretanto, não concordou com a dispensa de Everton Douglas, que estava sendo ouvido por volta das 11h50 como testemunha do juízo, segundo informou o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Antes, a mãe de Eloá havia saído da sala do Tribunal do Júri para conversar com jornalistas quando foi chamada pelos seguranças do Fórum de Santo André para retornar ao plenário. Ela terá que acompanhar o depoimento de Everton, porque ele é menor de idade.

'Monstro'
No início deste segundo dia de julgamento do caso Eloá, o irmão da vítima Ronickson Pimentel dos Santos definiu Lindemberg Alves como "louco", "vingativo" e "extremamente agressivo". Nas palavras de Ronickson, o réu é um "monstro". Ronickson foi o primeiro a ser interrogado nesta manhã, segundo dia de julgamento.

Os trabalhos do Tribunal do Júri foram retomados por volta das 9h30. Lindemberg passou a noite desta segunda-feira (13) no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.

O júri, presidido pela juíza Milena Dias, ocorre mais de três anos após um dos sequestros mais longos do país - cerca de cem horas - acompanhado ao vivo pela TV, que terminou com a morte da estudante, com 15 anos à época.

"Ele é um monstro, um louco, agressivo", reforçou Ronickson em seu depoimento. Após dizer isso, o irmão de Eloá encarou Lindemberg, que abaixou a cabeça.

Ronickson falou por cerca de uma hora ao Tribunal do Júri - ele chorou três vezes. O irmão de Eloá se emocionou ao lembrar da doação de órgãos da irmã - que ele definiu como uma "atitude muita linda" de sua mãe -, ao dizer que sua família está se reconstruindo
e ao relatar que o irmão caçula, Everton Douglas, se sente culpado por ter apresentado Eloá a Lindemberg, de quem era amigo à epoca.

Por diversas vezes ao longo de sua fala, Ronickson encarou o réu, que abaixava a cabeça sem esboçar reação. O irmão de Eloá disse ainda que ela chegou a reclamar uma vez que havia apanhado de Lindemberg. Ronickson questionou o namorado da irmã na época, que negou tudo. Segundo ele, a irmã vivia triste. "Ele era agressivo, sempre arrumava brigas por futebol", disse.

Ronickson classificou a morte de Eloá como uma "traição" de Lindemberg em relação à família da vítima, que sempre o tratava como um filho. "O que ele fez foi uma traição". “Lindemberg tirou todos os sonhos da Eloá. E o que ela mais queria era ser veterinária”, completou.

O advogado Thiago Pinheiro, que defende o pai de Eloá, Everaldo Pereira dos Santos, disse durante o depoimento de Ronickson que seu cliente afirmou que o tiro na virilha da vítima era um disparo simbólico. "O tiro eu não sei se foi simbólico, mas foi para matar”, respondeu Ronickson.

Assistente da acusação, José Beraldo também interveio durante o depoimento do irmão de Eloá. "Olha para os olhos dele e diga se Lindemberg se mataria”. “Não. Ele não se mataria”, respondeu Ronickson.

Após o depoimento de Ronickson, o Tribunal do Júri começou a ouvir as testemunhas de defesa. A primeira a falar é o advogado Marcos Assumpção Cabello, o primeiro a ser contratado pela família do réu para acompanhar as negociações com a Polícia Militar durante o sequestro de Eloá, em outubro de 2008.

Primeiro dia de depoimento
O primeiro dia de julgamento de Lindemberg começou por volta 10h50 desta segunda (13). Durante a manhã, houve a exibição de vídeos tanto do Ministério Público quanto da defesa. Seis homens e uma mulher compõem o conselho de sentença, definido no início do julgamento.

Durante uma hora e meia, a defesa de Lindemberg exibiu cerca de 15 vídeos jornalísticos que retratam a cobertura da imprensa e também a invasão da Polícia Militar ao apartamento onde a Eloá foi mantida refém por cinco dias, entre 13 e 17 de outubro de 2008.

Depoimentos
Após a apresentação dos vídeos, três amigos de Eloá que também foram mantidos reféns por Lindemberg em 2008 e um policial militar depuseram. Nayara Rodrigues, que foi baleada pelo acusado, disse que o namoro de Lindemberg e Eloá tinha "idas e vindas". Segundo ela, os dois terminaram "várias vezes".

A garota acrescentou que o acusado passou a odiá-la depois que Eloá terminou definitivamente o relacionamento. "Ele achava que eu influenciava negativamente a Eloá. Ele achava que ela tinha terminado o namoro por minha causa. Ele me odiava e odiava minha mãe", disse. A pedido da jovem, Lindemberg foi retirado do plenário.

Nayara começou a chorar ao lembrar da amiga. "Ele batia nela o tempo todo dentro da casa, não largava a arma", disse, emocionada. A advogada de defesa de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, porém, afirmou que Nayara "simulou choro". “Teve dramatização demais, ela estava bem orientada”, disse. Para o advogado de Nayara, Marcelo Oliveira, a defesa está "desesperada".

Iago Vilera
Já Iago Vilera, um dos adolescentes também feitos reféns, prestou depoimento por mais de 30 minutos. O acusado voltou à sala do júri sem algemas e escoltado por dois PMs para assistir ao depoimento, já que o jovem não se opôs à presença dele. "Eu vi o Lindemberg perseguindo a Eloá, passando de moto e encarando os amigos de forma ameaçadora", disse Vilera.

Victor Campos
Victor Campostor de Campos, que também foi mantido refém, contou que Lindemberg, durante o cárcere privado, falou que "não estava para brincadeira". "Ele dizia que ia fazer uma besteira. Me deu uma coronhada porque achou que eu tinha algo com a Eloá." Segundo ele, o acusado dizia aos reféns: "Vou atirar em um de vocês para botarem fé em mim".

Atos Valeriano
Além dos três jovens, prestou depoimento nesta segunda o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro durante o sequestro. Ele foi o último a falar no primeiro dia do júri. Segundo o PM, Lindemberg Alves atirou para matá-lo.

Qual a acusação
Lindemberg responde por 12 crimes. Além da morte de Eloá, são duas tentativas de homicídio (contra Nayara e o sargento Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor, Iago e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro).

Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima, de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).


G1

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Lindemberg deixou claro que ia matar ela", diz amigo de Eloá


Iago Vilera de Oliveira, amigo de Eloá Pimentel que chegou a ser mantido em cárcere por Lindemberg por algumas horas, disse ao júri que o desfecho do caso --a morte da jovem-- não o surpreendeu. "Não foi surpresa, pois Lindemberg deixou bem claro que ia matar ela", disse Iago.

Horas antes, Nayara Rodrigues, amiga de Eloá e ex-namorada de Iago, também afirmou durante seu depoimento no julgamento do réu que Eloá disse ter certeza que a intenção de Lindemberg era matar a namorada. "A Eloá falava o tempo todo que sabia que ia morrer", disse a amiga.

Lindemberg Alves Fernandes, 25, está sendo julgado pela morte da estudante Eloá Pimentel, baleada na cabeça em 2008 após ser mantida refém por mais de cem horas. O júri começou na manhã de hoje em Santo André, na Grande SP. A previsão é de que o julgamento dure três dias, segundo o Tribunal de Justiça.

Segundo o depoimento de Iago, após o término do namoro Lindemberg passava na frente da escola onde Eloá estudava e ameaçava seus amigos.

Quando Lindemberg entrou no apartamento onde estava Eloá, em Santo André, estavam com ela os amigos Nayara, Iago e Vitor Lopes. Iago diz que foi golpeado com um coronhada na cabeça e sofreu ameaças. Os dois rapazes foram liberados após as primeiras dez horas.

Iago disse que ele e Lindemberg chegaram a conversar. Quando foi liberado, ele disse ter dado um crucifixo para Lindemberg. "Para abençoar a cabeça dele", disse Iago.

Durante o júri, o advogado de acusação pediu a Iago que olhasse para Lindemberg e dissesse se o réu havia mudado muito nos últimos três anos. "Está só mais gordo", disse Iago.

Antes dele, Vitor Lopes, o outro amigo de Eloá que permaneceu em cárcere, também depos. Ele disse que teve que esclarecer para Lindemberg que entre ele e Eloá não havia nada. Segundo ele, o réu agia de forma agressiva e apontava a arma para todos.

Ao ser liberado, Lindemberg teria dito a Vitor: "Corre e não faz nenhuma gracinha, senão te dou um tiro nas costas". O próximo a depor deve ser o irmão de Eloá, Ronickson Pimentel.

JULGAMENTO DE LINDEMBERG


Na chegada ao Fórum de Santo André, onde ocorre o julgamento, a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, afirmou que seu cliente está calmo e tranquilo, e destacou que casos como o da morte de Eloá são sempre mais difíceis para a defesa.

"Espero que os jurados venham desarmados, prontos para receber a versão do menino [Lindemberg]. Ele é um bom rapaz, trabalhador, tinha dois empregos. Ele é réu primário, nunca pisou em um tribunal. Toda história tem duas versões", afirmou Assad.

O grupo de jurados que decidirá o futuro de Lindemberg Alves Fernandes é composto por seis homens e apenas uma mulher.

O julgamento começou de manhã e após interrupção para almoço, foi retomado por volta das 14h30, com a exibição de uma reportagem em que Lindemberg e a Eloá conversavam com a jornalista Sônia Abrão.

Em seguida, Nayara Rodrigues foi ouvida por cerca de 40 minutos pela juíza Milena Dias.

Durante o seu depoimento, Nayara disse que Lindemberg bateu em Eloá e que o réu alternava entre o nervosismo e tranquilidade. Segundo Nayara, Lindemberg dizia que Eloá tinha sido injusta ao terminar o relacionamento e que ele iria se vingar.

Segundo Nayara, Lindemberg assistia às reportagens na televisão e se vangloriava da repercussão que o caso ganhara. Ao ver as reportagens, ele se intitulava o "príncipe do gueto", segundo a testemunha.

A advogada de Lindemberg afirmou durante o recesso que deverá exibir mais uma hora e meia de imagens. Ela já havia dito antes do julgamento que teria a imprensa e a polícia como seus principais alvos durante o júri. Segundo ela, os dois contribuíram para a tragédia. A promotoria também apresentou reportagens no início do júri.

Mais cedo, a juíza Milena Dias autorizou a inclusão da mãe e do irmão de Eloá na lista de testemunhas de defesa. Também foram dispensadas outras cinco testemunhas, entre elas a apresentadora da Rede TV! Sônia Abrão, que entrevistou Lindemberg ao vivo enquanto Eloá era mantida em cárcere privado.

Folha OnLine


Pai acusa parque aquático de não socorrer menino acidentado


Um menino de 5 anos sofreu um corte no queixo e machucou o pé após tropeçar em uma corda localizada próxima a uma piscina do parque áquático Thermas Internacional do Espírito Santo, em Vila Velha, na tarde deste domingo (13). A corda estava esticada na área de circulação de banhistas. Segundo familiares do garoto, o parque não prestou socorro.

Desesperado, o pai do menino, o agente de serviço administrativo Ronaldo Moreira de Aquino, 31 anos, deixou o clube com a criança e seguiu, de ônibus, para o Hospital Infantil de Vitória. Ronaldo teme que a situação se repita com outras pessoas.

"Quero que seja feita Justiça para que não ocorra com outras crianças. Já pensou se tivesse uma gestante? Como ia ficar? Eles (do parque) não estão preocupados com riscos, mas em vender títulos", disse o pai que é sócio do parque, mas não quer voltar tão cedo ao clube.

O menino precisou levar três pontos no queixo e ainda teve uma luxação no pé direito. O pai do menino registrou o caso no final da manhã desta segunda-feira na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). O delegado titular da delegacia, Marcelo Nolasco, disse que vai intimar os diretores do clube para saber porquê não houve socorro ao menino.

O presidente do parque aquático, Sebastião Teixeira da Motta, negou que o clube tenha se negado a socorrer o menino depois do incidente. Segundo ele, a queda aconteceu por volta das 17h20, vinte minutos depois que o posto médico havia fechado. "Nós oferecemos um transporte para que o menino fosse levado para um hospital, mas os familiares foram ignorantes e ficaram dizendo que ali era obrigado a ter um médico. O posto médico funciona entre 9h e 17 horas", disse o presidente. O pai do menino, porém, garante que o acidente aconteceu por volta das 16h30.

Gazeta Online

Nayara diz que, desde o início, Lindemberg tinha intenção de matar Eloá


Afirmação foi feita durante depoimento nesta segunda-feira em Santo André

No primeiro depoimento desta segunda-feira (13) no Fórum de Santo André, no ABC paulista, Nayara Rodrigues afirmiu que Lindemberg Alves sempre teve intenção de matar Eloá Cristina Pimentel.

- Ele falou que iria matá-la e sair andando, se Eloá estivesse sozinha no apartamento.

Segundo Nayara, Lindemberg chegou a falar para o pai da Eloá de sua intenção de matar a adolescente de 15 anos.

- Ele falou para o pai [da Eloá] que se ela não fosse dele não seria de ninguém [...] A intenção dele era matá-la, não tinha muito o que negociar. Ele era irredutível.

As afirmações de Nayara foram feitas durante cerca de uma hora e meia de depoimentos.

A jovem é a primeira testemunha a ser ouvida. Ela é considerada pela acusação a principal testemunha do julgamento. (Veja a lista completa das testemunhas abaixo)

Por volta das 16h15, ela ainda era ouvida no julgamento que irá definir se Lindemberg Alves será responsabilizado pelos 12 crimes de que é acusado. Além do cárcere e assassinato de Eloá Cristina, Lindemberg é acusado de tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá; por outra tentativa de homicídio qualificado, com finalidade de assegurar a execução de outros crimes, contra o policial militar Atos Antonio Valeriano; cárcere privado de Nayara e dos adolescentes, colegas de Eloá, Victor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira; cárcere de Ronikson Pimentel dos Santos, irmão de Eloá; e disparos de arma de fogo. Todos os crimes ocorreram em outubro de 2008.

Saida do réu
Também nesta tarde, o advogado Ademar Gomes (que faz a defesa da família de Eloá Pimentel) informou que Nayara Rodrigues pediu para que Lindemberg fosse retirado da sala de audiência para que ela prestasse seu depoimento. O pedido foi aceito pela juíza Milena Dias.

O advogado da mãe da vítima também contou que, durante a transmissão dos vídeos da defesa, Lindemberg se manteve frio, sem esboçar nenhuma reação.

A amiga de Eloá começou a ser ouvida após a fase em que vídeos com análises e matérias veiculadas pela imprensa sobre o crime foram apresentadas ao júri. A sessão no Fórum de Santo André, no ABC paulista, foi retomada às 14h38, pouco mais de uma hora após um intervalo para almoço.

O advogado da mãe da vítima também contou que, durante a transmissão dos vídeos da defesa, Lindemberg se manteve frio, sem esboçar nenhuma reação.

Papel da imprensa

Durante o intervalo do júri, a defensora de Lindemberg, Ana Lucia Assad, afirmou que seu cliente está pronto para aguentar todo o julgamento, previsto para durar três dias.

- Não dá para saber exatamente quanto tempo vai durar, porque tem muitas provas para serem apresentadas, mas eu sou forte e o menino também está preparado. Vamos aguardar a decisão dos jurados.

Por decisão da polícia, as algemas de Lindemberg foram retiradas do acusado.

Testemunhas
Quatro testemunhas convocadas para o julgamento de Lindemberg Alves faltaram à audiência, na manhã desta segunda-feira, no Fórum de Santo André. Segundo a assessoria do TJ-SP e o advogado assistente da família de Eloá, José Beraldo, três delas foram substituídas. Duas das substituições já tinham sido divulgadas por volta das 11h30: a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, foi arrolada como testemunha de defesa do caso, e o irmão de Eloá será testemunha de juízo (interrogado tanto pela defesa como pela acusação).

A convocação da mãe de Eloá gerou discussão entre a promotora Daniela Hashimoto e a advogada de Lindemberg, Lúcia Assad, no início da manhã. As duas discutiram sobre a convocação ou não da mãe de Eloá em uma sala fechada. Segundo José Beraldo, assistente da promotora não queria autorizar o depoimento porque Ana Cristina estaria emocionalmente "muito abalada".

O advogado titular da família de Eloá, Ademar Gomes, chegou a afirmar que a defensora do réu, Ana Lucia Assad, “deu um tiro no pé” ao convocar a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, para substituir uma das testemunhas de defesa que faltaram ao júri popular. Para ele, o depoimento emocionante da mãe, que “acompanhou cada segundo da tragédia”, deve reforçar o discurso da acusação.

Com o remanejamento das testemunhas, a lista do julgamento fica da seguinte forma:

Testemunhas de defesa:
Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá (substitui o perito Nelson Gonçalves)
Marcos Antônio Cabello - advogado chamado pela família

Testemunhas de juízo (interrogadas tanto por defesa como por acusação):
Dairse Aparecida Pereira Lopes - perita
Helio Rodrigues Ramaciotti - perito
Sérgio Ludzita - delegado
Adriano Giovanini - capitão da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar)
Tenente Paulo Sérgio Squiavo
Rodrigo Hidalgo - jornalista
Marcio Campos - jornalista
Everton Douglas, irmão de Eloá (substituiu a jornalista Ana Paula Neves)
Reinaldo Gotino - jornalista

Veja quem serão as testemunhas de acusação:

Nayara Rodrigues da Silva - amiga de Eloá
Atos Antonio Valeriano - policial militar
Iago Vilera de Oliveira - adolescente mantido refém
Victor Lopes de Campos - adolescente mantido refém
Ronikson Pimentel dos Santos - irmão de Eloá



R7

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O PROIBIDO REXSPY


A espionagem que é instrumento de guerra usado desde os tempos remotos e também utilizado pelas polícias de todo o mundo como uma ferramenta importante na investigação e elucidação de crimes, com a modernidade ganhou meios tecnológicos importantíssimos para fortalecer o seu lado positivo. Mas também tem seu lado negativo, isto quando está a serviço daqueles que agem à margem da lei.

No atual tempo, no tempo da internet e dos celulares, encontramos diversos programas, que hoje não estão agrupadas somente ao imaginário da ficção cientifica, nem tampouco são usados somente nas necessárias investigações criminais, como também para praticar crimes.
Por obvio, para o bem geral, a polícia tem que estar bem estruturada e possuir equipamentos eletrônicos capazes de promover dentre outros, o chamado popularmente “grampo telefônico” cada vez em maior e melhor escala para bem acompanhar e combater a escalada do crime, quando, obviamente, autorizado por decisão judicial.

Entretanto, a tecnologia já alcançou um programinha denominado de REXSPY, e até outro do mesmo gênero, uma espécie de vírus que consegue, com uma facilidade espantosa, grampear qualquer telefone celular, transformando também o aparelho em uma espécie de microfone, permitindo que aquele que realizou o grampo passe a escutar e gravar toda a conversa havida entre o usuário do celular grampeado e seus interlocutores.

O REXSPY ao ser instalado no celular, funciona como uma ponte de um telefone para outro, e para grampear só é preciso do número de telefone a quem se quer monitorar. Depois o Programa envia vírus para o telefone grampeado. Pronto, simples e rápido: O REXSPY já fez seu trabalho. Daí em diante o telefone grampeador recebe um SMS toda vez que o telefone grampeado for usado. Além da escuta da conversa do telefone grampeado pode também ser escutado o que está acontecendo no ambiente ao seu redor. Além disso tudo, a partir de então, para completar a lesão absoluta da vítima, o telefone “espião” passa a ter acesso a todos os dados do aparelho grampeado, como a sua agenda telefônica, mensagens de texto, fotos e vídeos.

A demonstração sobre o programa REXSPY foi feita há alguns meses atrás a um público de agentes de inteligência de diversos órgãos como a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência, o Tribunal de Contas da União e a Corregedoria Geral da União, reunidos em seminário promovido pela Comunidade de Inteligência Policial e Análise Evidencial.

Com apenas um celular nas mãos, o presidente da Companhia SecurStar, Wilfried Hafner, foi capaz de grampear conversas telefônicas, acessar dados de outros aparelhos e usar os celulares grampeados como microfones para escutas ambientais. O programa espião então denominado REXSPY foi desenvolvido por sua empresa para mostrar a vulnerabilidade do sistema de telefonia celular. De acordo com ele, versões similares do vírus circulam pela internet em comunidades de hackers, principalmente na China e Coréia do Sul.

Wilfried Hafner mostrou ainda a possibilidade de se adquirir pela internet um programa chamado FlexiSpy, que também permite o grampo de celulares, mas, diferente dos vírus similares ao REXSPY, é preciso instalá-lo diretamente no celular, o que dificulta seu uso. O produto pode ser adquirido por cerca de R$ 250 e, na maioria das vezes, tem sido usado, segundo a empresa, por mulheres que querem monitorar seus maridos, ou vice-versa.

Essa tecnologia do programa REXSPY, infelizmente, pode já estar sendo usada pelo crime organizado e pelos grandes traficantes de drogas, além da espionagem industrial, para monitorar a ação de suas vítimas e consequentemente da Polícia, do Ministério Público e da Justiça. Assim, chegou mais um grande problema para dificultar ainda mais o trabalho das autoridades competentes no combate ao crime.
Contudo, não devemos esquecer que usar tal subterfúgio tecnológico tanto do REXSPY ou qualquer similar aqui no Brasil, protegendo o direito constitucional da liberdade de comunicação do cidadão, constitui crime previsto na Lei nº 9296/96, mais conhecida como Lei da Interceptação Telefônica, qual seja a sua previsão:
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados sem lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Assim, há de se alertar ao bom e ordeiro povo brasileiro que não caia na armadilha de instalar um programa REXSPY ou similar no seu celular, pois se assim o fizer, estará sujeito a sentir o peso da lei.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe).
archimedes-marques@bol.com.br



O lado perigoso da ioga


Um novo livro gera polêmica ao divulgar que a milenar prática indiana pode causar contusões graves e até danos cerebrais. Quando a ioga pode machucar?

O jornalista americano William Broad, de 60 anos, fez carreira escrevendo sobre armas nucleares e segurança nacional. Depois de 40 anos praticando ioga, resolveu pesquisar sobre a atividade que lhe trouxe benefícios, mas que também se mostrou perigosa – ele levou meses para se recuperar de um mau jeito nas costas causado por uma postura. O resultado da investigação de cinco anos é o livro The science of yoga (A ciência da ioga). A obra foi lançada nos Estados Unidos na semana passada, mas causou polêmica antes mesmo da publicação. O The New York Times (NYT), jornal americano para o qual Broad trabalha, divulgou um trecho que desfaz, segundo o autor, um dos mitos que envolvem a milenar prática indiana: que a ioga é uma atividade segura. No texto, Broad enumera lesões relatadas a ele por instrutores ou documentadas por médicos em estudos. Os prejuízos à saúde vão de dores musculares excruciantes a rompimentos de tendões, de problemas na coluna a lesões cerebrais (com direito a paralisia de parte do corpo). São revelações suficientes para preocupar o mais zen dos iogues, quem dirá nós, simples amadores, que nos equilibramos em poses nas horas vagas.

No livro, Broad conta a história de Glenn Black, um instrutor americano famoso pela moderação e pelos cuidados nos exercícios. Black se diz convencido, depois de uma vida dedicada à ioga, de que a prática não é para todos. “É preciso olhar a ioga de uma perspectiva diferente”, diz Black. Ele passou recentemente por uma cirurgia de cinco horas para fixar vértebras de sua coluna, abalada pela prática.

Histórias como a de Black causam surpresa. Desde que se popularizou no Ocidente, a partir da década de 1920, a ioga se firmou pelo democrático potencial reabilitador. Parecia ideal para pessoas com dores crônicas ou que haviam se machucado em outras modalidades esportivas e procuravam uma atividade em que reinasse o bom-senso, em que os excessos e os descuidos de academias de ginástica não tivessem espaço. As revelações de Broad em seu livro – que ele chama de “a primeira avaliação imparcial da ioga feita em milhares de anos” – indicam o contrário. “As evidências científicas sugerem que a ioga pode ser mais perigosa que outros esportes porque as lesões são mais extremas”, afirma Broad. Ele se diz surpreso com a repercussão do artigo no NYT. Adeptos da modalidade deram um tempo na emanação do mantra Om para manifestar revolta. Alunos e associações de professores mandaram cartas aos jornais. Escreveram artigos em comunidades on-line. Acusaram Broad de sensacionalista. “Se há tanto barulho, é porque eles sabem que esses riscos são reais e pouco divulgados”, diz Broad.

Parte da surpresa causada pelo livro vem da percepção equivocada de muitos praticantes sobre como nosso corpo reage a qualquer atividade física. Engana-se quem menospreza a intensidade dos exercícios. “Qualquer atividade pode provocar lesões”, diz o ortopedista Rogerio da Silva, diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte. “Até caminhadas, consideradas leves, podem prejudicar se não forem feitas com tênis adequado e na medida correta para cada pessoa.” A ioga ainda tem um agravante, segundo o ortopedista Selene Parekh, pesquisador da Universidade Duke, nos Estados Unidos. Ela impinge um desafio físico extra aos ocidentais. “Eles não têm o costume de ficar em posturas que promovem alongamento e flexibilidade, como sentar no chão com as pernas cruzadas”, diz Parekh.

Não há levantamentos com rigor científico que deem ideia do risco de sofrer uma lesão durante a prática de ioga. Um dos poucos de que se têm notícia foi feito em 2009 pela Escola de Médicos e Cirurgiões da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos. Eles perguntaram a instrutores de ioga, médicos e fisioterapeutas quais eram as lesões mais sérias que já tinham visto. Os pesquisadores constataram que a maior parte dos ferimentos se concentrava na região lombar, nos ombros, nos joelhos e no pescoço. Pelo menos quatro entrevistados relataram saber de casos de derrame. “Como há poucos estudos desse tipo, é difícil saber se as lesões da ioga são maiores ou menores, proporcionalmente ao número de praticantes, do que em outros esportes”, diz o ortopedista André Pedrinelli, da Universidade de São Paulo. “Também há vários estilos de ioga, e não se pode generalizar o risco de lesões para todos.” Entre os estilos mais populares, a ashtanga ioga, que prima pela movimentação ininterrupta, é quase uma aula de aeróbica. Também é uma das mais arriscadas para os novatos. As outras modalidades comuns – a iyengar, que usa cordas e outros materiais para facilitar a execução dos exercícios, e a hatha, que privilegia posturas – também não estão isentas de perigo.

No dia a dia dos consultórios, é consenso entre os médicos: existem, sim, lesões decorrentes da prática. “Já atendi pacientes que se machucaram ao fazer ioga, mas a quantidade está longe de ser comparada com a de lesões causadas por outros exercícios, como corrida, ciclismo, natação ou musculação”, diz o ortopedista americano David Geier, porta-voz da Sociedade Americana de Ortopedia para Medicina Esportiva. No Brasil, a situação é semelhante. “Nos últimos três anos, num universo de 3 mil pacientes, atendi menos de nove que se machucaram numa aula de ioga”, diz o ortopedista Rogerio da Silva.

Se os números não são alarmantes, por que falar sobre lesões na ioga causa controvérsia? O assunto toca em dois pontos delicados. O primeiro literalmente sensível: o pescoço. Algumas posturas, como a invertida sobre os ombros, chamada sarvangasana (leia o quadro abaixo), podem comprimir artérias que levam sangue à cabeça, deixando o cérebro sem circulação. Em seu livro, Broad relata um caso de derrame documentado pelo médico americano Willibald Nagler, em 1973. Uma mulher de 28 anos ficou com o lado esquerdo do corpo paralisado depois de fazer uma postura chamada urdhva dhanurasana. O praticante, de pé, curva o corpo para trás até tocar com as mãos no chão, fazendo uma ponte. Com o alongamento do pescoço, um dos vasos que levam sangue à cabeça da mulher parece ter sido comprimido, privando o cérebro de oxigênio.

Outro caso parecido foi levado para um hospital de Chicago alguns anos depois. Um rapaz de 25 anos perdeu o controle sobre o lado esquerdo do corpo depois de ficar cinco minutos na pose invertida sobre os ombros. Deitado, o iogue apoia as mãos embaixo dos quadris e levanta as pernas, ficando apenas com os ombros, o pescoço e a cabeça como apoio para o peso do corpo. Nesse caso, a circulação do sangue para o cérebro também pode ter sido interrompida. “O risco de diminuição do fluxo de sangue para a cabeça e até de um derrame é real”, afirma o neurologista Renato Anghinah. “Entre as áreas que costumam ser atingidas nesse tipo de lesão está o tronco cerebral, que controla a respiração.” Casos como esses são raros. Mas a divulgação desse tipo de risco – algo que muitos gurus preferem empurrar para debaixo do mat, o tapete usado como base na prática –, pode amedrontar praticantes e futuros adeptos da ioga.

O segundo motivo que torna o tópico polêmico é deixar em evidência as falhas dos instrutores. Muitas das lesões são causadas por um costume cada vez mais comum nos estúdios e nas academias. Para ajudar o aluno a conseguir realizar a postura com a maior perfeição possível, o professor empurra as costas, puxa pernas, braços e articulações, num zelo que pode ir além dos limites físicos do praticante. “Muitos instrutores estão se tornando fanáticos pela perfeição da postura e acabam forçando o aluno além do que ele pode”, afirma o iogue uruguaio Pedro Kupfer, uma das principais referências da prática na América do Sul. “É o cenário ideal para acontecer uma lesão.” Kupfer é, ele mesmo, vítima da ditadura da exatidão na ioga. Em 2000, durante um retiro num ashram (comunidade religiosa) na Índia, ele sofreu uma lesão na coluna, na altura do cóccix, ao executar uma das posturas mais avançadas da ioga, a chakra bandhasana. Em pé, o iogue se curva para trás até segurar os tornozelos. O guru que comandava a prática resolveu dar uma forcinha. O barulho causado pelo desencaixe das vértebras foi ouvido por quem estava na sala. Kupfer passou meses com crises de dor. O alívio veio com o tempo, sessões de massagem e exercícios para fortalecer os músculos da região, que dão estabilidade à coluna. Mas houve sequelas. Ele convive com uma artrose no cóccix, degeneração das cartilagens e dos ossos que causa dor, e seus movimentos foram limitados. Continua praticando ioga e surfando, suas grandes paixões, mas as posturas que exigem grande flexão lombar foram abolidas de seu repertório.

A transformação da natureza da ioga – encarada hoje mais como um exercício puro do que uma filosofia que busca autoconhecimento – pode estar por trás da prática linha-dura. “A maior parte dos novos instrutores fez ‘cursos’ de alguns meses, nos quais o ensino das posturas é supervalorizado”, afirma a instrutora Camila Ferreira-Vorkapic, que estuda os efeitos psicológicos da prática na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Meias verdades, conhecimento insuficiente e técnicas fora do contexto podem construir uma fórmula tão perigosa quanto um frasco de remédio nas mãos de uma criança.” Ao adotar a exatidão das posturas como meta, muitos instrutores se esquecem de que o corpo de cada aluno é diferente, assim como seu grau de flexibilidade. Por limites físicos – não da mente, como chegam a dizer muitos gurus –, algumas pessoas não conseguem o alinhamento considerado “correto” em determinadas posturas. “Nossa coluna não é igual, assim como nossas articulações e a amplitude de movimentos que elas nos dão”, afirma o instrutor Marcos Rojo, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Numa prática de ioga, a única coisa que tem de ser igual para todos é a sensação de bem-estar.”

A instrutora australiana Nadine Fawell já teve aulas com um professor que se esqueceu das particularidades anatômicas. Em dezembro, ela estava num retiro na cidade de Ubud, na Indonésia, quando o instrutor parou a aula para corrigir a direção dos quadris de Nadine numa postura. Ela tentou explicar que ele estava lutando contra seus ossos. Não adiantou. O instrutor fez tanta força que Nadine escutou o estalo nas articulações do quadril, seguido por uma onda de dor. O ajuste não causou uma lesão, mas deixou claro para Nadine como os alunos se sentem compelidos a aceitar correções que podem machucar. “O instrutor está numa posição de autoridade”, diz. “Acreditamos que ele quer o melhor para nós, e isso torna quase impossível recusarmos as correções.”

Os alunos também têm sua parcela de culpa. É comum que lesões apareçam quando a vontade de se superar numa aula ou de mostrar melhor desempenho que o vizinho de mat sobrepuja o bom-senso. O comerciário paulistano Paulo Tomaselli, de 60 anos, praticava ioga desde a infância e se orgulhava de sua flexibilidade acima do comum. Até que teve de operar o menisco, cartilagem do joelho direito, aos 28 anos, depois de sofrer lesões numa postura em que unia os dois pés e os levava até a altura do estômago. Quinze anos depois, o joelho esquerdo também começou a doer, sinal do desgaste provocado por anos de exercícios pesados. Tomaselli teve de deixar a ioga de lado pouco a pouco, porque as limitações físicas causadas pelas lesões tornavam as posturas cada vez mais difíceis. Hoje, ele mal consegue sentar na posição de lótus (com as pernas cruzadas), uma das mais básicas. “Da mesma forma que a ioga proporciona coisas boas, como elasticidade e um corpo em forma, ela lhe dá os mesmos 100% em machucados e lesões”, diz Tomaselli. “É preciso ter consciência para não fazer a escolha errada.”


Época


Morre a cantora Whitney Houston, aos 48 anos


As causas da morte ainda são desconhecidos, mas sabe-se que a saúde de Whitney andava debilitada devido a seus problemas com drogas

A cantora pop Whitney Houston, 48 anos, foi encontrada morta neste sábado num quarto do Beverly Hills Hotel, segundo a polícia local, que não deu detalhes a respeito do caso. A cantora foi declarada morta às 15h55 (horária local, 22h55 de Brasília), apesar dos esforços para reanimá-la. O tenente da Polícia de Beverly Hills Mark Rosen assegurou à imprensa que "não havia sinais evidentes de intenção criminosa" e que a causa de sua morte está sendo investigada. Sucesso comercial nos anos 1980 e 90, Whitney tinha a saúde estava visivelmente debilitada nos últimos tempos por causa de seus problemas com as drogas.

Whitney, que se preparava para reaparecer no cinema em uma nova versão de Sparkle, seu primeiro papel cinematográfico desde Um Anjo em Minha Vida, de 1996, morreu na véspera da 54ª entrega anual dos prêmios Grammy.

As reações de outras personalidades da música foram imediatas, como a do cantor Lenny Kravitz, através de sua conta no Twitter. "Whitney. Descanse em paz. Não haverá outra como você. Lenny", escreveu o cantor.

Dona de uma voz poderosa, Houston dominou o cenário musical americano nos anos 1980 e 1990 como a cantora pop-soul conhecida como "the Voice" (a voz). Nesse período, ela atuou em filmes de sucesso como O Guarda-Costas (1992) e Falando de Amor (1995).

Filha de uma família musical, que incluía sua mãe Cissy Houston, uma cantora gospel, e Dionne Warwick, sua prima, Whitney Houston começou adolescente a trabalhar como modelo e depois começou a cantar. Whitney, que cresceu em Nova Jersey, também deu seu apoio ao movimento anti-apartheid de Nelson Mandela, e fez campanha pela libertação do líder negro sul-africano.

Seus sucessos incluíam How Will I Know, Saving All My Love for You e I Will Always Love You. A cantora vendeu mais de 170 milhões de álbuns em termos mundiais, mas sofreu um grande baque na carreira ao admitir a dependência de drogas e uma relação abusiva com seu ex-marido Bobby Brown. Brown fez sucesso como cantor de rhythm and blues nos anos 1980 e 90, mas ficou mais conhecido como marido de Houston e por seu envolvimento constante com drogas e a lei.

O casal, que se divorciou em 2007, estrelou um reality show, B", que falava de seu casamento. Os dois tiveram uma filha, Bobbi Kristina. Brown foi preso em Atlanta, em 1993, por atentado ao pudor, e por agressão em 1995. Também foi preso por dirigir bêbado em 1996 e por bater em Houston em 2003.

Desde a década de 1980 até quase o final dos anos 90, a cantora foi uma das artistas que mais discos vendeu ao redor do mundo. Seu sucesso lhe rendeu seis Grammy, incluindo dois de álbum do ano, além de uma transferência para o cinema, onde Whitney protagonizou sucessos como O Guarda-Costas, junto com Kevin Costner.

Whitney conseguiu voltar em 2009, quando de novo foi número um em vendas nos EUA com seu último álbum, I Look to You, o primeiro em sete anos, período no qual sua imagem foi atingida devido a sua dependência de drogas, álcool e às constantes polêmicas com Brown.

A cantora não retornava ao número 1 de vendas desde o grande sucesso da trilha sonora do filme O Guarda-Costas, que permaneceu no topo das paradas de sucessos do país durante vinte semanas consecutivas.

(Com as agências EFE e France-Presse)

Veja

Meninos são aliciados para virar transexuais em SP


Tráfico de adolescentes para prostituição começa nas redes da internet

SÃO PAULO - Magra, cabelos compridos, short curto. M., 16 anos, abre o sorriso leve e ingênuo dos adolescentes quando perguntada se pode dar entrevista. Poderia ser uma das milhares de meninas que sonham com as passarelas. Mas não é. O relógio marca 1h de sexta-feira. M. é um garoto e está na calçada, numa das travessas da Avenida Indianópolis, conhecido ponto de prostituição de travestis e transexuais, escancarado em meio a casas de alto padrão do Planalto Paulista, na Zona Sul de São Paulo. A poucos passos, mais perto da esquina, está K., também de 16 anos.

— Sou muito feminina. Não tem como não ser mulher 24 horas por dia — diz K.

M. e K. são a ponta do novelo que transformou São Paulo num centro de tráfico de adolescentes nos últimos cinco anos. Meninos a partir de 14 anos são aliciados no Ceará, no Rio Grande do Norte e no Piauí e, aos poucos, são transformados em mulheres para se prostituírem nas ruas de São Paulo e em países da Europa. Misturados a travestis maiores de idade, eles são distribuídos em três pontos tradicionais de prostituição transexual em São Paulo: além da Indianópolis, são encaminhados para a região da Avenida Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, e Avenida Industrial, em Santo André, no ABC paulista.

O primeiro contato é feito por meio de redes de relacionamento na internet. Uma simples busca por “casas de cafetina” leva os garotos a perfis de aliciadores, que são homens, mulheres e travestis. Após o primeiro contato, pedem que o adolescente encaminhe uma foto por e-mail, para que seja avaliado. Se for considerado interessante e “feminino”, eles têm a passagem paga pelos aliciadores. Ao chegar a São Paulo, passam a morar em repúblicas de transexuais e a serem transformados. Recebem inicialmente megahair e hormônios femininos. Quando começam a faturar mais com os programas nas ruas, vem a oferta de prótese de silicone nos seios. Os escolhidos para ir à Europa chegam a ser “transformados” em tempo recorde, apenas cinco meses, para não perder a temporada na zona do euro.

É fácil identificar os adolescentes recém-chegados. Além do corpo típico da idade, eles têm seios pequenos, produzidos por injeção de hormônios, e megahair. Testados inicialmente na periferia, os meninos são distribuídos nos pontos de prostituição de acordo com a aparência. Os considerados mais bonitos recebem investimento mais alto e vão trabalhar na área nobre da cidade. Na Avenida Indianópolis, recebem R$ 70 por um programa no drive in e R$ 100 se o programa for em motel. Nos outros dois endereços, o valor é bem mais baixo: entre R$ 30 e R$ 50 no drive in e R$ 70 a R$ 80 em motel.

Menores evitam ruas principais

Não faltam interessados. A partir de 17h, homens na faixa de 30 a 50 anos aproveitam o fim do expediente para, antes de seguir para casa, fazer programas rápidos com os transexuais na Indianópolis. Um furgão preto, com insulfilme, faz o transporte de vários transexuais. Mas, nesse horário de maior movimento, dificilmente os menores ficam à vista nas calçadas.

Por existirem há décadas, os pontos de prostituição de travestis são vistos com naturalidade pelos moradores de São Paulo. Afinal, se prostituir não é crime. Por isso, a rede criminosa se mistura aos transexuais mais antigos. Assim como eles recebem a proteção da Polícia Militar para não serem agredidos por grupos homofóbicos, os novos fios do novelo se entrelaçam, dando à rede de tráfico internacional de adolescentes o mesmo aparato de segurança e legalidade que é dado aos transexuais ditos “independentes”.

Em geral, os transexuais adolescentes ficam nas travessas, atrás dos grupos de maiores de idade, que ficam quase nus e são extremamente expansivos. Pacíficos, os dois grupos convivem bem com a vizinhança, exceto pelo constrangimento proporcionado pelos mais velhos (acima de 25 anos) sem roupa ou exibindo partes íntimas ou siliconadas.

Os adolescentes são mais discretos, menos siliconados e “montados”. A aparência de menina é mais natural. Os implantes de silicone nos seios são menores, num apelo direcionado aos pedófilos. Eles usam saias e shorts curtinhos, como M. e K., e podem ser facilmente confundidos com meninas.

Como na Indianópolis prostitutas e travestis dividem espaço, clientes são surpreendidos pela nova leva de jovens vindos de outros estados, de aparência cada vez menos óbvia.

Y., 19 anos, é um dos transexuais que fazem aumentar a confusão. Aos 15, foi levado a São Paulo pela rede de prostituição e pedofilia.

— A cafetina viu que eu era feminina e que ganharia muito dinheiro. Minha mãe assinou autorização para eu viajar, e vim de avião. Ficou preocupada, como toda mãe, mas deixou — conta.

Inicialmente, foi levado a trabalhar na Avenida Industrial, em Santo André, no ABC paulista. Pagava R$ 20 pela diária na república, sem almoço.

— Quem não tivesse os R$ 20 tinha de voltar para a rua, não entrava enquanto não conseguisse — diz ele.

Mesmo sem ter sido transformada, já chamava atenção. Logo começou a faturar R$ 250 por dia. Aos 16 anos, recebeu “financiamento” para colocar prótese de silicone no seio. O implante foi feito por cirurgião plástico. Custou R$ 4 mil, mas Y. teve de pagar R$ 8 mil à cafetina, pois não tinha dinheiro para quitar à vista.

Y. diz que aceitou porque queria ficar feminina logo. Neste mercado, os seios são vistos como principal atributo. Quanto mais aparência de mulher, mais os clientes pagam. Agora, a jovem mora sozinha num flat e paga seu aluguel. Diz que divide o espaço da avenida tranquilamente e já não deve nada a ninguém. Faz entre seis e 10 programas por noite, afirma, enquanto lança olhares às dezenas de carros que passam rente à calçada, não se sabe se por curiosidade ou atração fatal.

O Globo

Verbratec© Desktop.