sexta-feira, 30 de março de 2012

Quatro são indiciados por atropelamento com jet ski em Bertioga


A Delegacia Seccional de Santos (litoral de São Paulo) encerrou nesta quinta o inquérito sobre a morte da menina Grazielly Lames, 3, atropelada por um jet ski no dia 18 de fevereiro em Bertioga (litoral de SP). Quatro pessoas foram indiciadas sob suspeita de homicídio culposo --sem intenção de matar.

O adolescente que dirigia o jet ski vai responder por ato infracional. O juiz da Infância e Juventude vai determinar se ele deve cumprir medida socioeducativa.

Os indiciados são: José Augusto Cardoso (dono do jet ski), o caseiro Erivaldo Francisco (que levou o equipamento para o mar) e os mecânicos Thiago Veloso Lins e Aílton Bispo de Oliveira (porque teriam sido imprudentes ao deixar uma peça do equipamento enferrujar).

Dois dias antes do crime, o jet ski passou por manutenção com os dois mecânicos apontados no inquérito. Segundo a investigação, eles não notaram que o eixo de borboleta estava oxidado.

O acidente aconteceu no sábado de Carnaval. Uma testemunha-chave disse que o menino acelerou o jet ski de forma "repentina, violenta e total". O veículo teria empinado, quicado na água e seguido em alta velocidade até atingir a criança. A lei proíbe menores de 18 anos de dirigir jet ski.

O caso foi transferido da Delegacia de Bertioga para a Seccional no início de março "devido à sua complexidade e repercussão", segundo a polícia. À época, no entanto, informações da TV Globo apontavam que o inquérito tinha sido concluído e que ninguém tinha sido indiciado.

A Folha não conseguiu contato com os indiciados pela polícia.

Folha OnLine

Bilíngues raciocinam melhor e têm menos problemas mentais


Estudos mostram que habilidade adia demência e traz flexibilidade cognitiva

NOVA YORK — Ter a capacidade de falar mais de um idioma pode ser sinônimo de melhor saúde mental. É o que sustenta uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Nova York, cujo resultado foi publicado na revista especializada “Trends in Cognitive Sciences”.

— Estudos anteriores já tinham afirmado que o bilinguismo tem um efeito benéfico no desenvolvimento cognitivo das crianças. No nosso trabalho, revisamos estes estudos recentes usando os métodos comportamental e de neuroimagens para examinar os efeitos do bilinguismo na cognição dos adultos — explica Ellen Bialystok, principal autora do estudo.

Segundo Ellen, a necessidade de monitorar duas línguas, a fim de selecionar a mais apropriada para o momento, solitcita regiões cerebrais que são críticas para a atenção e o controle cognitivo. O processo pode reconfigurar e fortalecer estas redes de controle da cognição, possivelmente aumentando a chamada flexibilidade mental, isto é, a habilidade de se adaptar a mudanças contínuas e processar informações eficientemente.

A pesquisa também sugere que o bilinguismo melhora a reserva cognitiva, isto é, o efeito protetor que a atividade física ou mental tem sobre a função cognitiva, garantindo um envelhecimento saudável. Esta reserva também é capaz de adiar o surgimento de sintomas nas pessoas que sofrem de demência, o que foi comprovado por estudos mostrando que pessoas bilíngues apresentam sintomas de demência anos depois das monoglotas.

— Nossa conclusão é de que a experiência de toda uma vida administrando a atenção dada a duas línguas reorganiza as redes cerebrais específicas (envolvidas no processo), criando uma base mais efetiva para o controle executivo e sustentando uma performance cognitiva melhor ao longo de toda a vida — diz Ellen. — Não seria surpreendente que esta experiência deixasse suas marcas em nossas mentes e cérebros, e agora está claro que o cérebro bilíngue é formatado exclusivamente pela experiência.

Na Espanha, o centro Brainglot, dedicado à pesquisa da linguagem, também estuda as diferenças entre cérebros de pessoas bilíngues e monoglotas.

— As bilíngues usam mais áreas cerebrais na tarefa linguística, recorrendo sobretudo ao lado esquerdo do cérebro (relacionado à linguagem), mas também a algumas regiões do lado direito. Isso quer dizer que, no processo, elas precisam empregar mais áreas do cérebro que as monoglotas. Isso poderia significar uma lentidão pouco significativa na hora de manejar a linguagem, mas a parte positiva é que os bilíngues, ao passar o dia todo mudando de idioma, treinam também suas habilidades cognitivas não linguísticas, mais concretamente as funções executivas, que servem para que se adaptem a estas mudanças. Seria possível dizer que, nesta tarefa, os bilíngues são melhores — disse ao jornal “El País” o cientista César Ávila, que trabalha no Brainglot.

O Globo

quinta-feira, 29 de março de 2012

Morte de Isabella completa 4 anos; Nardoni recorre contra júri



Quatro anos após a morte da menina Isabella Nardoni, a defesa do casal condenado pela morte da criança recorre à instâncias judiciais superiores pedindo a anulação do júri por impossibilidade de defesa em virtude do alegado pré-julgamento midiático e pela proibição de tramissão televisiva do julgamento, além da adequação da pena considerada muito alta, segundo afirma o defensor dos Nardoni, Roberto Podval. O promotor que cuidou do caso, Francisco José Cembranelli, considera a estratégia "absurda".

No dia 29 de março de 2008, quem ligou para a polícia foi o morador do primeiro andar do edifício London relatando que uma criança havia caído pela janela do prédio. A morte da menina Isabella Nardoni se tornou um caso de grande comoção nacional. No dia 27 de março de 2010 o casal foi condenado pelo júri pela morte da criança. Alexandre Nardoni, o pai, recebeu pena de 31 anos em regime fechado, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, de 26 anos e oito meses. Além disso, os dois foram condenados a outros oito meses de prisão em regime semiaberto por fraude processual.

Na rua onde o crime aconteceu os moradores relatam que, ainda hoje, as pessoas passam gritando em frente ao prédio. "De vez em quando para um carro e alguém grita lá em frente", diz o funcionário público Luis Carlos Alves, 56 anos, que mora próximo ao edifício London. "Fica a tristeza pelo que aconteceu com a menina, abalou os moradores do prédio, abalou a todos, mas infelizmente a menina se foi", disse o morador, considerando que a Justiça foi feita, "só que o mais importante foi o que aconteceu com ela, o que ela sofreu", lamenta.

Os telefones dos pais de Alexandre Nardoni e da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, já não são mais os mesmos. Na sua suposta página do Facebook dela, é possivel ver apenas uma foto com a filha em uma piscina.

Apesar do sentimento da população com o desfecho que o caso teve, o advogado de defesa diz que foram apresentados dois recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um no Supremo Tribunal Federal (STF). No pedido de anulação de júri feito ao STF, a defesa argumenta que a proibição judicial de televisionar o julgamento prejudicou a defesa, porque a repercussão do caso na mídia teria gerado um pré-julgamento do casal.

"No Supremo a gente disputa a impossibilidade de um processo com resultado diferente do que foi. O processo impossibilitava a forma de se ter um julgamento justo, portanto, não teria sentido o júri acontecer da forma como aconteceu, o resultado não poderia ser outro", argumenta Podval. "Tivemos uma defesa impossibilitada de ser exercida com sucesso em função do pré-julgamento nacional. Por isso, defendi que a alternativa de permitir publicidade à defesa poderia aliviar um pouco o peso dos jurados", explicou.

O promotor do caso Isabella, Francisco José Cembranelli, diz que casos de repercussão semelhante como o do jornalista Pimenta Neves (condenado pela morte de Sandra Gomide, em 2006) da estudante Suzane Von Richthofen (condenada pela morte dos pais em 2006) e do assassino do seringueiro Chico Mendes (Darly Alves da Silva, condenado em 1988) não foram televisionados, e nem por isso tiveram seus júris anulados. "É mais um recurso absurdo que é colocado pela defesa dos Nardoni e que deve cair como caíram todos os outros em âmbito local", afirma o promotor.

Eternidade
Sobre a possibilidade de conseguir progressão de pena para regime semiaberto, que é concedido após o condenado cumprir um sexto da pena, Podval diz que esse cálculo ainda nem foi feito. "Eles ainda vão ficar lá uma eternidade, como é cada dia em uma prisão, mas a gente ainda não está pensando nisso, estamos pensando no sucesso dos recursos para dar uma solução diferente para o caso".

Atualmente, Podval, a estratégia da defesa é anular o júri, obter o processo para formação de um novo júri, além da nulidade do que foi feito em função da impossibilidade de defesa, a absolvição, ou então, a redução da pena. "É um caso muito peculiar em virtude da tamanha publicidade que teve, mas a gente acredita na possibilidade de sucesso".

Veja crimes que abalaram o Brasil

Daniel Favero
Hermano Freitas

Notícias Terra

quarta-feira, 28 de março de 2012

Só bafômetro e exame de sangue comprovam embriaguez, diz STJ


Para Tribunal, esses são os únicos meios que podem provar embriaguez de um motorista. Segundo a decisão, uma testemunha não pode comprovar que um motorista está embriagado

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta quarta-feira (28) que o bafômetro e o exame de sangue são os únicos meios que podem provar embriaguez ao volante. A decisão foi tomada por um placar apertado de 5 votos a 4, e o entendimento deve ser aplicado a todos os outros casos que tratarem do mesmo assunto.

A Lei Seca determina que é crime dirigir com uma quantidade de álcool acima de seis decigramas por litro de sangue, o que só pode ser atestado por exame de sangue ou bafômetro, segundo decreto do governo federal. Porém, o motorista não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

A decisão do STF esvazia o que o Ministério Público defende. Para o órgão, nos casos em que os sintomas de embriaguez são indisfarçáveis, o bafômetro ou o exame de sangue poderiam ser substituídos por exame clínico ou por testemunhas.

Em janeiro deste ano, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que governo pretende alterar a Lei Seca para que os motoristas que estiverem dirigindo alcoolizados possam ser processados mesmo que se recusem a passar teste do bafômetro. Segundo disse à época, a ideia é que “todas as provas admitidas pelo Direito possam ser usadas contra o infrator, como testemunhas e filmagens por câmeras de segurança, de modo que a lógica da Lei Seca seja invertida e o próprio acusado passe a ter o interesse de se submeter ao teste para escapar da cadeia.

O julgamento dessa ação no STF começou em fevereiro, e desde então foi suspenso por três pedidos de vista. Os ministros analisaram o caso de um condutor que se envolveu em um acidente de trânsito em 2008, antes da edição da Lei Seca. Em sua defesa, o motorista alegava que não ficou comprovada a concentração de álcool exigida pela legislação em vigor e que, por isso, não podia ser punido.

Orelator do processo, ministro Marco Aurélio Belizze, abriu o placar defendendo a admissão de outros meios de prova além do bafômetro para atestar embriaguez ao volante, como exame clínico e depoimento de testemunhas. Ele foi acompanhado por Vasco Della Giustina, Gilson Dipp e Jorge Mussi.

A divergência foi aberta pelo desembargador convocado Adilson Macabu, que alegou que apenas o bafômetro pode ser usado como prova, e que os ministros estariam legislando se ampliassem esse leque probatório. Ele lembrou, ainda que o cidadão tem o direito de não produzir prova contra si e foi acompanhado pelos ministros Laurita Vaz, Og Fernandes e Sebastião Reis Junior.

A presidente da seção, Maria Thereza Assis Moura, precisou votar porque houve empate. Ela também entendeu que não é possível usar outros meios de prova além de bafômetro e exame de sangue para provar a embriaguez ao volante.

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA BRASIL

Bebê trocado ao nascer vive novela da vida real


Erro na maternidade só foi revelado — e desfeito — 15 anos depois, quando menina sobrevivente foi atrás da verdade sobre o pai biológico. Hoje, ela tem duas famílias

Rio - Uma história que mais parece novela e que atormentou duas famílias de Itaboraí por mais de sete anos. Duas crianças, duas mães e destinos invertidos. Após um erro no Hospital Municipal Desembargador Leal Júnior, duas meninas foram trocadas na maternidade e viveram longe de seus verdadeiros pais por 15 anos. Como a coluna ‘Justiça e Cidadania’ revelou ontem, Tamara Souza, hoje com 22 anos, ganhou processo judicial e será indenizada em R$ 50 mil. Ela também encontrou o amor da família biológica.

O drama começou no dia 5 de julho de 1990. Na mesma sala de parto, as duas mães viviam o momento mais feliz de suas vidas: o nascimento do primeiro filho. Mas três meses depois, o casal Marileide Lopes de Souza e Francisco Miranda de Souza, ambos de 44 anos, sofreu um trauma com a morte da pequena Gabriela, vítima de pneumonia.

“Fiquei traumatizada, achei que tinha passado alguma doença para ela. Tive que me mudar do Rio, por um ano. Quando tive meu segundo filho, três anos depois, não dormia a noite toda, com medo que ele também morresse”, lembra Marileide.

Quinze anos, uma surpresa: o casal recebe intimação para exame de paternidade. “Tomamos um susto. Fomos chamados pela Defensoria de São João de Meriti apesar de nunca termos ido lá”, conta Marileide.

O pedido partiu de Simone Bandeira da Silva, mãe de criação de Tamara. Quatro ano antes, quando a menina tinha 11 anos, pediu para ter o nome do pai na certidão de nascimento. Exame de DNA revelou que nem ele nem ela eram os pais verdadeiros.

“No mesmo dia que nos vimos, no exame de paternidade, sabia que ela era minha filha. No dia seguinte ela já estava passando o final de semana na minha casa. E três meses depois, após seus 15 anos, ela decidiu vir morar comigo”, contou a dona de casa.

O DIA ONLINE

Número de países que adotam a pena de morte cai, mas execuções aumentam, diz Anistia


Cada vez menos países utilizam a pena de morte, mas o número de execuções aumentou para um nível alarmante, sobretudo no Irã e na Arábia Saudita, indica o relatório anual da ONG de direitos humanos Anistia Internacional sobre a utilização da pena capital ao redor do mundo.

De acordo com a organização, 676 pessoas foram executadas em 20 países em 2011, um aumento de 149 em relação ao ano anterior. Irã, Arábia Saudita, Iraque, Estados Unidos e Iêmen encabeçam a lista, sendo os responsáveis pela grande maioria das sentenças.

Há indícios de que a China seja o país com o maior número de execuções, ultrapassando os milhares, porém as estatísticas não são divulgadas pelo governo. "A China executa mais prisioneiros do que todos os outros países do mundo somados, aos milhares, mas não temos informações concretas porque os números são escondidos".

Além disso, 18.750 prisioneiros são mantidos no corredor da morte em todo o mundo.

Para Jan Wetzel, especialista da Anistia Internacional em pena de morte, os resultados da pesquisa são preocupantes.

"O grupo dos países que usa a punição capital diminuiu, mas dentro desse grupo, uma minoria de países está aumentando muito as sentenças", disse.

Estrangeiros

Ele destaca ainda o caráter global do assunto, e diz que entre os condenados estão muitos estrangeiros, o que preocupa a entidade.

Dois casos de brasileiros condenados à prisão perpétua ganharam bastante publicidade nos últimos anos, ambos presos na Indonésia.

O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte e o carioca Marco Archer Cardoso Moreira estão detidos no arquipélago do sudeste asiático por tráfico de cocaína e aguardam no corredor da morte.

Um apelo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colega indonésio Susilo Bambang Yudhoyono não foi o bastante para que a decisão fosse revertida por meio de um perdão presidencial – a única saída para que os dois evitem um pelotão de fuzilamento.

Imigrantes

Segundo o Itamaraty, em 2010 (dados mais recentes) 2.659 brasileiros estavam presos no exterior, cumprindo pena ou aguardando julgamento.

De acordo com a Anistia Internacional os imigrantes que buscam trabalho em países como Arábia Saudita e Malásia estão entre os que mais enfrentam dificuldades.

"A maioria é muito pobre. Jamais terão atenção diplomática ou a oportunidade de um apelo de seus presidentes. Muitos não entendem o idioma dos tribunais e não podem contratar um advogado", diz Jan Wetzel.

EUA

Wetzel avalia que os Estados Unidos estão cada vez mais isolados entre as nações desenvolvidas por serem um dos únicos a usarem este tipo de pena, e que, embora a sociedade americana apresente grande polarização entre críticos e defensores da pena de morte, a tendência das última década é em direção à extinção da pena capital.

"Há discussões, mas eles estão reconsiderando. O Estado de Illinois aboliu, e hoje temos um terço de execuções a menos do que em 2001", diz.

Dos 50 Estados americanos, 34 ainda mantêm a pena capital e 16 já aboliram.

Para o especialista, existe até um aspecto econômico que deve passar a ser levado cada vez mais em conta.

"Custa mais caro para o governo executar alguém do que usar a prisão perpétua. Num caso de pena de morte, há ao menos oito recursos, e o julgamento dura em média 13 anos. Já no caso de prisão perpétua, o Estado gasta menos", afirma.

BBC Brasil

Corpo de bebê esquecido em carro vai para presídio


Pai da criança está preso e quer se despedir do filho; mãe foi presa em flagrante

O corpo do bebê de um ano que foi encontrado morto dentro do carro da família na garagem da casa em Aparecida de Goiânia, Goiás, será levado para o presídio da cidade para que o pai, que cumpre pena, possa ver a criança. O diretor da unidade informou que o pai cumpre pena em regime fechado por tráfico de drogas e que ele não deixou o presídio por um pedido da família e decisão judicial.

Os familiares paternos do bebê conseguiram uma autorização no IML (Instituto Médico Legal). Depois de deixar o presídio, o menino deverá ser levado para a cidade de Itumbiara, no interior de Goiás, onde será enterrado. A data e o horário do sepultamento ainda não estão confirmados.

Mãe esquece bebê em carro e criança morre

O menino foi esquecido pela mãe no veículo na última terça-feira (27). Segundo a polícia, ele ficou cerca de quatro horas debaixo de sol e com os vidros do carro fechados. A morte foi causada por asfixia.

Enquanto funcionários do IML retiravam o corpo do local, os vizinhos foram para o portão da casa. A mãe da criança, Andressa do Prado, foi presa em flagrante e teve de sair escoltada pela polícia para não ser agredida.

Cadeira com sensor avisa se pai esquece bebê dentro do carro

Na delegacia, ela, que é garota de programa e vendedora, disse que costumava deixar a criança brincando no carro.

- Ele gostava. Eu entrei, fui tomar banho, deitei na cama um pouquinho, fiquei jogando no celular e adormeci. Quando eu acordei, com o meu marido me chamando e dizendo que ele estava morto.

O pai da criança, que está preso, mandou uma mensagem por celular dizendo que Andressa conseguiu o que queria. O homem, que disputava a guarda da criança, disse que ela já havia tentado matar o menino antes, em uma banheira.

R7

Morre o escritor Millôr Fernandes


Autor morreu em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
Ele teve falência múltipla dos órgãos, segundo filho
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O escritor carioca Millôr Fernandes morreu, às 21h desta terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho do escritor, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. Millôr tinha dois filhos, Ivan e Paula, e um neto, Gabriel. Ele foi casado com Wanda Rubino Fernandes. De acordo com sua certidão, Millôr nasceu no dia 27 de maio de 1924, embora ele dissesse que a data correta era 16 de agosto do ano anterior.

De acordo com a família, o velório está marcado para esta quinta-feira (29), das 10h às 15h, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Em seguida, o corpo será cremado numa cerimônia só para a família.

Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.

Nascido no bairro do Méier, Millôr sempre fez piada em relação ao seu registro de nascimento. Costumava brincar que percebeu somente aos 17 anos que o seu nome havia sido escrito errado na certidão: onde deveria estar Milton, leu “Millôr” (o corte da letra “t” confundia-se com um acento circunflexo, e o “n” com um “r”). Seja como for, gostou do novo nome e o adotaria a partir de então. “Milton nunca foi uma boa escolha”, comentaria anos mais tarde, durante uma entrevista. A data de nascimento também não estaria correta: em vez de 27 de maio de 1924, ele teria nascido em 16 de agosto do ano anterior.

Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, Millôr foi um raro artista que obteve grande sucesso, de crítica e público, em todas as áreas em que se atreveu trabalhar. Ele, que se autodefinia um “escritor sem estilo”, começou no jornalismo em 1938, aos 15 anos, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, então uma pequena revista. Ele retornou à publicação em 1943 ao lado de Frederico Chateaubriand e a tornou um sucesso comercial. Lá, criou a famosa coluna “Pif-Paf”, que também teria desenhos seus.

Em 1948, viajou para os Estados Unidos e conheceu Walt Disney. “Nessa época eu ainda acreditava que Disney sabia desenhar. Só mais tarde, lendo sua biografia, aprendi que até aquela assinatura bacana com que ele autentica os desenhos é criação da equipe”, provoca, na autobiografia que escreveu em seu site. No ano seguinte, Millôr assinou seu primeiro roteiro cinematográfico, “Modelo 19", e já foi logo agraciado com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, criado na década seguinte.

O início dos anos 50 seria importante na vida do autor, tanto pessoal quanto profissionalmente. Na companhia do também escritor Fernando Sabino, fez uma viagem de carro pelo Brasil, com duração de 45 dias. Em 1952, seria a vez da Europa, por onde permaneceria quatro meses. Um ano depois, veria a estreia de sua primeira peça de teatro, "Uma mulher em três atos", no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo.

E foi no teatro, como dramaturgo, que Millôr mais colecionou prêmios. Como em ”Um elefante no caos”, em 1960. Anos depois, diria em seu site: “Foi transformada num excelente espetáculo pela genial direção de João Bittencourt. Uma das poucas vezes que um diretor melhorou um trabalho meu”.

Também no teatro foi um tradutor prolífico e importante. Clássicos como “Rei Lear”, de William Shakespeare, a moderna “As lágrimasaAmargas de Petra von Kant”, de Fassbinder, ou o musical Chorus Line, de James Kirkwood e Nicholas Dante, chegaram aos palcos brasileiros através de suas mãos. "Ao traduzir é preciso ter todo o rigor e nenhum respeito pelo original”, diria em uma entrevista.

Roteirista
Como roteirista, escreveu mais de uma dezena de textos, dentre eles o longa “Terra estrangeira”, e “Memórias de um sargento de milícias”, adaptação da obra de José Manuel de Macedo produzida pela Rede Globo de Televisão. Também roterizou espetáculos musicais, como o musical “Liberdade liberdade”, escrito em parceria com Flávio Rangel, e “Do fundo do azul do mundo”, ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio.

Recebeu uma homenagem durante o carnaval carioca de 1983, quando foi samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego, de Niterói (RJ). Millôr, inclusive, compareceu ao desfile.

Dentre os veículos de imprensa, colaborou ainda com artigos e crônicas nos jornais “O Correio Brasiliense”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de São Paulo”, “O Diário Popular”, “Correio da Manhã”, “O Dia”, “Folha da Manhã” e “Diário da Noite”. Para internet, criou o site “Millôr Online”, sobre o qual diria posteriormente: “Se eu soubesse o que atrai tanta gente, nunca mais faria de novo”.

E, como bom roteirista, ainda escreveria sobre a própria vida: "Meu destino não passa pelo poder, pela religião, por qualquer dessas entidades idiotas. Meu script é original, fui eu quem fez. Por isso não morro no fim".

Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.

G1

segunda-feira, 26 de março de 2012

CPI do Tráfico de Pessoas investiga mais de 700 sites de aliciamento de adolescentes


Em apenas um ano, a Safernet, entidade especializada no enfrentamento aos crimes e violações aos direitos humanos na internet, registrou 707 sites de aliciamento e tráfico de pessoas, por meio de denúncias. O relatório (realizado de abril de 2010 a maio 2011) foi encaminhado para a CPI do Tráfico de Pessoas. “A internet é uma grande vitrine para o recrutamento de meninos para a exploração sexual, uma ferramenta para escolher potenciais vítimas”, afirma Thiago Tavares Nunes, diretor presidente da Safernet. “Um dos maiores desafios é conseguir indicadores sobre o tráfico de pessoas gerado pela internet, que parece invisível, porque quase não há documentação sobre o número de rotas e o modo de operar das quadrilhas”.

O especialista cita o caso do aliciamento de meninos que são levados do Nordeste para serem comercializados em São Paulo e em outros países. Para adolescentes vindos de cidades pequenas onde os meninos homossexuais são espancados e excluídos, muitas vezes fazer parte de uma rede de exploração sexual parece um sinal de libertação. “Muitas vezes, entram sem saber que servirão a uma rede criminosa, porque as propostas não são explícitas, pensam apenas que poderão exercer livremente sua sexualidade e acabam entrando num mercado de comércio sexual”, diz o psicólogo Rodrigo Nejm, coordenador da Safernet. “Não é culpa da internet o que está acontecendo, mas da forma como a estrutura criminosa a está utilizando como facilitadora para aliciamentos”, frisa.

Ele cita que, as estratégias para conseguir vítimas são as mais variadas. Recentemente, uma rede especializada em pornografia infantil, com site, se passou por agência de modelos gospel, enviando pessoas que se diziam agentes sociais da Igreja para conseguir aprovação das famílias. Há até casos, investigados em segredo de justiça, de meninos e meninas que acabam entrando em um sistema de escravidão sexual, tornando-se refém com o passaporte confiscado.

Muitas agências de fachada estão no Orkut e outras redes sociais para recrutar adolescentes com promessas de desfiles e campanhas de modelos. Há casos de meninas de classe média, que começam induzidas por amigas que já fizeram programa para comprar uma calça de marca, um perfume mais caro, que não conseguem com a mesada do pai.

Além das promessas de carreira internacional, os adolescentes, principalmente de mais baixa renda, recebem também falsas propostas de casamento. Há também o recrutamento para trabalhar em cruzeiros na Europa com a promessa de ganhar quantias bem acima do mercado.

Segundo diretor da Safernet, Thiago Tavares, não é tão simples tirar uma página de pornografia infantil do ar, especialmente quando o provedor é internacional, porque há necessidade de cooperação de outro país, onde muitas vezes há conflito de leis. “A gente luta contra a falta de estrutura, a repressão a este tipo de crime vem ganhando corpo, mas está longe do ideal”, diz Thiago. “O número de policiais exclusivos para o tráfico de pessoas é muito pequeno e existe uma demanda por melhor estrutura”.


Fonte: Childhood Brasil

promenino

Marido diz que polícia não tem provas contra mulher suspeita de fazer parte da gangue das loiras


Ele quer provar a inocência da esposa com cartões de ponto do trabalho em Curitiba

O marido de Carina Vendramini, a mulher que teria uma vida dupla e é uma das suspeitas de fazer parte da gangue das loiras, afirma que a polícia de São Paulo não tem provas suficientes contra sua esposa. Para ele, é impossível que a mulher pratique roubos em São Paulo e, ao mesmo tempo, more e trabalhe em Curitiba.

- Ninguém vai pra São Paulo, comete um crime, volta e faz janta. Isso é impossível.

Ele quer provar para a polícia que a mulher é inocente e está sendo confundida com a irmã, Vanessa, que é muito parecida com Carina. Segundo o marido, cartões de ponto e imagens de Carina no trabalho foram entregues para os policiais, com objetivo de mostrar que nos dias dos supostos sequestros a mulher estava trabalhando.

Carina foi a primeira a ser presa, depois de ser reconhecida por testemunhas em fotos. Segundo a polícia, ela teria uma vida dupla, pois morava e trabalhava em Curitiva, mas praticava roubos e sequestros em São Paulo. A gangue é especializada em furtos e sequestros relâmpagos.

De acordo com a polícia, o líder da quadrilha seria Vagner de Oliveira Gonçalves. Ele liderava seis mulheres, entre elas Carina e a irmã, Vanessa. Para o delegado responsável pelo caso, Alberto Matheus Jr., Carina é uma das integrantes da gangue.

- Essa moça vem periodicamente ao Estado de São Paulo, pratica crimes aqui e retorna. E o marido não tinha conhecimento.

Prisão

Wagner Dantas da Silva, outro suspeito de suspeito de fazer parte da gangue, foi detido na sexta-feira (23) em São Paulo. Sua prisão ocorreu após uma vítima de um de seus crimes reconhecê-lo pela televisão. Pelo menos 50 sequestros

A polícia de São Paulo disse já ter identificado ao menos 50 sequestros-relâmpagos que teriam sido cometidos pelas integrantes da gangue das loiras. O grupo foi descoberto após dois meses de investigação, segundo o DHPP.

Os crimes teriam sido cometidos em estacionamentos de shoppings e supermercados da capital e Grande São Paulo. Ainda de acordo com a polícia, no momento em que a pessoa chegava para colocar as compras no carro e estava distraída, era abordada pelo chefe da gangue e uma das assaltantes.

Vida dupla

A quadrilha foi descoberta após a prisão de Carina, também foi flagrada por câmeras de segurança cometendo um roubo. Ela surpreendeu a polícia por ter uma vida dupla.

O bando começou a agir em 2008. Ainda de acordo com a polícia, o suposto chefe da quadrilha se referia às parceiras do crime pela alcunha de uma dupla de criminosos americanos famosos, Bonnie e Clyde. A dupla inspirou um filme de mesmo nome, que foi assistido pela quadrilha e inspirou o grupo.

R7

Doze pessoas são baleadas em festa de música eletrônica no DF


Médicos dizem que vítimas não correm risco de morte.
Segundo a polícia, cerca de cem pessoas participavam do evento.


Uma festa de música eletrônica terminou com 12 pessoas baleadas na madrugada desta segunda-feira (26), no condomínio Pôr do Sol, em Ceilândia, no Distrito Federal.

Nove pessoas estão internadas no Hospital de Ceilândia, duas em Taguatinga e uma em um hospital particular. Os médicos disseram que nenhuma delas corre risco de morte.

A estudante Helica Feitosa foi atingida no tórax e no joelho e disse que não sabia o motivo, mas contou que dois rapazes foram os autores dos disparos.

“Eu estava no meio do fogo cruzado e não sei o que aconteceu. Eles começaram a atirar e eu estava bem no meio, uma pessoa na frente e outra atrás. As pessoas ficaram desesperadas”, conta.

A perícia chegou a vasculhar o lixo da festa em busca de pistas que pudessem ajudar nas investigações. Muitas garrafas e latas de bebida alcoólica foram encontradas no salão.

A cozinheira Miriam Ferreira disse que o filho soube da festa por uma rede social. “Ele falou que era uma festa rave. Eles compraram uma pulserinha para essa festa que foi divulgada pela internet”, conta.

A polícia informou que aproximadamente cem pessoas participaram do evento, inclusive um adolescente. O dono do salão disse que tinha alugado o local para uma festa de aniversário. A Polícia Civil também vai investigar se o local da festa tinha alvará de funcionamento.

G1

domingo, 25 de março de 2012

Orgulho de construir futuro


Professora ensina meninas detentas com ajuda de jogos de Lego e criação de vídeos

Rio - De bloco em bloco, a professora Sandra Maria Saragoça, 43 anos, ensina meninas infratoras a construir um futuro melhor. Elas cumprem medidas socioeducativas em regime de internato no Colégio Estadual Luiza Mahin, no Educandário Santos Dumont, na Ilha. Ano passado, a educadora foi homenageada pela Comissão de Educação e Cultura do Senado por ter levado o Brasil a conquistar pela primeira vez o prêmio mundial Microsoft de Educadores Inovadores, com o projeto ‘Educação além dos muros’.

Usando peças de Lego, as adolescentes produzem curtas de animação para auxiliar no ensino de Matemática, Ciências e Português. “Estou feliz por ter conseguido conscientizá-las do quanto são capazes”, diz Sandra. Por sua atuação social, ela recebeu a 40ª medalha Orgulho do Rio, concedida por O DIA a pessoas que contribuem para um Rio melhor.

Aplaudida pelas alunas, Sandra, 22 anos de magistério, agradeceu a homenagem, emocionada. “Graças ao reconhecimento e à credibilidade do projeto, conseguimos autorização dos juízes para levar as meninas a outras escolas”.

Em 2009, Sandra teve a ideia de fazer filmes de animação educativos, com a técnica ‘stop motion’ : imagens quadro a quadro de objetos parados, dando a impressão de movimento. Muitas alunas nunca haviam usado computador. A Lego doou 20 mil peças. Prontos os vídeos, conseguiram autorização do juiz para que pudessem exibi-los em outras escolas como palestrantes. “Uma das meninas me abraçou e disse: ‘professora, nunca imaginei que pudesse ensinar alguma coisa para alguém’”.

Cerca de 600 meninas participaram das oficinas em três anos. Muitas são moradoras de ruas ou abrigos, estão em tratamento psiquiátrico e são viciadas em drogas. “É difícil fazer com que se concentrem. Com os filmes, elas aprendem brincando”, diz Sandra, que se emociona nas despedidas: “Uma me disse que se tivesse esse trabalho no abrigo, não faria mais nada de errado.”

Transformações diárias nas alunas

O maior desafio de Sandra é implantar o projeto sabendo que a permanência das internas é temporária. “Isso me frustra por não dar conta de tudo. Tento fazer com que cada dia meu ali dentro possa provocar uma pequena transformação naquelas meninas”, diz a professora.

Sandra acredita que ser professora é ser capaz de mudar a realidade das alunas e fazer com que sonhem com um futuro melhor: “Para muitas delas, que vieram das ruas, foi preciso estar numa prisão para conhecer uma nova vida e ter chance de mudar”.

O DIA ONLINE

Dois meses depois de desabamento no Rio, inquérito segue sem previsão de encerramento


Dois meses após o desabamento de três prédios no centro do Rio, ainda não há previsão para fim do inquérito policial que apura as causas do acidente. As vítimas estão perdendo a esperança de recuperar bens perdidos, mas conquistaram seus primeiros benefícios junto ao poder público.

De acordo com a Associação das Vítimas da Avenida Treze de Maio, o prefeito Eduardo Paes baixou, neste mês, um decreto concedendo suspensão dos tributos municipais para os atingidos pelo episódio durante seis meses (35.228, de 12 de março).

Além disso, as vítimas deverão ter acesso a empréstimos com condições especiais, com repasse de recursos do BNDES, de acordo com o presidente da associação criada para dar suporte a elas, o advogado Otávio Blatter.

Segundo Blatter, o empréstimo foi negociado com a Secretaria estadual de Finanças, atendendo a pedido da prefeitura, que intercedeu após uma audiência do grupo com Eduardo Paes em fevereiro. Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas a associação enviou nesta semana à secretaria a lista de empresas interessadas.

"Ao que tudo indica, o empréstimo será a longo prazo e a juros extremamente baixos para possibilitar a recuperação das empresas", afirma o advogado, do escritório Blatter e Galvão, que ficava no 13º andar do prédio mais alto que desabou.

Recomeço 'precário'

Na noite de 25 de janeiro, três prédios desmoronaram na Avenida Treze de Maio, na Cinelândia, centro do Rio, logo atrás do Teatro Municipal - os destroços atingiram também a bilheteria do teatro.

Os desabamentos mataram 22 pessoas, das quais cinco continuam desaparecidas. Dezessete corpos foram identificados, mas exames de DNA feitos com restos mortais encontrados nos escombros ainda não identificaram os demais.

Nos três prédios funcionavam empresas, escritórios, cursos, consultórios, lojas. As empresas perderam documentos, arquivos, equipamentos e toda a estrutura que tinham, afirma a advogada Simone Argolo Andres, diretora institucional da associação,

"As empresas estão tentando se reerguer. Perdemos todo nosso equipamento de trabalho de forma inesperada e brutal. Todo mundo está procurando um cantinho para se instalar. O recomeço está sendo precário para a grande maioria", afirma.

Ela diz que a linha de crédito que está sendo negociada será importante para que as empresas possam seguir com suas atividades sem demitir funcionários. A situação se torna mais difícil porque nenhum seguro vai dar cobertura ao evento, ressalta.

Material perdido

Após os desabamentos, os escombros foram levados para uma área da companhia de lixo do Rio, a Comlurb, na rodovia Rio-Petrópolis. Uma empresa foi contratada para fazer o trabalho de triagem dos detritos.

De acordo com a prefeitura, no processo já foram encontrados documentos, cartões de crédito, fotografias, pen drives, discos de memória, objetos de escritório e outros bens pessoais. O material está sendo catalogado para que as pessoas tenham acesso ele após o processo.

Simone afirma que as vítimas não têm muita esperança de recuperar documentos e equipamentos importantes. Ela lamenta que o trabalho não tenha sido conduzido de forma diferente nas primeiras semanas após o desabamento, com uma triagem inicial antes de remover o material.

Se o trabalho tivesse sido feito de outra forma, nós teríamos recuperado bastante coisa. Mas os escombros já foram muito mexidos, e estão a céu aberto, sob sol, sob chuva. Cada dia que passa fica mais distante a possibilidade de a gente resgatar alguma coisa inteira", diz ela.

Muitos dos documentos encontrados estão apagados, afirma, e muitos objetos de valor ainda não foram achados. "O cofre do nosso escritório não apareceu, assim como vários outros cofres, e bolsas têm sido encontradas abertas, sem nenhum objeto dentro."

Investigações

Logo antes de o episódio completar dois meses, na semana passada, o inquérito policial que apura suas causas foi transferido da Polícia Civil para a Polícia Federal.

Como o desabamento danificou também um patrimônio de competência federal - o Teatro Municipal, tombado pelo Iphan - cabe à PF apurar as causas, explica o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF.

Nesta semana, Scliar recebeu os dois volumes com cerca de 500 páginas com a apuração que havia sido feita até agora pelo delegado Alcides Alves Pereira, da 5ª Delegacia de Polícia.

Pereira havia ouvido mais de 60 testemunhas, entre pessoas que trabalhavam no prédio, que prestavam serviço no local, que trabalhavam nas obras em andamento, que viram o desabamento ou parentes de vítimas fatais.

Nos próximos dias, afirma Scliar, será possível fazer uma estimativa de quanto tempo levará para concluir o processo.

Causas e danos

A principal suspeita levantada após os desabamentos é de que o Edifício Liberdade - o mais alto dos três e primeiro a cair - tinha problemas estruturais, e que estes poderiam ter sido causados por obras que estavam sendo realizadas no edifício.

"Mas não sabemos se as obras que estavam sendo realizadas no 9º andar (do Edifício Liberdade) foram decisivas para isso ou se foram mais um dos fatores dentre outros que em 40 anos podem ter contribuído para o desmoronamento do prédio", afirma Scliar. "Esta é uma questão fundamental deste inquérito", afirma.

O Conselho Regional de Agronomia (Crea-RJ) também tem um grupo de trabalho com especialistas trabalhando no assunto.

De acordo com o presidente da entidade, Agostinho Guerreiro, as obras que estavam sendo realizadas no Edifício Liberdade continuam sendo a principal hipótese para explicar o acidente.

"O indicador maior são as obras atuais (que vinham sendo realizadas no edifício), mas não podemos descartar obras anteriores. É preciso entender se o desabamento aconteceu a partir das obras recente, ou se elas podem ter sido um gatilho final diante de fragilidades acumuladas ao longo do tempo na estrutura", diz.

De acordo com o advogado Otávio Blatter, as empresas e pessoas prejudicadas aguardam os resultados dos inquéritos para propor ações cíveis por danos materiais e morais.

"Todos os que tiveram prejuízo vão propor uma ação cível. Pretendemos mover uma ação coletiva pela associação. Estamos aguardando a apuração dos fatos", afirma

BBC Brasil
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